BOM
DEMAIS
J. Michiles
Eu tenho mais que tá nessa
Fazendo mesura na ponta do pé
Quando o frevo começa
Ninguém me segura
Vem ver como é
O frevo madruga
Lá em São José
Depois em Olinda
Na Praça do Jacaré
Bom demais, bom demais
Bom demais, bom demais
Menina vem depressa
Que esse frevo é bom demais
Bom demais, bom demais
Bom demais, bom demais
Menina vamos nessa
Que esse frevo é bom demais
BALALAICA
Música Alceu
Valença/Maiakovski - adaptação: Augusto de Campos
Balalaica
[Como um balido abala]
A balada do baile de gala
Abala [com balido]
[A gala do baile]
louca a bala
laica
BALANCIÊ
Herbert Azul/Alceu
Valença
Balanciê, balanciê, balanciê
Balanciê, balanciê, balanciê
Nosso amor tem sabor de pecado
De juá, de cajá, de caju
Moreninha do baque virado
Ninguém mexe melhor do que tu
Ai, balanciê, a rede viu, meu bem
O amor é isso, vai e vem
E chamego e balanço de rede
Só atende o chamego que tem
BLUE BAIÃOAlceu Valença
Cadê Delminha? E meus amigos?
A cada passo olho prá trás
Ando perdido nessa cidade
Em cada esquina sou um a mais
Eu sou um rosto qualquer
eu sou qualquer cidadão
Tenho um mapa da cidade
e me perco sem razão
Lindo é o Rio de Janeiro
bem que vim morar aqui
E a saudade me sangrando
com talho de bisturi
Tenho dois rios correndo
no leito de minhas veias
Entro em meu quarto e desato
meus sapatos, tiro as meias
Destilando minhas penas
Dedilhando o violão
No meu quarto de Ipanema
Eu compus um blue baião.
BOUQUET PARA UMA ROSA, UM
(Alceu Valença, baseado em canções folclóricas
de Alagoas e de Pernambuco)
Mandei fazer um
Bouquet pra minha
Amada
Mas sendo ele de
Bonina disfarçada
Como o brilho da
Estrela matutina
Adeus, menina, linda
Flor da madrugada
A rosa vermelha é
Meu bem querer
A rosa vermelha e
Branca hei de amar
Até morrer
BATENDO TAMBOR
Alceu Valença
Quem dera escutar meu bem me chamar
Batendo tambor
É do baque virado dos apaixonados
Bater o tambor
Escutar meu bem me chamar
Com seu zabumbar que pulsa no peito
Tambores de branco tambores de preto
Batendo tambor
Tambor encarnado tambor coronário
Coração tambor
Tambor de trabalho tambor operário
Martelo tambor
BEIJANDO A FLORA
(Alceu Valença/João Fernando/Carlos Fernando)
Está faltando um grau
Pra meu corpo pegar fogo
Nessa temperatura, menina,
Quem agüenta esse sufoco?
Me diga, morena, o que vamos
Fazer,
Amar, sentir prazer
Fazer,
Amar, sentir prazer
Morena, eu te desejo
Quero um beijo sem demora
Te amo tanto, tanto,
Como um beija-flor a flora
Sou beija-flor,
Dou um beijo e vou embora
BALANÇO DE REDE
João Fernando/Alceu Valença
Querubim já fechou
Morri de sede
Tantas águas rolaram, meu amor
Tantos balanços de rede
No sonho de um sonhador
Quanta água, tanta sede
Quantas ruas, tanto chão
Quantas praias de água verde
Tantas chuvas de verão
Quantas luas, tantas vezes
Quando medo, tantos não
Quantos lábios, tantos beijos
Tantas chuvas de verão
BELLE DE JOUR, LA
Alceu Valença
Eu lembro da moça bonita
Da praia de Boa Viagem
A moça no meio da tarde
De um domingo azul
Azul, era Belle de Jour
Era a bela da tarde
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
Belle de Jour
La Belle de Jour
Era a moça mais linda de toda a cidade
E foi justamente pra ela
Que eu escrevi meu primeiro blues
Mas Belle de Jour, no azul viajava
Seus olhos azuis como a tarde
Na tarde de um domingo azul
Belle de Jour
BORBOLETA
Alceu Valença
Ela é uma borboleta
Pequenina e feiticeira
Anda no meio da noite
Procurando quem lhe queira
Minha camisa
Foi manchada de vermelho
Tem um beijo desbotado
De batom ou de carmim
E a feiticeira
Tem a boca encarnada
E um beijo e uma dentada
Sempre guardados pra mim
Eu procuro a borboleta
Feiticeira, descarada
Pelo batom na camisa
Pela marca da dentada
BALANÇA CORETO
Alceu Valença
Estrela bandeira
Ribeira dos escravos
Leão Coroado
Cordeiro Marrã
São trinta dinheiros
E um cheque visado
E um homem apressado
Com passos de lã
Três beijos roubados
Três padres três freiras
Três moças solteiras
Com mais três irmãs
São trinta dinheiros
E um cheque visado
E um homem apressado
Com passos de lã
Balança coreto
Cordão Encarnado
Um velho safado
Comanda o cancã
São trinta dinheiros
E um cheque visado
E um homem apressado
Com passos de lã
São trinta dinheiros
E um cheque visado
E um homem apressado
Com passos de lã
BICHO MALUCO BELEZA
Alceu Valença
Bicho maluco beleza do Largo do Amparo
Teu estandarte tão raro, Bajado criou
Usando tintas e cores do imaginário
Ai, quantas dores causaste ao teu caçador...
Com teu mistério, teu charme, teu sorriso largo
És o terror da família, não tens compaixão
Em quantas camas deitaste assim por acaso...
Quantas princesas roubaste, maluco vilão...
Ô Ô Ô, Bicho maluco beleza
Ô Ô Ô, Urso maluco beleza
BANHO
DE CHEIRO
Carlos Fernando
Eu quero um banho de cheiro
Eu quero um banho de lua
Eu quero navegar
Eu quero uma menina
Que me ensine noite e dia
O valor do beabá
O beabá dos teus olhos
Morena bonita
Da boca do rio
O beabá das narinas do rei
O beabá da Bahia
Sangrando alegria
Magia, magia dos filhos de Gandhi
O beabá dos baianos
Que charme bonito
Foi o santo que deu
O beabá do Senhor do Bonfim
O beabá do sertão
Sem chover, sem colher, sem comer, sem lazer
O beabá do Brasil.
Luiz Gonzaga/Humberto
Teixeira
Eu vou mostrar pra vocês
Como se dança o baião
E quem quiser aprender
É favor prestar atenção
Morena chega pra cá
Bem junto ao meu coração
Agora é só me seguir
Pois eu vou dançar o baião
Eu já dancei balancê
Xamego, samba e xerém
Mas o baião tem um quê
Que as outras dancas não têm
Oi quem quiser é só dizer
Pois eu com satisfação
Vou dançar cantando o baião
Eu já cantei no Pará
Toquei sanfona em Belém
Cantei lá no Ceará
E sei o que me convém
Por isso eu quero afirmar
Com toda convicção
Que sou doido pelo baião
BOBO DA CORTE
Alceu Valença
Nem todo o beijo é roubado
Nem toda fruta é maçã
Nem todo réu é culpado
Nem toda culpa é cristã
Nem toda carta é marcada
Nem toda lente é ray-ban
Nem toda noite é noitada
Nem toda luz é manhã
Por isso eu exijo respeito
Por teu desmantelo
Teus olhos vermelhos
Se vendo no espelho
E querendo voar
Por isso eu exijo respeito
Por duas palavras
Na boca da noite
Na boca do bobo da corte
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