Alceu Valença
Teu beijo doce
Tem sabor do mel da cana
Sou tua ama, tua escrava
Meu amor
Sou tua cana, teu engenho, teu moinho
Tu és feito um passarinho
Que se chama beija-flor
Sou tua cana, teu engenho, teu moinho
Tu és feito um passarinho
Que se chama beija-flor
Sou rosa vermelha
Ai! Meu bem querer
Beija-flor sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer
Sou rosa vermelha
Ai! Meu bem querer
Beija-flor sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer
Quando tu voas
Pra beijar as outras flores
Eu sinto dores
Um ciúme e um calor
Que toma o peito, o meu corpo
E invade a alma
Só meu beija-flor acalma
Tua escrava, meu senhor
Que toma o peito, o meu corpo
E invade a alma
Só meu beija-flor acalma
Tua escrava, meu senhor
Sou rosa vermelha
Ai! Meu bem querer
Beija-flor sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer
Sou rosa vermelha
Ai! Meu bem querer
Beija-flor sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer
CAIA POR CIMA DE MIM
Alceu Valença
Caia por cima de mim meu bem meu bem
Não fique triste não chore
Você sabe que eu te amo
Por favor não demore
Caia por cima de mim meu bem meu bem
Não fique triste não chore
Você sabe que eu te amo
Por favor não demore
Chegou a hora de você saber
Aquela história que ficou sem fim
Eu sou louco por você
Você é louca por mim
Me dê um beijo na boca meu anjo querubim
Eu sou louco por você
Você é louca por mim
Me dê um beijo na boca caia por cima de mim!
CARNAVAL NA MARIM
Alceu Valença
Morena do mar
Quem foi que chegou?
Sou eu batendo tambor
Morena do mar
Quem foi que chegou?
Sou eu batendo tambor
Saudamos o Boi de Xaxá
Piaba de Ouro e Salú
A festa que vai começar
No baque do maracatu
Morena do mar
Quem foi que chegou?
Sou eu batendo o tambor
Morena do mar
Quem foi que chegou?
Sou eu batendo o tambor
Trazemos Erasto e Naná
Viola, Mamão, Edwin
Aninha, Luquinha, Waldir
Já é carnaval na Marim
Morena do mar
Quem foi que chegou?
Sou eu batendo tambor
Morena do mar
Quem foi que chegou?
Sou eu batendo tambor
Saudamos o Boi de Xaxá
Piaba de Ouro e Salú
A festa que vai começar
No baque do maracatu
Morena do mar
Quem foi que chegou?
Sou eu batendo o tambor
Morena do mar
Quem foi que chegou?
Sou eu batendo o tambor
Trazemos Erasto e Naná
Viola, Lulu, Edwin
Aninha, Luquinha e Waldir
Já é carnaval na Marim
CHEGADA DO QUIABO, A
Alceu Valença
Traz sais, traz sais, traz
sais
O velho chegou agora
Traz sais, traz sais, traz sais
O velho chegou agora
Estou chegando de Cuba, ai, ai
Com minha manjuba de fora
COMO
UM ANJO QUERUBIM
Alceu Valença
Quando você foi embora
Minha princesa senhora
De tudo que há em mim
Soprou a flor do desejo
O vento e seu realejo
Como um anjo querubim
Desmantelou minhas horas
Tomando conta do agora
Era o princípio do fim
Deixando sobra e sobejo
Vermelho beijo no espelho
Como um anjo querubim
CASAMENTO DA RAPOSA COM O ROUXINOL
Alceu Valença
Ela sempre teve medo
Dos pingos da chuva
E ele sempre teve medo
Dos raios do sol
E ele sempre teve medo
Do sol, da chuva
Do casamento da raposa com o rouxinol
E ele sempre teve medo
De abrir a boca
Ela sempre teve medo
De perder a voz
Ele sempre teve medo
De mirar a louça
Quebrar a mesa
E não poder voltar atrás
Ele sempre teve medo
Dois raios da chuva
E ela sempre teve medo
Dos pingos do sol
E ele sempre teve medo
Do sol, da chuva
Do casamento da raposa com o rouxinol
E ele sempre teve medo
De abrir a boca
Ela sempre teve medo
De perder a voz
Ele sempre teve medo
De mirar a mesa
Quebrar a louça
E não poder voltar atrás
CABELOS LONGOS
Alceu Valença
Eu desconfio dos cabelos longos
De sua cabeça
Se você deixou crescer
De um ano pra cá
Eu desconfio dos cabelos longos
Eu desconfio de sua cabeça
Eu desconfio no sentido estrito
Eu desconfio no sentido lato
Eu desconfio dos cabelos longos
Eu desconfio é do diabo a quatro
Do diabo a quatro...
CIRANDA DE MÃE NINA
Alceu Valença
Foi numa ciranda
Na estrada de Paulista
Lá pras bandas de Olinda
Laço branco no cabelo
Da menina Severina
Da menina Severina
Navegando no seu corpo
Emoldurado pela chita
Com seu corpo navegando
No terreiro de Mãe Nina
Com seu corpo navegando
No terreiro de Mãe Nina
Ô cirandeiro, ô cirandeiro
Onde anda aquela estrada
De Paulista ou de Olinda?
Onde laço onde fita
Lenço branco da menina?
Onde a voz do cirandeiro?
Veste chita Severina?
Onde anda meu irmão?
A ciranda se acabando
O sol mordendo a madrugada
No compasso da lembrança
Eu aqui sem esperança
Sem ciranda ou cirandá
Ô cirandeiro, ô cirandeiro
Vim do Recife
Um rapaz me perguntou
Se na ciranda que eu vou
Se tinha muitas morenas
Eu disse tem
Dessas morenas, mulata
Dessas que a morte mata
E depois chora com pena
CABELO NO PENTE
Vicente Barreto/Alceu Valença
Andei pisando pelas ruas do passado
Criando calo no meu caminhador
Dançando um xote,
Tropecei com harmonia
Na melodia de "Pisa na Fulô"
Andei passando como as águas como o vento
Como todo sofrimento que enfim me calejou
terei futuro deslizando no presente
Como o cabelo no pente que penteia meu amor
CASACA DE COURO
(Alceu Valença)
O meu amor casaca de couro
Foi chegando lentamente
Foi chegando passo a passo
Vinha em câmara lenta
Projetada quadro a quadro
Na boca trazia um beijo
E a maçã do desejo
Coração escancarado
O meu amor casaca de couro
Devagar abriu a porta
E eu estava apaixonado
Foi futuro e foi presente
Foi particípio passado
Na boca trazia um beijo
E a maçã do desejo
Coração escancarado
Meu amor casaca de couro
Corte brusco pra avenida
Os sinais estão fechados
Uma égua campolina
Galopava entre os carros
Uma égua campolina
Escondia uma menina
Fugindo do seu cavalo
CAVALO DE PAU
Alceu Valença
De puro éter assoprava o vento
Formando ondas pelo milharal
Teu pelo claro boneca dourada
Meu pelo escuro cavalo-de-pau
Cavalo doido por onde trafegas
Depois que eu vim parar na capital
Me derrubaste como quem me nega
Cavalo doido cavalo de pau
Cavalo doido em sonho me levas
Teu nome é tempo vento vendaval
Me derrubaste como quem me nega
Cavalo doido cavalo de pau
CARNAVAL DA MINHA JANELA, O
Alceu Valença
O verão está chegando
E com ele o carnaval
Salve Piaba de Ouro
meu maracatu rural
Salve Olinda portuguesa
E Maurício de Nassau
Paixão pelo Pernambuco
Pelo P de Portugal
Por Olinda, por Holanda
Por Maurício de Nassau
Pelo Recife, magia nos
dias de carnaval
CORAÇÃO BOBO
Alceu Valença
Meu coração tá batendo
Como quem diz não tem jeito
Zabumba, bumba esquisita
Batendo dentro do peito
Teu coração tá batendo
Como quem diz não tem jeito
O coração dos aflitos
Batendo dentro do peito
Coração Bobo, Coração Bola
coração balão, Coração São João
A gente se ilude dizendo
Já não há mais coração
CANA CAIANA
Alceu Valença
Pernambuco
Da cana caiana
Do verde imburana
Do cajá do mel
Se destina vida Severina
A moer na usina o
Amargor do fel
Pernambuco dos olhos
De Holanda
Do negro luanda
Cheirando a bangüê
Se destina vida Severina
A moer na usina, remoer
Moer
No remoer de sol a sol
Para mover velho bangüê
Remoer fazer forró
Arrasta-pé no Massapê
CHEIRO DA SAUDADE
Alceu Valença
Quando te lembras
Do cheiro de minha carne
Cheiro de mares
Cheiro de bares
Do Bar do Trevo
E tuas ventas
Sentem o cheiro da saudade
Quintais, pomares
Cheiro do cravo
Dos meus cabelos
Te dá vontade
De beijar a minha boca
E ficas louca
Como quem arde
Tu não te lembras
Que o meu cheiro
Acelera o coração
É feito lança
É flor-de-cheiro
É como brilho
Da paixão
CORDÃO DO RIO PRETO
Alceu Valença
...E as morena na jinela
divertindo os carnavá.
Eita, sofrê
Ê, tanto pená
Morena na jinela
Divertindo os carnavá
Rio Preto vai passado
Pra que tanto carnaval
Pra que ter que se ir em frente
Depois do ponto final?
Rio Preto se arrastando
Pra que tanto carnaval
Pra que ter que se ir em frente
Depois do ponto final?
Estandarte desbotado
Alegria disfarçada
Dez mil réis daquela rifa
Rio Preto nas calçadas
Olha o passo de Nezinha
Pulando numa perna só, só, só
E o Cordão do Rio Preto
Na garganta dá um nó
E Sá Maria das Dores
Rio preto, ai que dó
Ai, que lindo Rio Preto
Ai, que tempo tão atrás
...E as morena na jinela
Divertindo os carnavá
CHUTANDO PEDRAS
Alceu Valença
Se ela quisesse
Sair comigo
Chutando pedras
Latas de lixo
Se ela pusesse
Tudo de lado
Seu lenço branco
Seu resfriado
Mas as pessoas
Sem querer se escondem
Muito mais longe
Da linha do olhar
São barcos brancos
Com medo do vento
Do movimento
Das ondas do mar
Das ondas do mar...
CAMBALHOTAS
Alceu Valença
O meu verso dá pulo e cambalhotas quando te vê
Porque você é meu único e definitivo poema
Daí meus dedos batucarem ritmos
Escrevendo teu nome, tatuando teu peito
Pra marcar em ti minha presença
E depois de acrobata o meu verso vira mágico
E eu vou tirar da cartola sete notas musicais
E tem mais:
Passarinho do dia como canário
Passarinho da noite como bacurau
E caminharemos pela rua do Amparo
Sob a lua de São Jorge
Nos protegendo do mal
CINCO SENTIDOS
Alceu Valença
Pelos meus olhos passaram,
Passaram moças lindas, ruas sem fim
Ponta de pedra e as águas do Bituri
Na minha boca passaram
Passaram carnes tenras, fruta comi
Língua vermelha mel de abelha bebi
Pelos ouvidos passaram
A voz do rádio, sabiá, bem-te-vi
E o vento música nos pés de capim
Pelas narinas passaram
Ruas de Olinda, a noite cheira a jasmim
Um cheiro doce em teus cabelos senti
Pelos meus dedos passaram
Teu corpo em pelo e teus cabelos senti
Pela morena da cor do sapoti
Ê e passarão, e passarás
CARAVANA
Geraldo Azevedo/Alceu Valença
Corra
Não pare
Não pense
Demais
Repare essas velas
No cais
Que a vida é cigana
É caravana
É pedra de gelo
Ao sol
Degelou teus olhos
Tão sós
Num mar de água clara
CHUVA DE CAJUS
Alceu Valença
Ela virá no verão
Com as chuvas de cajus
Os flamboyants estão sangrando
Nessas tardes tão azuis
Pastores da noite
Meu São Jorge amado
Livrai-me do ódio
Dos apaixonados
Pastores da noite
Meu São Jorge amado
Livrai-me do ódio
Dos abandonados
CHEGO JÁ
Alceu Valença
Eu já chamei você
Você não quis brincar
Pode bater o pé
Pode ficar
O Elefante já vem
Descendo o Amparo, meu bem
E aquela Cobra que sobe
A ladeira com gosto de gás
O Elefante já vem
E Eu Acho é Pouco, meu bem
Segura a Coisa com muito cuidado
Que eu chego já
Segura a Coisa
Que o Chapéu de Bode
Passou desgarrado
Atrás do feitiço
Cheirando a pecado
É com essa menina bonita
Que eu vou
O Elefante já vem
Eu Acho é Pouco, meu bem
Segura a Coisa com muito cuidado
Que eu chego já
Segura a Coisa com muito cuidado
Pra não se queimar
COMO DOIS ANIMAIS
Alceu Valença
Uma moça bonita
De olhar agateado
Deixou em pedaços meu coração
Uma onça pintada
E seu tiro certeiro
Deixou os meus nervos
De aço no chão
Foi mistério e segredo
E muito mais
Foi divino o brinquedo
E muito mais
Se amar como dois animais
Meu olhar vagabundo
De cachorro vadio
Olhava a pintada
E ela estava no cio
Era um cão vagabundo
E uma onça pintada
Se amando na praça
Como os animais
CANTIGA DO SAPO, A
Buco do pandeiro/Jackson
do Pandeiro
É assim que o sapo canta
na lagoa
Sua toada improvisada em dez pés
Tião?, oi, ‘‘fosse’’?, fui,
‘‘Comprasse’’?, comprei, ‘‘pagasse’’?, paguei
Me diz quanto foi:
Foi 500 réis
É tão gostoso morar lá na roça
Numa palhoça perto da beira do rio
Quando a chuva cai o sapo fica contente
Que até alegra a gente com seu desafio.
CIÚME, O
Caetano Veloso
Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
tudo esbarra embriagado de seu lume
dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
só vigia um ponto negro: o meu ciúme
o ciúme lançou sua flecha preta
e se viu ferido justo na garganta
quem nem alegre nem triste nem poeta
entre Petrolina e Juazeiro canta
velho Chico vens de Minas
de onde o oculto do mistério se escondeu
sei que o levas todo em ti
não me ensinas
e eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
mas, na voz que canta tudo ainda arde
tudo é perda, tudo quer buscar, cadê
tanta gente canta, tanta gente cala
tantas almas esticadas no curtume
sobre toda estrada, sobre toda sala
paira, monstruosa, a sombra do ciúme
CHORANDO
E CANTANDO
Geraldo Azevedo - Fausto Nilo
Quando fevereiro chegar
Saudade já não mata a gente
A chama continua
No ar, o fogo vai deixar semente
A gente ri e a gente chora
Ai a gente chora
Fazendo noite parecer um dia
Faz mais depois faz acordar cantando
Pra fazer e acontecer, verdades e mentiras
Faz crer, faz desacreditar de tudo
E depois do amor
Ninguém verá os sonhos que eu sonhei
Só você meu amor
Ninguém, verá os sonhos que sonhei
Um sorriso quando acordar
Pintado pelo sol nascente
Eu vou te procurar, na luz de cada olhar mais diferente
Tua chama me ilumina
Me faz virar um astro incandescente
Teu amor faz cometer loucuras
Faz mais
Depois faz acordar chorando, pra fazer e acontecer,
Verdades e mentiras
Faz crer, faz desacreditar de tudo
E depois do amor.
Ayres Viana/Alventino
Cavalcante/João do Vale
A ema gemeu no tronco do juremau
Foi um sinal bem triste, morena
Fiquei a imaginar
Será que é o nosso amor, morena
Que vai se acabar?
Você bem sabe, que a ema quando canta
Traz no meio do seu canto um bocado de azar
Eu tenho medo, morena, eu tenho medo
Pois acho que é muito cedo
Pra essa amor acabar
Vem morena, vem, vem, vem
Me beijar, me beijar
Dá um beijo, dá um beijo
Pra esse medo se acabar
CHÃO DE GIZ
Zé Ramalho
Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
em jornais de folhas, amiúde...
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Disparo balas de canhão
É inútil pois existe um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar quem sabe
Uma camisa de força
Ou de vênus
Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Agora pego um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de ¨boy¨
That’s over baby! Freud explica
Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom.
Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular.
No mais estou indo embora
No mais estou indo embora
No mais....
COCO DAS SERRAS
Domínio público do estado de
Alagoas
recolhido por Eemmanuel Cavalcanti
Vamos salvar as serras
Da beira do rio à Sant'Ana
Serra do Mar, Serra da Remetedeira
Pra cantar, eu sou Madeira
Cheguei na Serra do Poço
É um colosso, Serra dos Dois "Zirimão"
Brejo, Brejão, eu tô na Serra da Capela
O catuaba tá doente da goela ficou de sentinela,
Se ele morrer, vai pro céu
Fiz um chapéu feito da palha do milho
Serra da Beira do Rio, Serra de Montevidéu
CINTURA
FINA
Luiz Gonzaga/Zé
Dantas
Minha morena venha pra cá
Pra dançar xote, se deite em meu cangote
E pode cochilar
Tu é ‘muié’ pra homem nenhum
Botar defeito, por isso
Satisfeito com você vou dançar
Vem cá cintura fina
Cintura de pilão
Cintura de menina
Vem cá meu coração
Quando eu abarco essa cintura de pilão
Fico frio, arrepiado,
Quase morto de paixão
E fecho os ‘óios’ quando sinto o teu calor
O teu corpo se foi feito pros cochilos do amor
COMO SE EU FOSSE UM FAQUIR
Alceu Valença
De manhãzinha o sol entrou pela janela
Revirando os meus segredos
Invadindo a minha cela
Procurando no meu ninho
Coisas do arco-da-velha
Abriu gavetas, revirou minhas lembranças,
Revi cartas, telegramas,
Diademas, bugigangas,
Cheiro de água de colônia
Da mulher que eu não amei
Me desarmou de minhas armas mais secretas
Esbarrou na minha pressa
De chegar ou de partir
Espetando a minha calma
Como se eu fosse um faquir
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