MAR DE AMOR MENINA (GALOPE RASO)
Alceu Valença - Bubuska
Era verão de novo
E outra vez tão linda
Você e seu cavalo
Galopando nas dunas
Num fim de tarde raro
O sol entre as colinas
Você e seu cavalo
Galopando nas dunas
Beira de mar também é céu
Mel de amor e mar é sol
De novo era verdade
E outra vez tão linda
As ondas nos cabelos
Se entrançando nas brumas
E num galope raso
À beira-mar ainda
Você é mais que um sonho
É mar de amor menina
Beira do mar também é céu
Mel de amor e mar, é sol
ME DÁ UM BEIJO
Alceu Valença
Me dá um beijo
Vigia um beijo
Dê cá um beijo
Se eu não lhe amo
Mara morena manhosa, mar
Maravilhosa, amor rimar amorrerá
É madrugada
O sol despontando
Raiou o dia
Ô Mara
O olhar de Mara mar azulou
Ô Mara
Vai dançar o frevo na avenida
Ô Mara
Vai abrir janelas
Pro nosso amor
MOLHADO DE SUOR
Alceu Valença
Eu gosto
É de ter ver bonita
Com aquele vestido
Que eu acho que era branco
E que no fim do ano
Você tingiu de azul
Você tingiu de azul
Eu gosto
É de olhar teus olhos
Se espalhando na tarde
Em busca de miragens
De bolas coloridas
Que desciam do céu
Que desciam do céu
Eu gosto
É de morrer de sede
E é de beber teu beijo
É de tocar teu corpo
Molhado de suor
Molhado de Suor....
MOINHOS
João Fernando/Alceu Valença
Moinhos, moinhos
Moinhos de Holanda
Moinhos das Índias Ocidentais
Moinhos de vento
Moinhos de água
Moinhos que sopram
A dor dos meus ais
Coqueiros de Olinda
Moinhos de Holanda
Girando nos ventos
Chamando terrais
Moinhos de Haia
Meus olhos de águia
De longe enxergam os canaviais
MARACATU
Alceu Valença, sobre poema de Ascenso Ferreira
Zabumba de bombos,
Estouro de bombas,
Batuques de ingonos,
Cantigas de banzo,
Rangir de ganzás...
- Loanda, Loanda, aonde estás?
Loanda, Loanda, aonde estás?
As luas crescentes
De espelhos luzentes,
Colares e pentes,
Queixares e dentes
De maracajás...
- Loanda, Loanda, aonde estás?
Loanda, Loanda, aonde estás?
A balsa do rio
Cai no corrupio
Faz passo macio,
Mas toma desvio
Que nunca sonhou...
- Loanda, Loanda, aonde estou?
Loanda, Loanda, aonde estou?
MARACAJÁ
Alceu Valença
A doce bailarina e seu vestido azul
Que habita um velho sonho que eu
Sonho acordado
Descendo ao som do baque do Maracatu
Seria o "anjo torto" do poeta Carlos?
Anjo Azul na noite dançando no
baque do Maracatu
Anjo azul na noite do baque virado
do Maracatu
A doce bailarina e seu vestido azul
De boca sensual e sorriso escancarado
Seria bela Inês, la belle de jour?
Quem sabe o "anjo torto" do poeta Carlos?
Anjo Azul na noite dançando no
baque do Maracatu
Anjo azul na noite do baque virado do Maracatu
Anjo na noite me leve pra beira do mar
Ah! quero te namorar, gata maracajá
MOÇA E O POVO, A
Alceu Valença
Havia a moça na tarde
De besta me comovia
Tão linda com seu cachorro
E a noite mordia o dia
E a violenta Ipanema
Atropelando o poema
Que nunca mais eu faria
Ai a solidão das capitais
É um não vou, não vens, não vais
Ela me olhava e não me via
E havia o povo na tarde
De besta se iludia
A moça, o povo, a cidade
Realidade tão fria
E a violência da cena
Atropelando o poema
Que nunca mais eu faria
Ai a solidão das capitais
É um não vou, não vens, não vais
Meu povo não, não se entendia
ME SEGURA QUE SENÃO EU CAIO
J. Michiles
Nos quatro cantos cheguei
E todo mundo chegou
Descendo ladeira
Fazendo poeira
Atiçando o calor
E na mistura colorida da massa
Fui bater na praça a todo vapor
Descambei passando pelos bares
Cheirei a menina e voei pelos ares
No pique do frevo caí como um raio
Me segura que senão eu caio
Me segura que senão eu caio
MENSAGEIRA DOS ANJOS
Alceu Valença
A mensageira dos anjos
Com seu cabelo lilás
Aperreava os demônios (*)
Que habitam as catedrais
Do meu peito de menino
A deusa mãe da preguiça
Falava tão devagar
Era o sussurro da brisa
Era o balanço do mar
Como uma estrela cadente
Entrou na minha morada
Bebeu da minha saliva
Saiu e não disse nada
E eu fiquei sem demônios
(*)
Um anjo torto marcado
No céu da boca, no peito
No meu corpo tatuado
(*) No
disco CIRANDA
MOURISCA (Biscoito Fino - 2009),
Alceu Valença troca "demônios" por "meus sonhos" ao cantar Mensageira dos
Anjos
MARIA DOS SANTOS
Don Tronxo/Alceu Valença
Um certo dia eu perguntei a Maria
Se hoje é noite de São João
Meu quarto tem bandeiras
Eu perguntei a Maria dos Santos
Seu nome era Benedito da Lagoa
Tinha vinte e quatro anos de folia
E vinte anos de agonia
No coração
Eu perguntei a respeito das doenças da mente
Da decadência do nosso grande hospital
E perguntei a respeito do Planeta
Girando numa roleta
Bola do bem e do mal
Eu perguntei a Maria dos Santos
Quanto custa pra se viver?
MISTERIOSA, A
Geraldo Azevedo/Carlos Fernando/Alceu Valença
Se você chegasse, morena
Sem abrir a porta
Sem tocar no trinco
Dando cambalhotas no ar
E trouxesse a vida
Na ponta dos dedos
E a felicidade
Sem nenhum segredo
Se cantasse um samba
E dançasse um frevo
E na primeira troça, morena
Me desse um beijo
MARTELO ALAGOANO
Alceu Valença
Cantador o teu canto de improviso
É o mais nobre poder da criação
O teu verso tem a força de Sansão
É fatal, é perfeito e é preciso
Cantador do inconsciente coletivo
Canta a força do povo e o desengano
E a esperança que brota todo ano
Vai tecendo nos versos e nas loas
batucando a toada de Alagoas
nos dez pés de martelo alagoano
Da cidade de Campina e do Monteiro
De Passira Panelas e Ingazeira
São José do Egito Capoeira
é viola é ganzá e é pandeiro
Salve Dimas e Pinto do Monteiro
Lourival trocadilho sobre-humano
Vitorino o teu verso tem bom plano
Oliveira Castanha e Beija-Flor
e Mocinha de Passira é um condor
nos dez pés de martelo alagoano
Cantador cem por cento brasileiro
tem no sangue a saudade lusitana
o batuque das terras africanas
Caetés teu guerreiro violento
Cantador de alegrias e tormentos
Tem os pés calejados dos ciganos
É poeta perfeito e soberano
Tem o arco o batuque e tem a flecha
nos dez pés de martelo alagoano
MARIA SENTE
Alceu Valença
Maria sente quando estou contente
Eu arreganho os dentes
Como quem vai gargalhar
E falo alto, e danço, e viro bailarino
E não me perco do menino
Que eles teimam me roubar
Pois eles temem nosso sonho vagabundo
A força do submundo
E do poder popular
E viva o morro, a voz do povo a rebeldia
John Lennon, Melodia, Charles Chaplin, Calabar
O Tiradentes, Frei Caneca, Virgulino
Com meu sonho de menino
Que eles teimam me roubar
MARIM DOS CAETÉS
Alceu Valença
Não chore, menina bonita
Se Deus quiser
Te vejo na Marim guerreira dos
Caetés
De novo pra subir ladeira
Te dou meus pés
Olinda Marim tão bonita dos Caetés
Vamos embora, cabra-cabriola
Tá chegando a hora da gente
arribar
Vamos embora, já fui caipora
No jogo da sorte sempre dei azar
Vamos embora, sei do itinerário
Por aqui passamos, por ali passou
Uma "a la ursa" da fita amarela
Abrindo janelas para o nosso amor
MISTER MISTÉRIO
Geraldo Azevedo
Mister Mistério
Mister Mistério sou
É sou, eu já estou
Mister Mistério
Mister Misterioso
Mister Mistério
Esconder o crime
E disfarçar a dor
Ex, ex, ‘excândalo’
Escapada de carreira maneira
MAR DE AMOR MENINA
(GALOPE RASO)
Alceu Valença
Era verão de novo
E outra vez tão linda
Você e seu cavalo
Galopando nas dunas
Num fim de tarde raro
O sol entre as colinas
Você e seu cavalo
Galopando nas dunas
Beira do mar também é céu
Mel de amor é mar e sol
De novo era verdade
E outra vez tão linda
As ondas nos cabelos
Se entrançando nas brumas
E num galope raso
À beira-mar ainda
Você é mais que um sonho
É mar de amor menina
Beira do mar também é céu
Mel de amor e mar, é sol
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