VAMPIRA
J. Michiles
Levei um trote
Em plena multidão
Ela me deu um bote
Bem no meu cangote
Me botou no chão
Naquele alvoroço
Mordeu meu pescoço
Parece mentira
Aquele beijo foi um
Beijo de vampira
Mordeu, mordeu
Quase que me devora
Logo foi embora
Fiquei sem saber
O seu telefone,
Seu nome, e agora
Vampira, cadê você?
VASSOURINHA AQUÁTICA
Matias da Rocha/Joana Batista Ramos/Alceu Valença
Pelo palhaço que pula
Pelo pulo, pelo salto
Pelo farol, pelo porto
Pelo balanço do barco
Pelo sagrado segredo
De quem dança e faz o passo
Pelo palhaço que pula
Pelo pulo e pelo salto
Terra louca dos desejos
te vejo de minha nau
trago meus sonhos molhados
pra brincar o carnaval.
Salve o samba na avenida
Afoxé, Maracatu
O prazer e a alegria
Do Brasil de Norte a Sul
VAI CHOVER
Hebert Azul/Alceu Valença
Não, não, não chore não
Pra que tanto desespero,
Pra que tanta solidão?
Não, não, não chore não
Pra que tanto desespero,
Pra que tanta solidão?
Por amor bebi um rio
Que se chama ilusão
Senhora dos meus navios
Oceano de paixão
Por amor fiquei sozinho
Sem você no coração.
Vai chover nos olhos do meu amor
Vai chover nos olhos do meu amor.
VIRGEM VIRGÍNIA
Alceu Valença/Geraldo Azevedo
Virgem Maria, essa cidade
Essa menina tem minha idade
Quer me falar e se escondeu
É a décima vez e se escondeu
Atrás da vitrina de qualquer esquina
No fundo do mar
Nada, nada
O carro, Virgínia, atropela, atropela
A pressa, menina, atropela, atropela
Os pés dessa gente, atropela, atropela
A vida de frente, atropela, atropela
Virgínia, a louca, a doida da corte
De aquário
Virgem Virgínia se acabou
Essa cidade atropela, atropela, atropela...
VOU DANADO PRA CATENDE
Alceu Valença/Ascenso Ferreira
Ai
Delminha
Ouça esta carta
Que eu não escrevi
Por aqui
Vai tudo bem
Mas eu só penso
Um dia em voltar
Ai
Delminha
Veja a enrascada
Que fui me meter
Por aqui
Tudo corre tão depressa
As motocicletas se movimentando
Os dedos da moça
Datilografando
Numa engrenagem
De pernas pro ar
Eu quero um trem
Eu preciso de um trem
Eu vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegar
E o sol é vermelho
Como um tição
Eu vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegar
Mergulhão, mocambos, moleques, mulatos
vêm vê-los passar
Adeus, adeus, adeus
Adeus morena do cabelo cacheado
Maribondo sai da mata
Que lá é casa das caiporas
Caiporas, caiporas, caiporas
VOCÊ PENSA
Alceu Valença
Se você pensa que eu não penso
Lhe asseguro:
Eu estou ficando louco
Mas você pensa que morri
Quando eu subia
Com a corda no pescoço
Mas você pensa que eu comi
A sobremesa
Que restou do seu almoço
Você pensa que eu sofri
A dor na pele
Porque sou de carne e osso
Se você pensa que eu não penso
Lhe asseguro:
Eu estou ficando louco
Mas você pensa que morri
Quando eu subia
Com a corda no pescoço
Mas você pensa que eu comi
A sobremesa
Que restou do seu almoço
Você pensa que eu engoli
O nó que trago sem descer
No meu pescoço
VEJA
(MARGARIDA)
Vital Farias
Veja você
Arco-íris já mudou de cor
Uma rosa nunca mais desabrochou
Eu não quero ver você com esse
Gosto de sabão na boca (Bis)
Veja meu bem
Gasolina já subiu de preço
Eu não quero nunca mais seu endereço
Ou é o começo do fim ou é o fim
Eu vou partir pra cidade garantida, proibida
Arranjar meio de vida, Margarida
Pra você gostar de mim
E essas feridas da vida, Margarida
E essas feridas da vida, amarga vida
Pra você gostar
VEM MORENA
Zé
Dantas/Luiz Gonzaga
Vem morena pros meus braços
Vem morena, vem sambar
Quero ver tu remexendo
Quero ver tu requebrar
Quero ver tu remexer
No resfolego da sanfona
Até o Sol raiar
Esse teu fungado quente
Bem no pé do meu pescoço
Arrepia o corpo da gente
Faz o velho ficar moço
E o coração de repente
Deixa o sangue em alvoroço
Esse teu suor salgado
É gostoso e tem sabor
Esse teu corpo suado
Com esse cheiro de fulô
Tem um gosto temperado
Do tempero do amor
VOLTEI, RECIFE
Luiz Bandeira
Voltei, Recife
Foi a saudade
Que me trouxe pelo braço
Quero ver novamente "Vassoura"
Na rua abafando
Tomar umas e outras
E cair no passo
Cadê "Toureiros"?
Cadê "Bola de Ouro"?
"As Pás", Os "lenhadores"
O "Bloco Batutas de São José"?
Quero sentir
A embriaguês do frevo
Que entra na cabeça
Depois toma o corpo
E acaba no pé
VENENO
Alceu Valença/Rodolfo Aureliano
Aprendi com a chuva
Você não quis me ensinar
Fiz toalha do sol também
Você não quis me enxugar
Eu fui jogado entre as feras
Olho por olho é a lei
Qualquer dia eu enfrento sua guerra
E minhas balas têm gosto de hortelã
Eu sou a terrível febre amarela
E o veneno da cobra e da maçã
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