Acende-me
(Geraldo Azevedo/Carlos Fernando)
Light me baby
No seu calor
Acende-me
Light me baby
Na chama ardente
Brilhante do amor
No carnaval de Olinda, menina
Nas guerrilhas de El Salvador
No trovão de São Pedro
Ou na pontinha do dedo
Do Cristo Rendentor
No clarão azular de Luanda
Na estrela que há pouco passou
Ou então num foguete
Em qualquer outro engenho
Que na lua chegou
Acende-me baby
Seja lá onde for
Adoro Você
(Geraldo Azevedo)
Começo de tudo
Não da pra saber
Passado ou futuro
Adoro você
Não é só com palavras
Que a gente pode dizer
Primeiro, o desejo
Depois o prazer
Até quando há lágrima
Adoro você
A vida não pára
Tempo que se tem pra viver
É agora
Hora melhor
Realizar
É agora
Amor para sempre
Amor quero ter
Se ontem ou amanhã
Adoro você
Não tem mais segredo
Nada que se possa esconder
No fim disso tudo
Não dá pra esquecer
Bons tempos e temporais
Adoro você
São tantas idéias
Com certeza não dá pra ver
O futuro
Realizar
Hora melhor
É agora
ABC
do Sertão
(Luiz Gonzaga /Zé
Dantas)
Lá no meu sertão pros caboclo lê
Tem que aprender outro ABC
O jota é ji, o ele é lê
O esse é si mas o erre tem nome de rê
Até o ypisilon lá é pissilone
O eme é mê e o ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto ê
A bê cê dê fê guê lê mê nê pê quê rê tê vê e zê
Ágil Passarinho
(Geraldo Azevedo)
Ágil
Ágil passarinho
Age além do ninho
Ave leve assim
Arte
Coração e mente
Aflora semente
Canção
Age liberto
Passos de amor
Eira Gil
Ave canarinho
Passa passarinho
Passarão
Frágil
Livre aberto ao vento
Pensa pensamento
Solidão
Reage liberto
Passos de amor
Eira Gil
Ágil passarinho
Bem-te-vi menino
Juriti
Ave
Louva a Deus e nós
Ave rouxinóis
Voa boa voz
Voa voa menino
Numa boa
Sabiassumpreto zabelê
Entoa
Um som que ave maria
Marília Nara Preta
Marafilhas do amor
Pedra sobre pedra
Pedro sob luz
O bem
Regue liberto
Passos de amor
Eira Gil
A Gilberto passos
Gil Moreira
Ah! Maravilha
(Geraldo Azevedo/Capinan)
Ah! Maravilha
O seu nome que nem sei
Pelas noites
Tantas vezes te chamei
E acordava
Esperando esse nome
Nenhuma estrela
Do céu me diz
Até o apito do trem
Também leva
O seu nome longe de mim
Eu sei que assim
Homem nenhum
Vai ser feliz
Inventei a manhã
Madrugada sem fim procurei
Sem destino encontrar
Em nenhuma canção te achei
É mistério te amar
Ah! E você
Desencontro sem nome
Que eu tento encontrar
Ah! Sem querer
Decifrei esse nome
Pra que revelar
Ah! sem querer
Decifrei o seu nome
Não vou revelar
Ah! Maravilha
Asas de Verão
(Geraldo Azevedo/Carlos Fernando)
Da trilha sonora do filme Crueldade Mortal
Andorinha
Avoou lá do sertão
Chega logo
Não demora
Andorinha andorinha
Traz nas asas o verão
Brisa lenta nuvens brancas
Lua nova luar achei
A passear
Nas varandas que restaram
Lembrança colonial
Avenida 10
(Babal)
Desde o tempo de menino eu brincava
Com ar de sonhador
Conheci a natureza
Beijando meus pés
O movimento da vila da rua
O ronco do tambor
Em todos os arredores
Da avenida 10
Os guaranis festejando a paz
O guerreiro bumbum
Éramos todos devotos
Meninos fiéis
Quando não era possível ter sonho
A gente tinha um
E ele girava em torno
Da Avenida 10
O movimento do parque
O jogo de bola na lama
A bandeirinha é o poste
Bom barquinho eu quero passar
A lata no carnaval
Pra nós tudo aquilo era a vida
Em meio aquela alegria
A bagunça saía a tocar
Minha casa bananeira o jardim
Os meus amigos, eu,
Quinho, Bonfim, Nelson,
Neguinho e Moisés,
Galvão, Fernando, João e Omar
Todos irmãos Eris
Hoje nós somos saudades
Da Avenida 10
Admirável Gado Novo
(Zé Ramalho)
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais que receber
E ter que demonstrar tanta coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer
Ê ô ô vida de gado
Povo marcado, ê Povo feliz
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou
O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se podem flutuar
Ai Que Saudade D'Ocê
(Vital Farias)
Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade de ocê
Se um dia ocê se lembrar
Escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio
Com frases dizendo assim
Faz tempo que eu não te vejo
Quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijo
Ai que saudade sem fim
E se quiser recordar
Aquele nosso namoro
Quando eu ia viajar
Você cala no choro
Eu chorando pela estrada
Mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina
Eu gosto mesmo é de ocê
Asa branca
(Luís Gonzaga/ Humberto Teixeira)
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu
Por que tamanha judiação
Que braseiro que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
"Inté" mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
"Entonce" eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
"Entonce" eu disse adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não viu
Que eu voltarei viu, meu coração
Eu te asseguro não chore não viu
Que eu voltarei viu, meu coração
Arte Longa
(Geraldo Amaral - Renato Rocha)
O mundo é grande
Para nossos desencontros
A arte é longa
A vida breve e fim
Mas como pode um mar assim tão grande
Caber num mundo tão pequeno assim
Meu violão não pesa muito
Carrega tantas canções
Fico pensando se um amor dos grandes
Pode habitar pequenos corações
Meu sapato carregado de distâncias
O meu chapéu de sonhos sem fim
Fico pensando e por mais que eu ande
Eu não consigo me afastar de mim
Fico pensando um mar assim tão grande
Caber num mundo tão pequeno assim
Amanhã é Distante, O
(Bob Dylan) (Versão de Geraldo Azevedo/Babal)
E se hoje não fosse essa estrada
Se a noite não tivesse tanto atalho
O amanhã não fosse tão distante
Solidão seria nada pra você
Se ao menos o meu amor
Estivesse aqui
E eu pudesse ouvir seu coração
Se ao menos mentisse ao meu lado
Estaria em minha cama outra vez
Meu reflexo não consigo ver na água
Nem fazer canções sem nenhuma dor
Nem ouvir o eco dos meus passos
Nem lembrar meu nome
Quando alguém chamou
Há beleza no rio do meu canto
Há beleza em tudo que há no céu
Porém nada com certeza é mais bonito
Quando lembro dos olhos do meu bem
América Futura
(Geraldo Azevedo/Capinan)
Eu quero o futuro
Quero o futuro como um cesto
Multiplicando seus pães
Eu quero um país
Eu quero um país futuro
Seus passarinhos pelos ares
Eu quero a América
Eu quero a Futura América
Seus peixinhos todos nos mares
Eu quero a terra
Quero o futuro da terra
Multiplicando as manhãs
Não quero a história dos crimes
Eu quero Bolivar e San Martin
Los Hermanos de Zumbi
Los Hijos de Tiradentes
Como a história dos meninos
Como a história dos Irmãos Grimm
Como a história de um cine
A história de um índio
Na Cordilheira dos Andes
Dos Incas, Ianomamis
Eu quero um futuro grande
Eu quero o futuro
Quero o futuro como um cesto
Multiplicando seus pães
Eu quero um futuro grande
Eu quero o futuro
Quero o futuro em meu peito
Multiplicando as paixões
Aquarela Real
(Geraldo Azevedo/Carlos Fernando)
Escolhi minha estrela
Bonita no céu
De azul demarquei
Meu pedaço de mar
Desenhei sua cara nas ondas
Qualquer dia vou te mostrar
Em Merepe
Esse quadro eu vi
De um pintor
Que é também meu xará
Lá do porto
Galinha de Angola
Lá do porto
Aquarela real
Toda lua
Que a noite nos deu
Todo grão
De areia a brilhar
Tanta festa
Nos olhos de quem
Vem de longe
De outro lugar
Porto porto porto
O que será de ti
Quem te viu
Quem te vê
Quem te verá
O que farão de ti
Arraial dos Tucanos
(Geraldo Azevedo/Carlos Fernando)
Trilha sonora da novela Sítio do Picapau Amarelo
Arraial dos tucanos
Até quando o homem
Que da terra vive
E que da vida arranca
O pão diário
Vai ter paz
Paz
Aparente e pálida
Paz
Aparentemente paz
Arraial dos tucanos
Mesmo assim louvai
Toda freguesia
Que de longe vem
Que pra longe vai
Pelo seus caminhos
Pelos seus quintais
Veredas de espinhos
Pelos seus umbrais
Arraial dos tucanos
Vai ter tua paz
Paz
Aparente e pálida
Paz
Aparentemente paz
Aventuras Vulgares
(Geraldo Azevedo/Xangai/Capinan)
Quando eu cruzar outros
Mares
Vou ser menino de novo
Vou adormecer meu povo
Com aventuras vulgares
Invenções de marinheiro
São verdadeiras sereias
São dragões queimando o peito
São impossíveis tatuagens
Os mais distantes lugares
Na palma da minha mão
Não cruzei o mar em vão
Nas aventuras vulgares
Só conheci tempestade
Que mora no meu coração
Até Quando
(Germano Azevedo)
Na minha cabeça pintou
Que você viria
E nela tão cheia de sonhos
Você repetia
Mas você não veio
E dela o sonho acordou
E mesmo acordado insistia
Sonho de amor
Até quando, até quando
Vou quebrar minha cabeça
Na lembrança desse amor
Pensamento que traz
Quando mesmo tão longe
Me persegue, me cala
Me machuca demais
Sem saber
Até quando amor, até quando
Até quando os dias que passam
Sem motivo nenhum de passar
Sem você
Até quando amor
E pra quando isso vai acabar
A distância a nos separar
O amor a nos machucar
À
Procura de Alguém
(Capiba)
Eu ando à procura de alguém
Que me queira bem
Mas que seja meu
Somente meu
E de mais ninguém
Quando isso acontecer
Eu nunca mais na vida
Hei de sofrer
Eu não quero um amor
Desses que vão e vêm
Quero um amor de verdade
Que me queira também
Ai deu sodade
(Anônimo)
Marido se alevanta
E vai armá um mundé
Prá pegá u'a paca gorda
Prá nóis fazê um sarapaté
Aruera é pau pesado
Né minha véa
Cai e machuca meu pé
E ai d'eu sodade
Intonce marido
Se alevanta
E vai na casa da tua vó
Buscá a ispingarda dela
Pro cê caçá
Um mocó
Só que no lajedo tem cobra broba
Né minha véa
Me morde e fica pió
E ai d'eu sodade
Marido se alevanta
E vai caçá
U'a siriema
Nois come
A carne dela
E faiz u'a bassora
Das pena
Quem me dera
Tá agora
Né minha véa
Nos braço
D'uma roxa morena
E ai déu sodade
Sujeito alevanta
E vai na casa do venderão
Comprá u'a carne gorda
Prá nóis cumê um pirão
É que eu num tenho mais dinheiro
Né minha véa
Fiado num compro não
E ai d'eu sodade
Marido se alevanta
E vai na venda
Do venderin
Comprar déis metro
De chita
Prá fazê ropa
Pros nossos fiin
Aí dent'o tem
Um cochão vei
Né minha véa
Dismancha e faiz
U'as carça prá mim
E ai d'eu sodade
Disgramado te alevanta
Dexa di cê
Priguiçoso
O home
Qui num trabaia
Num pode
Cumê gostoso
É que trabaiá é muito bom
Né minha véa
Mais é um poco arriscoso
E ai d'eu sodade
Marido se alevanta
E vem tomá
Um mingau
Qui é prá
Criá sustança
Prá nois fazê
Um calamengau
Brincadeira de manhã cedo
Né minha véa
Arrisca quebrá o pau
E aí déu sodade
Marido su disgraçado
Tu ai de morrê
Cachorro ai de ti latí
E urubú ai de tí cumê
Se eu subesse
Disso tudo
Né minha véa
Eu num casava
Cum ocê
E ai d'eu sodade
Arrumação
(Elomar)
Josefina sai cá fora e vem vê
Olha os fôrro ramiado vai chovê
Vai trimina ridusi toda a criação
Das banda de lá da rio Gavião
Chiquêra prá cá já ronca o truvão
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo plantá feijão no pó
Mãe Purdença inda num culheu o ái
O aí rôxo essa lavora tardâ
Diligença pega panicum balai
Vai cum tua irmã, vai num pulo só
Vai culhê o ái, ái de tua avó
Futuca a tuia, pega o catadô
Vamo plantá feijão no pó
Lua nova sussarana vai passá
"Sêda branca"na passada ela levô
ponta d'unha lua fina risca no céu
A onça prisunha a cara do réu
O pai di chiquêro a gata comeu
Foi um truveja c'ua zangada só
Foi tanto sangue de dá dó
Os ciganos já subiro bêra ri
É só danos todo ano nunca vi
Paciência já num guento a pirsiguição
Já só um caco véi nesse meu sertão
Tudo qui juntei foi só prá ladrão
Futuca a tula, pega o catadô
Vamo plantá feijão no pó.
Abertura
(Xangai, Elomar, Vital e Geraldo)
Desafio do alto da catingueira
(Elomar)
Sinhores dono da casa
O cantadô pede licença
Prá puxá a viola rasa
Aqui na vossa presença
Venho das bandas do Norte
Cum pirmissão da sentença
Cumprini mia sina forte
Já por muitos cunhicida
Buscano a inlusão da vida
Ou os cutelo da morte
E das duas a prifidia
A qui mim mandá a sorte
Já qui nunciei quem só
Dêxo meu convite feito
Pra qualqué dos contatô
Dos qui se dá pur respeito
Aqui qui pru acaso teja
Nessa função de aligria
E prá qui todos me veja
Pucho alto a cantoria
Nessa viola de peleja
Qui quano num mata aleja
Cantadô de arrilia
Só na isca dua igreja
Labutei cua duza um dia
Cinco morrêro d'inveja
Treis de avêcho, um de agunia
Matei os bichos cum mote
Qui já me deu treis mulé
É a história dum cassote
Cum cuati e com saqué
O cassote com úm pote
Cuô pru cuati um café
Lantes ofereceu um lote
Num saco prá o saqué
O saqué secô o pote
Dexô o cuati só cua fé
Di qui dent do tal pote
Inda tinha algum café
E xispô sambano um xote
O inxavido do saqué
Qui cuati quá qui cassote
Bota o bico e bota um bote
O qui é qui o saqué qué
Lantes porém aviso
Sô malvado num aliso
Triste ô filiz é o cantadô
Queu apanhá pra dá o castigo
Apois quem canta cumigo
Sai difunto ô sai dotô
Sinhô cantadô chegante
Me adisculpa o tratamento
Nessa hora nesse instante
Mêrmo aqui nesse momento
Tá um cantô sinificante
Sem fama sem atrivimento
Qui num é muint falante
Nem de muint cunhecimento
Mais prá titos e valintia
Só trais ua viola na mão
Falta o ilustre companhêro
Marcá o lugá da prufia
Se lá fora no terrêro
Ô aqui mêrmo no salão.
Repente
(Vital Farias)
Eu peço licença aos senhores
Pra cantar nessa salão
Pois viver de cantoria
É a minha profissão
Eu vou falar pra vocês
Não é francês, nem inglês
É apenas o português
Que aprendi no meu sertão
Novena
(G. Azevedo/ Marcus Vinícius)
Nas horas de Deus amém
Padre, Filho, Espírito Santo
Essa é a primeira cantiga
Que nessa casa eu canto...
O autor da natureza
(Zé Vicente da Paraíba/Passarinho
do Norte/Bráulio Tavares)
O que prende demais minha atenção
É um touro raivoso numa arena
Uma pulga do jeito que é pequena
Dominar a bravura de um Leão
Na picada ele muda a posição
Pra coçar-se depressa com certeza
Não se serve da unha nem da presa
Se levanta da cama e fica em pé
Tudo isso provando quanto é
Poderosa e suprema a natureza
Admiro demais um beija-flor
Que com medo da cobra inimiga
Só constrói o seu ninho na urtiga
Recebendo Lição do Criador
Observo a coragem do condor
Que nos montes rochosos come presa
Urubu empregado da limpeza
Como é triste a vida do abutre
Quando encontra um morto é que se nutre
Quanto é grande o autor da natureza
A abelha por Deus foi amestrada
Sem haver um processo bioquímico
Até hoje não houve nenhum químico
Pra fazer a ci6encia dizer nada
O buraco pequeno da entrada
Facilita a passagem com franqueza
Uma é sentinela de defesa
E as outras se espalham no vergel
Sem turbina e sem tacho fazem mel
Como é grande o autor da natureza
Não há pedra igualmente ao diamante
Nem metal tão querido quanto o ouro
Não existe tristeza como o choro
Nem reflexo igual ao do brilhante
Nem comédia maior que a de Dante
Nem existe acusado sem defesa
Nem pecado maior que avareza
Nem altura igual ao firmamento
Nem veloz igualmente ao pensamento
Nem há grande igualmente à natureza
Tem um verso que fala da maconha
Que é uma erva que dá no meio do mato
Se fumada provoca o tal barato
A maior emoção que a gente sonha
A viagem às vezes é medonha
Dá suor dá vertigem dá fraqueza
Porém quase sempre é uma beleza
Eu por mim experimento todo dia
Se tivesse um agora eu bem queria
Pois a coisa é da santa natureza
|