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Menina do Lido  
(Geraldo Azevedo/Carlos Fernando) 

Menina, eu te conheço 
Não sei de onde 
Mas por incrível que pareça 
Sei o seu nome 
Menina 
Não sei se foi no bonde 
De Santa Teresa 
Como podia ser 
Numa butique em Copacabana 
Ou num chá de caridade, menina 
Promovido a quem de direito 
E seu vestido era azul-anil 
E era domingo, viu 
Você nem ligou pra mim 
É, eu sou muito vivo 
Te lembra, menina 
Do passeio, do sorvete 
Na Praça do Lido 
Tu não te lembras 
Do passeio, do sorvete 
Na Praça do Lido 

 

Me dá um Beijo

Alceu Valença 

Me dá um beijo 
Vigia um beijo 
Dê cá um beijo 

Se eu não lhe amo 
Mara morena manhosa, mar 
Maravilhosa, amor rimar amorrerá 
É madrugada 
O sol despontando 
Raiou o dia 
Ô Mara 
O olhar de Mara mar azulou 
Ô Mara 
Vai dançar o frevo na avenida 
Ô Mara 
Vai abrir janelas 
Pro nosso amor 

 

Menino e os Carneiros, O
(Geraldo Azevedo/Carlos Fernando)
Da trilha sonora da novela Sinhazinha Flor

No tempo que eu era menino
Brincava tangendo carneiros
Fim de tarde na rede sonhava
Belo dia serei um vaqueiro
Montaria de pelos castanhos
Enfeitados de prata os arreios

Minha vida hoje é pé no mundo
Sem temer a escuridão
Jogo o laço quebram tudo
Meu amigo é meu irmão
Sou a sede de boa palavra
Sou a vida raios de sol
Tenho tudo não tenho nada
Tenho fé tenho paixão
 

Mestre Raimundo 
(Geraldo Azevedo/Carlos Fernandes) 

Sou Raimundo 
Vagabundo aqui na terra 
Mas no mar 
Sou marinheiro pescador 
Eu vim de longe 
E ancorei aqui no Cabo 
E nesses mares 
Meu anzol pernambucou 
Jogo a rede 
Meu ofício meu assalto 
Assaltante do oceano 
Sei que sou 
Roubo a vida 
Desses seres em suas águas 
Iemanjá 
Testemunha a minha dor 

Quem me dera 
Não comer pra não matar 
Quem me dera 
Só viver para amar 
Mas a vida 
É um mistério 
Que Deus esconde 
Quisera o homem 
O poder de desvendar 

 

Matança
(Jatobá)

Cipó caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do pinheiro balançar
Sentiro o cheiro do mato da imburana
Descansar morrer de sono na sombra da barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Foi mata atlântica e a próxima amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar
Que triste sina teve cedro nosso primo
Desde menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete mesa cadeira balcão de bar
Quem por acaso ouviu falar da sucupira
Parece até mentira que o jacarandá
Antes de virar poltrona porta armário
Morar no dicionário vida-eterna milenar
Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde da sombra
O ar que se respira
E a clorofila das matas virgens
Destruídas bom lembrar
Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chama Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar
É caviúna, cerejeira, baraúna
Imbuia, pau-d'arco, solva
Juazeiro, jatobá
Gonçalo-Alves, paraíba, itaúba
Peroba, massaranduba
Carvalho, mogno, canela, imbruzeiro
Catuaba, janaúba, arueira, araribá
Pau-ferro, angico, amargoso, gameleira
Andiroba, copaíba, pau-brasil, jequitibá.

 

Miragens
(Geraldo Azevedo/ Zé Ramalho)

Bem querer vem querer-me
As ondas as miragens
O fogo que não incendeia
A imagem mais bonita
A entrega da emoção
Suspendendo a ponte do manto da noite
A incrível maravilha
Da estrela do verão
Suspendendo a ponte do manto da noite
Espiral do silêncio
Cristalina a visão
Clareando a fonte do sonho do povo
Em vez de emudecer poderia cantar
A mais linda canção sem lamento
E quem não escutar perderia talvez
A maior metade do tempo do sonho

 

Moça Bonita 
(Geraldo Azevedo/Carlos Capinam) 

Moça bonita 
Seu corpo cheira 
Ao botão de laranjeira 
Eu também não sei se é 
Imagino e desatino 
É um cheiro de café 
Ou é só cheiro feminino 
Ou é só cheiro de mulher 

Moça bonita 
Seu olho brilha 
Qual estrela matunina 
Eu também não sei se é 
Imagina a minha sina 
É o brilho puro da fé 
Ou só brilho feminino 
Ou é só brilho de mulher 

Moça bonita 
O seu beijo pode 
Me matar sem compaixão 
Eu também não sei se é 
Ou pura imaginação 
Pra saber você dê 
Esse beijo assassino 
Nos seus braços de mulher 

 

Mulher  
(Geraldo Azevedo/Neila Tavares) 

Eu sou a mãe da Praça de Maio 
Sou alma dilacerada 
Sou Zuzu Angel, sou Sharon Tate 
O espectro da mulher assassinada 
Em nome do amor 
Sou a mulher abandonada 
Pelo homem que inventou 
Outra mais menina 
Sou Cecília, Adélia, Cora Coralina 
Sou Leila e Ângela Diniz 
Eu sou Elis 

Eu sou assim 
Sou o grito que reclama a paz 
Eu sou a chama da transformação 
Sorriso meu, meus ais 
Grande emoção 
Que privilégio poder trazer 
No ventre a luz capaz de eternizar 
Em nós sonho de criança 
Tua herança 
 
Eu sou a moça violentada 
Sou Mônica, sou Cláudia 
Eu sou Marylin, Aída sou 
A dona de casa enjaulada 
Sem poder sair 
Sou Janis Joplin drogada 
Eu sou Rita Lee 
Sou a mulher da rua 
Sou a que posa na revista nua 
Sou Simone de Beauvoir 
Eu sou Dadá 
 
Eu sou assim... 

Ainda sou a operária 
Doméstica, humilhada 
Eu sou a fiel e a safada 
Aquela que vê a novela 
A que disse não 
Sou a que sonha com artista 
De televisão 
A que faz a feira 
Sou o feitiço, sou a feiticeira 
Sou a que cedeu ao patrão 
Sou a solidão 

Eu sou assim... 

 

Meu Pião/Águas de Março
(Zé do Norte/ Tom Jobim)

O meu pião ele só roda com ponteira
O meu pião ele só roda com ponteira
A ponteirinha é rasteirinha pelo chão
Ponteirinha é rasteirinha pelo chão
O meu pião é feito de goiabeira
Ele só roda com ponteira
Na palma da minha mão
Dança morena
No meio desse salão
Requebrando o corpo todo
No ronco desse pião
Dance na mão dance na mão
Dance na mão dance na mão
Meu pião
É peroba do campo
É o nó da madeira
Caingá candeia
É matita pereira
É madeira do vento
Tombo na ribanceira
É um mistério profundo
É um queira ou não queira
Queira queira ou não queira
É um queira ou não queira queira

O meu pião ele só roda com ponteira

 

Mister Mistério

Geraldo Azevedo

Mister Mistério
Mister Mistério sou
É sou, eu já estou

Mister Mistério
Mister Misterioso
Mister Mistério

Esconder o crime
E disfarçar a dor

Ex, ex, ‘excândalo’
Escapada de carreira maneira

 

Morena Linda Flor

Geraldo Azevedo/ Geraldo Amaral)

Admiro o teu valor
Morena, linda flor
Entenda minha paixão
Ai! Meu coração
É um cantador
Que faz da vida uma canção

O que passou já passou
E em tudo que ficou
Eu tenho a minha razão
A canoa não virou
Só porque o amor
Guiou meu coração

Nada melhor do que a luz
Que ilumina depois
Porta de vidro, queixume
Veneno e ciúme
Escondem nós dois
Posso algum dia mudar
Mas agora você é meu desejo
Amor
Morena, linda flor
Entenda, por favor
Toda essa minha paixão
A canoa não virou
Só porque o amor
Guiou meu coração

Mulata no coco

Oscar Barbosa/Geraldo Nunes


Olha o balanço das "cadeira" dela
Olha o balanço das "cadeira" dela dá
Olha o balanço das "cadeira" dela
Fiz esse coco só pra ela balançar

Olha o balanço das "cadeira" dela
Olha o balanço das "cadeira" dela dá
Olha o balanço das "cadeira" dela
Fiz esse coco só pra ela balançar

Quando eu gritei o coco
A mulata se espalhou
Com o chiado da sandália dela
A poeira levantou

A moçada lhe cobriu de palmas
Ela encena e tornou a voltar
Com satisfação voltei a cantar esse coco
Que eu fiz só pra ela balançar
 

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