Ele canta na maratona de pop rock que
começou ontem na capital baiana; esse será seu primeiro show profissional desde que
assumiu o Ministério da Cultura
JOTABÊ
MEDEIROS
SALVADOR - O cantor, compositor e ministro da Cultura Gilberto Gil fará hoje
(dia 30/1, quinta) em Salvador seu primeiro show profissional desde que assumiu o
ministério. Gil e sua banda são uma das atrações do Festival de Verão de Salvador,
uma maratona de pop rock que começou há cinco anos e reúne entre 150 mil e 200 mil
pessoas na praia - cerca de 50 mil a cada dia de shows.
"Nós o convidamos em outubro, bem
antes de ele assumir o ministério", conta o diretor artístico do festival,
Maurício Magalhães. O festival será realizado no Parque de Exposições de Salvador e
mistura tudo, ao estilo baiano, do axé ao rock, do eletrônico ao indie.
"Consideramos que o conceito é o de um grande parque temático", diz
Magalhães. Segundo ele, a montanha russa do seu parque é o palco principal, que terá o
ministro Gil tentando mostrar que não perdeu a forma no gabinete. "Diferentemente de
outras cidades brasileiras, Salvador é um lugar onde as divergências convivem
pacificamente".
Trata-se de uma mostra bem-estruturada e
ambiciosa, de perfil mais comercial, que tem um custo estimado em R$ 4,5 milhões -
patrocinados principalmente pela Coelba (companhia de eletricidade da Bahia), pela Tim e
Sempre Livre - e contabiliza em seu currículo algumas vitórias históricas.
Em 2001, o festival baiano teve o topete de
encarar o poderoso Rock in Rio Por Um Mundo Melhor, abrigando um grupo de
"dissidentes" do festival carioca. Inconformados pelo tratamento
"discriminatório" que enfrentaram da organização do Rock in Rio, as bandas
Cidade Negra, O Rappa, Charlie Brown Jr., Jota Quest e Skank desertaram da maratona e
foram à Bahia.
Pelo Festival de Verão de Salvador também
passaram atrações internacionais, como Max Priest e Men at Work, e houve até uma cena
insólita: o cantor e compositor Chico Buarque apareceu de surpresa, há dois anos, para
dar uma canja no show do genro, Carlinhos Brown.
Este ano, o cast do festival, além de
incluir atrações consagradas como Paralamas do Sucesso, Planet Hemp, Jota Quest, CPM22,
Zezé di Camargo e Luciano, Lulu Santos, O Rappa, Ivete Sangalo e Gil, também absorve a
novidade tecnológica e artística. Dois novos espaços, em tendas separadas do palco
principal, trarão estrelas do mundo eletrônico, como o DJ Patife (Zona Eletrônica), e
bandas novas, na Tenda dos Emergentes. Haverá ainda uma Arena de Esportes Radicais, para
os convivas de espírito temerário.
O festival começa hoje, com show de Davi
Moraes, Paralamas, Skank, O Rappa e Araketu. Sem atrações internacionais, por causa do
dólar ("É a segunda vez que não trouxemos ninguém, por causa do dólar
instável", diz Magalhães), o festival conta com trunfos geográficos para emplacar
como um grande negócio para seus organizadores. Tem difusão garantida pelos canais por
assinatura GNT e a Globo Internacional também apóia. Será exibido também como especial
da TV aberta e, pelo terceiro ano, terá exibição do Multishow.
Gilberto Gil reapresenta em Salvador o seu
show Kaya'n Gan Daya, lançado no segundo semestre do ano passado, no qual celebra a
música do jamaicano Bob Marley. Com cenários de Luiz Zerbini, Gil canta acompanhado de
Arthur Maia (baixo), Carlos Malta (sax e flauta), Cláudio Andrade (teclado) Gustavo e
Leonardo (percussão) Jorginho Gomes (bateria), Sergio Chiavazzoli (guitarra) e Cícero
Assis (acordeão).
(© O Estado de S. Paulo)