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 O homem que ergueu seu sonho de pedra

24/03/2005

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Jornalista Jamildo Melo lança, em Nova Jerusalém, o livro A Paixão de Plínio, editado pela Bagaço e que recupera a história de Plínio Pacheco, criador do maior teatro ao ar livre do mundo

JANAÍNA LIMA

   O sonho de pedra de Plínio Pacheco de construir a cidade-teatro de Nova Jerusalém é apenas um dos assuntos revelados pelo jornalista Jamildo Melo no livro A Paixão de Plínio. A obra, editada pela Bagaço, reconstrói a trajetória do gaúcho que se encantou por Pernambuco, e, mais precisamente, pela cidade de Fazenda Nova e pela vontade de erguer nela o maior teatro ao ar livre do mundo.

   Jamildo escreveu o livro com texto preciso, detalhista, como se estivesse redigindo uma grande reportagem investigativa sobre o homem que deu nova dimensão à encenação do drama da Paixão – que começou a ser encenado em Brejo da Madre de Deus pelo sogro, Epaminondas Mendonça, em 1951.

   Contando com a ajuda fundamental do cenógrafo Víctor Moreira, grande amigo de Plínio, que teve o cuidado de preservar a vasta correspondência que trocou com o produtor, Jamildo consegue dar voz ao biografado, como se o livro tivesse se originado de uma longa entrevista (o que de fato nunca ocorreu). “Conhecia Plínio sim, conversava com ele, mas nunca com propósito de escrever nada. Profissionalmente, nunca o entrevistei. A idéia do livro só veio mesmo depois de sua morte”, revela Jamildo.

   Repórter da editoria de Economia do JC, o autor vasculhou fatos marcantes da história do Brasil, em especial os anos de chumbo. A ditadura e a relação de Plínio com os militares – o produtor começou a vida na construção civil, aos 16 anos, mas logo depois ingressou na Força Aérea Brasileira, e posteriormente atuou como jornalista – é um tema que percorre praticamente toda a obra, com passagens pitorescas e emocionantes.

   Um exemplo é o capítulo 11, intitulado de Horto das Oliveiras, que narra o episódio da cancelamento do Festival de Verão, em 1974. “Me emocionei quando escrevi este capítulo, porque foi uma passagem delicada na história da Sociedade Teatral e da imprensa. Apenas o Jornal do Brasil publicou reportagem sobre o fato, e isso graças à jornalista Letícia Lins”. Jamildo registrou o agradecimento de Plínio à repórter: “A primeira vez que eles se encontraram, ele falou: ‘Para jornalista inteligente não existe ditadura’.”

   No episódio citado, Plínio Pacheco foi obrigado a entrar num helicóptero e vir para o Recife só para ouvir que o show – que havia sido previamente autorizado pelo governo – estava proibido por motivos de ordem pública. “O objetivo da iniciativa não parecia ser tirar Plínio de circulação, apenas humilhá-lo”, analisa.

   A vida nas redações, ponto em comum entre o autor e o biografado, também ocupa lugar de destaque. “Não é exagero dizer que Plínio desenhou as muralhas de Nova Jerusalém na redação do Jornal do Commercio”, conta Jamildo, que pesquisou em jornais das décadas de 60 e 70 para recuperar a situação política de Pernambuco e do Brasil na época.

   Essa opção do jornalista de localizar minuciosamente a situação histórica e social que motivaram o produtor cultural faz de A Paixão de Plínio uma obra muito mais sobre uma personalidade de destaque de Pernambuco do que um registro da vida cultural do Estado. “Minha obra não é teatral, porque não sou homem de teatro, não me atreveria a isso. Mas não deixei de rechear o livro com acontecimentos que marcaram a cultura pernambucana”, argumentou o autor.

   O fato é que A Paixão de Plínio, mesmo não sendo um livro de teatro, recupera uma parte importante das artes cênicas em Pernambuco, já que narra todo o processo da criação do espetáculo, desde quando era encenado nas ruas de Fazenda Nova ao processo que culminou com o afastamento de José Pimentel da produção e deu início à seqüência de atores globais vivendo o papel de Cristo.

   Fatos independentes, que numa apreciação mais ligeira não tiveram relação à Paixão, mas repercutiram fortemente na sociedade cultural, como a celeuma entre o crítico Celso Marconi e o dramaturgo Ariano Suassuna (por causa de uma crítica publicada, Ariano deu dois socos em Marconi), também estão registrados. Isso ocorreu na ocasião das filmagens da versão original do filme Auto da Compadecida, que em parte foi gravado nas muralhas de Fazenda Nova.

   Como todo bom pesquisador que se preza, Jamildo salienta que o livro não é uma versão definitiva. “Entrevistei umas 20 pessoas, passei quatro meses escrevendo, mas tenho muito mais a dizer. Plínio era um homem múltiplo, intelectualizado, que se relacionava com muita gente”, ressalta ele, que já imagina uma lançar uma edição nacional e ampliada da obra.

A obra tem prefácio de Fernando Menezes, diagramação de Karla Tenório, e será vendida por R$ 27.

(© JC Online)


Fé nos globais e na megaprodução

Paixão de Cristo de Nova Jerusalém encerra temporada no Sábado de Aleluia

   Repetindo a fórmula cenário majestoso + escalação de atores globais famosos, a Paixão de Cristo, de Nova Jerusalém, deve continuar sendo, nos próximos anos, o destino de muitos pernambucanos e turistas durante a Semana Santa.

   Desta vez, o elenco de convidados da Rede Globo conta com Eriberto Leão (o Tomé, da novela Cabocla), atuando no papel de Jesus, Malvino Salvador (Tobias, da mesma novela), como Pilatos, e Ângela Vieira, na pele de Maria, mãe de Cristo. Além deles, Xuruca Pacheco, produtora do megaespetáculo, interpreta Madalena, e Pedro Henrique continua como o discípulo Judas. No total, 500 pessoas, entre protagonistas, antagonistas e figurantes, atuam na montagem de Fazenda Nova (a 180 km do Recife).

   A expectativa é de que mais de 20 mil pessoas visitem diariamente o maior teatro ao ar livre do mundo até o Sábado de Aleluia, dia em que a temporada da peça acaba. Entre os rostos badalados do megaespetáculo, vale prestar atenção à atuação de Eriberto, de 33 anos. Ele não tem a fama de um Fábio Assunção, que também já foi o protagonista, mas tem uma atuação de destaque.

Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, até o Sábado de Aleluia, às 18h. Ingressos: R$ 40 (amanhã) e R$ 30 (hoje e demais dias). Com meia-entrada para estudantes e idosos.

(© JC Online)


Pimentel vive Cristo pelo 27º ano

   Enquanto parte do público volta os olhares para a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, o ator e diretor José Pimentel realiza a nona edição do seu espetáculo a Paixão de Cristo, aqui do Recife. A peça continua no Marco Zero, no Bairro do Recife, às 20h. A temporada deste ano vai até domingo e marca 27 anos de Pimentel atuando no papel de Jesus – e 36 como diretor do mesmo espetáculo (inclusive o de Fazenda Nova).

   A estimativa dos organizadores é que a encenação atraia um público maior que o do ano passado, quando cerca de 100 mil pessoas foram ao Marco Zero. Desta vez, para realizar a montagem, o ator contou com o patrocínio da Fundarpe (Governo do Estado de Pernambuco), da Prefeitura do Recife e de empresas privadas.

   Três palcos e nove cenas compõem a Paixão do Recife, uma versão bem mais reduzida e barata que a peça feita em Nova Jerusalém, com atores globais. Mas o elenco não fica atrás em termos de número, tem 100 atores e 300 figurantes, todos de Pernambuco.

   Entre os atores escalados, estão Paula de Renor (Madalena), Vanda Phaelante (Maria), Ivo Barreto (um demônio e Judas Iscariotes), Octávio Catanho (Pilatos) e Marcos Macena, que substitui o falecido dramaturgo Marco Camarotti.

A Paixão de Cristo do Recife vai até domingo, no Marco Zero. Entrada franca

(© JC Online)


Outras Paixões

Paixão de Cristo de Casa Forte

Amanhã, às 18h, no salão paroquial da Igreja de Casa Forte – Praça de Casa Forte. Ingresso: R$ 2

Paixão de Jesus

De hoje ao Sábado de Aleluia, às 21h, no Pátio de Eventos, Centro, Gravatá. Aberta ao público

Paixão de Cristo de Ponta de Pedras

Hoje e amanhã, às 21h, na Praia de Ponta de Pedras, em Goiana.
Entrada gratuita.

(© JC Online)

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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