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 A música visual do Rivotrill

 

 

Divulgação

O Rivotrill lança CD de estréia
 

Trio que faz experimentações de ritmos de um modo peculiar lança CD de estréia.

Marcos Toledo
mtoledo@jc.com.br

Uma semente plantada há 42 anos pelo original Quarteto Novo (Theo de Barros, Heraldo do Monte, Airto Moreira & Hermeto Pascoal) é responsável hoje pela existência de dois grupos expoentes da música instrumental em Pernambuco: o trio Treminhão, que lançou em 2006 o CD homônimo de estréia, e o Rivotrill que, amanhã apresenta ao público recifense seu primeiro álbum, Curva de vento.

Enquanto o Treminhão, embora igualmente cercado por influências do jazz, optou por seguir uma linha mais regional, o Rivotrill fez o percurso contrário, e com uma experimentação ainda mais evidente. O resultado é um disco conceitual com sonoridade difícil de rotular, mas possível de exemplificar: imagine num mesmo palco ou mesma sessão, juntos, a grupo inglês Jethro Tull tocando com a Banda de Pífanos de Caruaru e o baixista Charles Mingus.

O Rivotrill (o nome é um trocadilho com a marca registra com a qual é comercializado o tranqüilizante Clonazepam) é formado por Junior Crato (flauta transversal e saxofone tenor), 28 anos, Rafa Duarte (contrabaixo elétrico), 22, e Lucas dos Prazeres (percussão), 23. Três garotos com formação que mistura experiência popular com acadêmica, emergentes no mercado profissional por começarem a cair no gosto dos veteranos sendo contratados como sidemen em shows e gravações, e que, com este projeto, fizeram sua estréia com um trabalho próprio autoral.

Apesar de despontar na cena musical pernambucana há dois anos e meio, o grupo começou há muito mais tempo – que nem seus integrantes sabem precisar – quando formaram a banda Jahovia com o amigo Yuri Queiroga. Quando este viajou em turnê com o cantor Silvério Pessoa para a Europa, para não ficar parados os demais membros convocaram outros músicos para desenvolver algumas composições que Junior Crato tinha na gaveta. Acabou que apenas o trio levou o projeto adiante.

“Os primeiros encontros foram para tirar as músicas de Junior. Foi dele essa idéia de ter os temas (musicais) partidos”, lembra Lucas. “Isso já deu um norte, cada um tirou (as músicas) a sua maneira.” O próprio flautista explica por que as composições tem um ar de música de cinema. “Quando ia compor, eu pensava numa história e que ia fazer a trilha dessa história”, conta. “É muito audiovisual. Quando pensei Curva de vento (a faixa-título, de autoria dele) pensei que começa assim, com um tufão”, fala, gesticulando.

Em geral, o álbum tem esse conceito visual e o trio garante que investe principalmente na alternância de timbres para não cansar o ouvinte, motivo pelo conta um set de 300 kg de equipamento, a maior parte percussão. Ainda assim, Junior ressalta que o processo de composição não segue um processo rigoroso. Temas como Charo cubano (Rafa) e Espinho de mandacaru (Junior) nasceram obedecendo a um gênero, a salsa e o baião, respectivamente.

Curva de vento, o álbum, confirma o rápido amadurecimento de três jovens em seu primeiro projeto autoral. É mais uma feliz experiência que promete continuar em constante mutação, mas que já está pronto para ganhar o mundo, como um dia ocorreu com outros grupos bem-sucedidos da cena local, como Nação Zumbi e Cordel do Fogo Encantando, apenas para citar dois exemplos.

A dificuldade, decerto, pode ocorrer por se tratar de um conjunto instrumental, o que os integrantes afirmam ter consciência. “A gente abraçou uma causa difícil. Mas acredito que no mundo da arte o que funciona é o inovador. O que garante é a gente estar fazendo algo original e o conceito da música da gente, que não tem um gênero”, afirma Junior. “E tem tido uma boa resposta de público, quer ele entenda, quer não. Meu pai mesmo não entende, mas disse que ficou um show inteiro vendo e esperando o que ia acontecer.”

O show de hoje conta com participação de três convidados especiais do disco: Yuri Queiroga, autor das programações de Pirangueiro (de sua autoria, único tema que não foi composto pelo trio), o maestro Spok, que toca sax em Cangote, e Fabinho Costa, trompete em Charo cubano. O repertório, que conta com nove das dez faixas do álbum, é completado com uma música do percussionista francês Bernard Lubat e a inédita Karai (pronuncia-se: caraí).

(© JC Online)

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