Divulgação
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DJ Dolores
lança "1 Real"
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Disco do produtor, que se apresenta no Marco
Zero, sai primeiro no exterior
Pernambucano mostra faixas de álbum inédito no Carnaval recifense, que
reafirmam seu diálogo com música eletrônica periférica
BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dono de batidas eletrônicas que recriam a cultura popular pernambucana, DJ
Dolores se apresenta domingo no Marco Zero, palco principal do Carnaval
recifense. Com uma carreira estruturada fora do Brasil, é uma das poucas
apresentações do produtor no país, que trará faixas de seu terceiro e ainda
inédito disco "1 Real".
O título é uma referência a gêneros musicais populares do Norte e Nordeste,
como o forrozão de Manaus ou o tecnobrega do Pará, que inspiraram esse
disco. "São criações supersimples, toscas até, feitas em estúdios caseiros.
Os caras sampleiam tudo -videogame, comercial de TV. Daí o título, "1 Real",
um fascínio por essa cultura de música barata, meio fuleira e imediatista de
hits que se renovam muito rapidamente."
A limitação destes gêneros também é identificada como sua. "Eu não sou
músico, sou muito limitado. Programo, faço os arranjos e peço para um amigo
passar para a partitura para os músicos tocarem."
O diálogo com a música eletrônica periférica e uma relutância com uma
estética puramente preservacionista permeiam o trabalho de Dolores. Neste
mês, ele ensaiava no Brasil "Hotel Medeia", espetáculo teatral de uma
companhia inglesa, que estreará na Escócia, com atores de todo o mundo -o
que dá pistas sobre seu cosmopolitismo.
"Meu papel é inserir a figura do DJ no lugar de simplesmente deixá-los
repetir o maracatu, que é a referência deles", conta. "Inseri bootlegs de
hits de pista com células de maracatu rural, pois uma festa desse gênero no
interior é exatamente assim: os músicos fazem versões do que está rolando no
momento nas rádios e na TV com as batidas de maracatu. Nenhum deles se
preocupa com retóricas preservacionistas", afirma.
"É também algo ideológico: acho ruim quando as pessoas tentam só repetir [o
maracatu] como se fosse uma coisa "rousseauniana", preservando o bom
selvagem. É besteira, como escola de samba de Nova York."
Canção
O DNA de "1 Real", conta, é a canção. "Esse disco tem mais letra, é bem mais
dançante que os anteriores, com menos efeitos." Com lançamento em toda a
Europa neste mês, Japão e EUA em seguida, Dolores tem dúvidas quanto ao
lançamento do álbum no Brasil, depois de ter lançado seu segundo disco por
um selo que ele mesmo criou, experiência que considerou desastrosa. "Por
mim, eu colocava tudo para download, mas não posso por causa do meu contrato
com a gravadora lá fora. Eu estimulo as pessoas a copiarem ele."
No fim de fevereiro, Dolores e a Aparelhagem (grupo que o acompanha em
shows), embarcam para a Europa. "Vão ser 15 dias tocando diariamente",
conta. As constantes turnês fora do Brasil são fruto de uma escolha de linha
de trabalho. "Lá fora o reconhecimento é mais fácil, o público é mais
aberto, os cachês são melhores."
Dolores reluta em tocar em palcos destinados a artistas de world music. "Não
faz sentido sair daqui e tocar para brasileiros e europeus em busca de
coisas exóticas", avalia. "Esse termo [world music] está tão desgastado, tem
tanta gente usando eletrônica com influência da música pop", afirma o DJ, em
sua busca por transcender os regionalismos e evitar os estereótipos.
1 REAL
Artista: DJ Dolores
Gravadora: Crammed (www.crammed.be)
(©
JC Online)
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