Há uma invasão ocorrendo em São Paulo. Mas,
calma: não se trata de nenhuma manifestação na Paulista ou coisas do
tipo. É uma "invasão" pacífica vinda de Pernambuco, recheada de música
da melhor qualidade. É o que verá quem for ao Auditório Ibirapuera este
fim de semana, que será palco dos shows de Siba Veloso, Junio Barreto e
Ortinho. Nesta sexta-feira, 7, e no sábado, 8, Siba se apresenta com a
Fuloresta, onde mostra o repertório de Toda vez que eu dou um passo o
mundo sai do lugar, um dos CDs mais elogiados no ano passado. No
domingo, 9, é a vez de Junior Barreto e Ortinho, que apresentam o show
'Amigos Bons', sucesso no carnaval de Recife deste ano.
Todos eles são nomes mais conhecidos no circuito
alternativo, figuras que não atraem os holofotes ditos comerciais. Mas
para o músico Siba, um dos criadores do grupo Mestre Ambrósio, é, na
verdade, um problema também dos meios de comunicação e do próprio
mercado, que "são mais fechados". "O que faz com que limite nosso
alcance ao um público potencial, que a gente sabe que existe. Há demanda
para uma música brasileira mais sofistica, bem trabalhada, mas é suprida
em razão de como funciona o mercado", comenta.
É exatamente o simples sofisticado que Siba propõe em
seu trabalho. Ele saiu da caótica cidade grande, a São Paulo, pela
calmaria da Mata Norte. Foi lá que aprofundou seu trabalho, em que a
essência é a poesia rimada, com ciranda e maracatu. No primeiro disco
com a Fuloresta, Siba já ia por esse caminho, mas de uma forma "mais
lírica", como ele diz. "Essa poesia do segundo disco é mais direta, se
comunica mais fácil com as pessoas, sem subterfúgio de palco. É as
pessoas frente a frente no plano físico, pessoas que querem te
entender."
Mas foi dos tempos que passou em São Paulo, que Siba
carregou para o álbum a leva de amigos para as participações especiais,
como Céu, Antonio Pinto, Lúcio Maia, Arthur de Faria, Catatau, Beto
Villares, Biu Roque, entre outros, além do encarte realizado pela dupla
de grafiteiros OsGêmeos. "Todos eles, sem exceção, tem uma história
profunda com a Fuloresta. São artistas que respeito muito e que seguem
um caminho parecido com o nosso", diz. Para o show, Siba não irá
reproduzir o disco fielmente. "É mais um compromisso com a rua mesmo. O
palco é muita percussão sobre a voz, com bastante improviso, uma pegada
mais aberta mesmo."
Além de cenário desenhado pelos grafiteiros que
estiveram no CD, Siba conta com a presença dos amigos no palco. Nesta
sexta-feira, 7, Céu, Arthur de Faria e Catatau fazem participações
especiais. No sábado, 8, Arthur repete a participação, mas desta vez
acompanhado de Jorge du Peixe e Lúcio Maia. "Eles (os convidados) vão
trazer um pouco a atmosfera do disco."
Domingueira pernambucana
E no domingo a invasão musical dos pernambucanos
continua, mas agora com Junio Barreto e Ortinho. O primeiro traz as
canções do CD homônimo, já Ortinho apresenta repertório calcado no disco
Somos. Junio Barreto desenvolve sonoridades mais parecidas com as de
Siba e é, talvez, nome que despontou mais nos últimos tempos, tendo sido
gravado por nomes da nova geração, como Roberta Sá. Já Ortinho é mais
ligado ao mangue beat. Para a apresentação, somos influências
enraizadas, de Pernambuco, e trazem convidados: Mariana Aydar, Lirinha
(Cordel do Fogo Encantado) e Clayton. É um fim de semana musicalmente
pernambucano. E imperdível.
Siba e a Fuloresta.
Nesta sexta-feira, 7, e sábado, 8, às 21h. R$ 30.
Junio Barreto e Ortinho. Domingo, 9, 18h. R$ 30.
Auditório Ibirapuera. Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 2 do Parque
do Ibirapuera.