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Zé Ramalho evoca a contracultura e reverencia Bob Dylan em DVD e CD

07/01/2009

 

 

Fotos: Divulgação

Zé Ramalho

Adriana Del Ré

Um dos muitos compositores que fizeram a trilha sonora da juventude de Zé Ramalho - e ajudaram a ampliar sua formação musical -, o americano Bob Dylan foi descoberto pelo paraibano no período da contracultura, no fim da década de 60. Ao ouvir um disco com vários sucessos de Dylan, lhe chamou atenção, em particular, seu jeito de cantar e as longas letras de suas músicas, de cunho político, social e lisérgico. Passados anos tendo Dylan como compositor de cabeceira, Ramalho presta agora reverência a ele no CD e DVD Zé Ramalho Canta Bob Dylan - Tá Tudo Mudando (EMI).

"Era um projeto que eu estava amadurecendo havia alguns anos. Meu conhecimento da obra dele é muito amplo. É como mergulhar nos sentimentos de um poeta para outro, além de misturar os dois universos, saindo um novo som", define.

Ramalho já havia esboçado o desejo de homenageá-lo na versão em português que escreveu para Knockin? on Heaven?s Door, na década de 90. Naquela época, ele estava gravando 20 Anos - Antologia Acústica enquanto rodava o Brasil, apresentando-se ao lado de Alceu Valença, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo no projeto O Grande Encontro. "Nas passagens de som, intuitivamente, passei a fazer a versão. Começava cantando em inglês e fui colocando a letra em português. Surgiu naturalmente, de um feeling."

Por quase dois anos, Zé Ramalho encarou o desafio de versionar para o português canções de Dylan, mantendo-se, o máximo possível, fiel ao material original. O que poderia ser uma cilada, ainda mais se tratando de um compositor de estilo tão irreproduzível como o de Dylan. "Tive grande cuidado para não fugir da visão do poeta, mesmo citando metáforas diferentes ou situações diversas. O prazer de ver o resultado final pronto foi maior do que os desafios e as dificuldades."

Ousou transportar para seu universo "nordeste-MPB-quase-nada-de-pop" composições como o clássico Blowin? in the Wind, rebatizado de O Vento Vai Responder. O Homem Deu Nome a Todos Animais é a tradução literal da bíblica Man Gave Names to All the Animals - faixa do disco Slow Train Coming, que ressoava a conversão de Dylan ao cristianismo.

Com o parceiro Babal, a emblemática Like a Rolling Stone virou Como Uma Pedra a Rolar e, com o mesmo Babal, fez de outro clássico dylaniano, Don?t Think Twice, It?s All Right, a canção Não Pense Duas Vezes, Tá Tudo Bem. A faixa Rock Feelingood nasceu de Tombstone Blues, numa parceria com Maurício Baia.

Para esse projeto afetivo, Ramalho angariou colaborações de outros versionistas, como Caetano Veloso e Péricles Cavalcante, autores de Negro Amor, inspirada em It?s All Over Now, Baby Blue (que foi gravada por Gal Costa no álbum Caras e Bocas, em 1977). O Amanhã É Distante, versão de Geraldo Azevedo e Babal para Tomorrow Is a Long Time e sucesso na voz do próprio Geraldo, ganha nova releitura na interpretação de Zé Ramalho.

A faixa-título é assinada pela dupla Baia e Gabriel Moura e foi inspirada em Things Have Changed, vencedora do Oscar de melhor canção original pelo filme Garotos Incríveis, de 2000.

Produzido por Robertinho do Recife, Tá Tudo Mudando traz ainda uma música inédita, Para Dylan, de autoria de Ramalho, e uma outra, If Not For You, cantada em inglês. CD e DVD foram gravados nos Studios Robertinho do Recife - Pólo Rio de Cine e Vídeo, no Rio, no formato ao vivo, com Zé Ramalho acompanhado de sua banda no palco. Mas sem plateia, segundo o compositor, para facilitar a captação dos sons, instrumentos e vocais.

Bob Dylan pode não ter entendido uma palavra do que está sendo cantado no disco desse seu admirador brasileiro. Mesmo assim, ele comprou a ideia e deu aval para Zé Ramalho seguir adiante. Sem esse consentimento, o músico paraibano teria de engavetar o antigo projeto. "Ele liberou, com louvor, as versões", diz, orgulhoso. "Aprovou totalmente o trabalho."  
 

(© Estadão)

 


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