José Teles
teles@jc.com.br
Passados 37 anos desde o álbum de estreia,
o Quinteto Violado lança Quinto elemento, o 32º disco (sem contar com
projetos especiais), de uma das carreiras mais bem-sucedidas da música
pernambucana. O lançamento acontece com um show, baseado no repertório do
CD, neste sábado, às 21h, no Teatro de Santa Isabel, dentro da programação
do projeto Janeiro de Grandes Espetáculos.
Registrado numa série de três shows, apresentados em agosto passado, no
teatro Fecap, em São Paulo, Quinto elemento é um dos mais importantes
trabalhos do grupo por vários motivos: ser o primeiro sem o baixista Toinho
Alves (a quem o álbum é dedicado); o único disco inteiramente autoral do QV;
e por marcar uma nova fase na carreira de uma banda que vem mudando, sem
radicalizar, sua estética ao longo dos anos, incorporando outras sonoridades
e ritmos. Quando se diz “único disco autoral” as pessoas estranham. Mas
embora tenham gravado várias composições de integrantes do grupo, o QV
sempre as mesclava com músicas de outros autores.
“A gente vinha de dois discos de tributos,
a Luiz Gonzaga e a Geraldo Vandré, de frevo, e de uma retrospectiva em DVD,
então decidimos por um álbum autoral”, diz Marcelo Melo, hoje o único
integrante da formação original do Quinteto Violado. Toinho Alves foi uma
espécie de maestro, mentor musical do QV, com seu desaparecimento os demais
integrantes resolveram unir forças, agora todos participam mais ativamente
da concepção sonora do grupo, tanto nos arranjos, quando nas composições e
interpretações. No disco o quinteto contou com a as luxuosas participações
de Guinga (violão), Toninho Ferragutti (acordeom), Raminho (percussão) e
Thiago Fournier (baixo). O QV continua retrabalhando a música tradicional
nordestina, mas entre um baião ou um maracatu, pode irromper um samba, como
acontece com Respeito é bom e eu gosto, um sambão bem dançante, de Toinho
Alves, que é homenageado no xote Do lado de lá, de Roberto Medeiros.
O repertório de 15 faixas de Quinto
elemento é aberto com um maracatu-canção que dá título ao disco (parceria de
Toinho e Marcelo), seguido por Mata branca (Marcelo Melo), um baião que
poderia estar em qualquer dos álbuns clássicos do QV. O cordel A eleição do
diabo e a posse de Lampião no Inferno, de Severino G.Oliveira, recebeu uma
adaptação de Marcelo Melo, batizada de Contos de zelação (com citação de Te
entrega Corisco, de Deus e o diabo na terra do sol, de Gláuber Rocha). Pela
qualidade do repertório deste trabalho, o Quinteto Violado deveria ter feito
seu disco autoral há mais tempo. No palco estarão Marcelo Melo (violão,
viola e voz), Ciano (flautas), Dudu Alves (piano e teclados) e Roberto
Medeiros (percussão e voz). O grupo terá ainda o reforço do contrabaixista
Thiago Fournier e do percussionista Raminho.
A abertura do show será feita pelo grupo
Fim de Feira, que lançou seu álbum de estreia no ano passado, e tem uma
proposta musical baseada nos ritmos nordestinos, e claramente influenciado
pelo Quinteto Violado. O grupo formado em 2004, por universitários, já
lançou em 2008 o elogiado A revolução dos pebas e faz uma música em que
entram também elementos da poesia popular sertaneja.
SERVIÇO
Show do CD Quinto elemento, do Quinteto Violado, que faz show
baseado no repertório do disco. A abertura ficará por conta do grupo Fim de
Feira, às 21h, no Teatro de Santa Isabel, Praça da República s/s. Ingressos:
R$15 e R$7,50. Outras informações: 3232-2940
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