Ceci Alves, do A TARDE

“A crise não chegou ao Carnaval da Bahia”, sentenciou a cantora Ivete Sangalo, durante a sua coletiva de Carnaval, na tarde de terça-feira, dia 10, em uma locação inusitada para esse tipo de evento: o Museu da Capoeira, no Forte do Santo Antônio Além do Carmo.

E, se crise houvesse, Ivete Sangalo dela nem tomaria conhecimento: em 2009, seu grupo investiu R$ 2,5 milhões em seu novo e luxuoso trio, o Demolidor 3, banhou a ouro desde o seu microfone às ferragens dos instrumentos de seus músicos, e promete fantasias que traduzam todo o fausto do tema que escolheu – Deusas.

“Os dados das vendas do bloco estão 20% acima do que em 2008, os camarotes estão 30% a mais do que a captação de 2008”, informa Ivete. “O Cerveja & Cia ainda está à venda, mas vai muito bem, obrigada... A análise nesse grupo é bem mais favorável do que no ano passado”, diz, num dos raros momentos de seriedade da coletiva.

A artista é avalizada por Ricardo Martins, vice-presidente da sua empresa, a Caco de Telha: “A Bahia foi favorecida com a crise, porque o dólar subiu muito e muita gente que ia ao exterior ficou no Brasil. E Salvador é o primeiro destino procurado, pelo Carnaval”. E Ivete fecha questão: “Ninguém pode com nós”, brinca.

DVD adiado – Mas, mesmo para Ivete Sangalo, a crise pede cautela: ela achou por bem adiar em cerca de quatro meses a gravação de seu novo DVD ao vivo, que seria no Madison Square Garden, em Nova Iorque. “Seria em novembro deste ano. Não será mais, não por conta da nossa situação, mas pela situação dos EUA”, conta La Sangalo.

Conversas financeiras à parte, Ivete Sangalo abriu parte da caixa preta de seu Carnaval. Em 2009, ela diminui em três dias sua participação na folia de blocos, concentrando tudo em quatro. E ainda debuta em um bloco no circuito Barra-Ondina (Dodô).

Mas na Quarta-feira de Cinzas, ela continua puxando o tradicional Arrastão, bloco sem cordas que percorre o circuito Dodô e encerra o reinado de Momo.

Também na concorrida coletiva – da qual participou até o vereadora Leo Kret do Brasil –, Ivete adiantou alguma coisa do figurino. Idealizados por Patrícia Zuffa, estilista de Ivete há dez anos, e pela própria cantora, o figurino dos quatro dias à frente do Cerveja & Cia e Coruja homenageará as deusas das mitologias grega, africana, indiana e egípcia.

E ela afirma que as deusas vieram da inspiração de Dalila, personagem de sua música de trabalho de Carnaval, Cadê Dalila?, de Carlinhos Brown e Alain Tavares.

“Estou muito apegada a Dalila”, brinca. “É uma mulher inspiradora, e não deixa de ser uma deusa”. E segue: “Tentamos colocar na rua o melhor para o folião e o melhor para o planeta todo. O trio elétrico Demolidor, por exemplo, é todo feito em alumínio, o que reduz drasticamente a emissão de poluentes e o tamanho próprio do carro, em 10 toneladas. É uma precaução, também, em relação à cidade”, diz. “E Dalila vai estar belíssima, em cima do trio, dando tchau”, completa.