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100 anos de Patativa: Poética da liberdade

05/03/2009

 

 

 

O canto por um Brasil socialmente justo fez de patativa o maior poeta social do país. Mesmo sem atuar em partido político, o poeta Patativa do Assaré esteve envovido em todas

Regina Ribeiro
enviada ao Cariri

 
Hoje, 5 de março, o poeta Patativa do Assaré completaria 100 anos. A terra e o homem sertanejo transfigurados em poesia pôs o sertão cantado no centro dos temas políticos cruciais para o Brasil, no secúlo XX. “Sobre política eu faço é ironia, é crítica”. A frase está registrada no livro Patativa, poeta pássaro do Assaré, do pesquisador e professor da Universidade Federal do Ceará, Gilmar de Carvalho. Quase quatro década antes, Patativa deixara escrito na autobiografia que escreveu para o livro Inspiração Nordestina, em 1956: “Não tenho tendência política, sou apenas um revoltado contra as injustiças que venho notando desde que tomei algum conhecimento das coisas, provenientes talvez da política falsa, que continha muito fora do programa da verdadeira democracia”. Mesmo sem partido, Patativa do Assaré foi um poeta engajado do seu jeito. Não teve causa social a partir dos anos 60 do século XX que Patativa não tivesse tratado em sua poesia. Cantou a reforma agrária muito antes de se ligar a militantes das Ligas Camponesas e de surgir o Movimento dos Sem Terra, fez versos contra a ditadura militar e pelas Diretas Já. E foi, sim, o maior cantador das desigualdades sociais do Brasil. O realismo dos versos não embelezaram a feiura da pobreza que até hoje assola bolsões nos centros urbanos e rurais.

Durante o nervosismo dos anos 60, quando o Brasil viveu sob uma ditadura militar, a poesia de Patativa recocheteava pela Rádio Araripe. Nunca foi preso, mas o apresentador do programa, o radialista Elói Teles foi. O professor da Uece, B.C. Neto, que atuava junto ao campesinato do Crato, lembra de Patativa nessa época. “Os versos do Patativa eram de esperança. Ele partia do trágico, do sofrimento, da realidade do camponês nordestino, mas era da esperança que o poeta tratava. Ele sabia que aquele canto era um canto de busca do sonho do socialismo”, afirma o filósofo e poeta que dividiu com Patativa o show de poesia Por Amor ao Chão, interior do Ceará adentro. Para o poeta, B.C Neto escreveu: “Tínhamos vergonha dos grampos/ Das cercas de arame farpado/ Onde de um lado - era só jurema/ E do outro - era só jurema./ Figuras oprimidas/ Acuadas/ No canto da sala,/Bem na esquina do mundo,/ Esmagam tristezas ouvindo versos/ Do Patativa que canta/ O canto deste povão/ De uma terra onde Deus/ Plantou, semeou e colheu/ o Esperançar”. Ao que Patativa respondeu: “Imbora seja polida/ Sua bonita linguagem/ A mesma retrata a vida/ Da nossa gente servage/ No meu verso eu tou notando/ Que você tá me ajudando. Obrigado meu amigo,/ Pelo trabalho distinto/ Sentindo aquilo que eu sinto/ Dizendo aquilo que eu digo”.

Geraldo Gonçalves, companheiro de poesia de Patativa, relembra que o povo da roça amava Patativa e como a poesia social tornou Patativa o bardo conhecido que ele é hoje. “O povo da roça gostava do canto dele, muito antes do povo intelectualizado do Crato passar a divulgar sua poesia. O que fez Patativa crescer foram os poemas socias porque é defendendo o povo e o povo vive numa miséria tão grande que tudo que defende o povo os intelectuais valorizam. O Patativa podia ser do tamanho que ele é, mas se não escrevesse poesia social, ele não teria o valor e a grandeza que ele tem no Brasil. Foi a poesia social que ergueu Patativa. Foi ele falar a verdade, falar da roça, da reforma agrária, do governo, do regime militar. Isso foi que engrandeceu Patativa”, afirma Geraldo. Lição do Pinto foi um dos poemas famosos de Patativa na luta pela anistia no Brasil: “O pinto dentro do ovo/ está ensinando o povo/ que é preciso trabalhar/ bate o bico, bate o bico/ bate o bico, tico, tico/ pra poder se libertar”.

Personagens que viveram a efervescência cultural do Crato na década de 70 lembram de um Patativa que era uma referência para os jovens que militavam nos partidos de esquerda. “Patativa era o rescaldo de todo aquele espírito libertário que a revolução de março destruiu. Ele conseguiu se preservar porque estava nos matos. Nós nos envolvemos com grêmios estudantis, com a revolução de esquerda. Até que chegou a hora de escolher entre o desaparecimento ou a luta armada. Patativa fez disso o lúdico, o poema como era possível como fizerem com a música de protesto os artistas Geraldo Vandré, Chico Buarque, Edu Lobo, Caetano, Gilberto Gil. Patativa foi um ícone da juventude, uma referência. A sensibilidade poética dele, a transparência e memória fotográfica marcaram a geração da gente. Pra nós ele era um artista cheio. Ele era um gênio, e qualquer geração fica feliz de ter um gênio mestre falando de tão perto. Ele foi uma referência, apesar de estar sozinho, porque o gênio anda sempre sozinho, sobranceiro como a águia. Isso trouxe pra nós um alento e uma luz”, afirma o escritor Émerson Monteiro.

O cineasta
Cantar a sina do homem do campo em tempos de estiagem, as desavenças entre meeiros, agregados e fazendeiros, os recursos desiguais e escassos do poder público, os brasis que dividiam pobres, amealhados e ricos ocupou quase toda a poesia patativana. “Qualquer boa causa popular podia contar com a poesia de Patativa”, afirma o pesquisador e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Oswald Barroso, amigo de Patativa, autor de dois documentários sobre o mestre do sertão. Para ele, a atualidade da poesia de Patativa reside justamente no fato de ser “uma intérprete dos sentimentos mais profundos do homem brasileiro”. O cineasta Rosemberg Cariry, cineasta, diretor do filme Patativa do Assaré, Ave Poesia, q em cartaz, afirma que a visão política do poeta se confundia com a ética que caminhava junto do sentimento de justiça ligado ao cristianismo radical que predominava nas convicções do poeta. “Ele tinha uma visão muito crítica da sociedade e as injustiças impostas, das opressões que sofriam os camponeses e os operários, mas no fundamento disto, estava o homem”, afirma Rosemberg, um dos principais responsáveis pela divulgação do trabalho do Patativa do Assaré a partir da década de 70. O poeta chegou a escrever no jornal Nação Cariri, dirigido por Rosemberg. “Patativa subiu em palanque pela anistia, pelas eleições diretas e por muitas outras mobilizações sociais que considerava justas. Uma única vez participou de uma campanha partidária, em 1986, no movimento pró-mudanças que elegeu Tasso Jereissati como governador do Ceará.

O próprio Patativa conta em entrevista ao professor Gilmar de Carvalho que entrou na campanha de 1986 por causa de uma mentira que ouviu pelo rádio. O cordelista Pedro Bandeira disse no programa de rádio que comandava, que Tasso Jereissati era um comunista e quem garantia isso era um homem que não mentia: Patativa do Assaré. O poeta decidiu entrar para a campanha do então candidato para provar que Pedro Bandeira havia mentido. Tasso e Patativa ficaram amigos. Uma das histórias mais contadas em Assaré tem os dois como personagens. Tasso teria perguntado a Patativa o que ele gostaria de ganhar de presente de aniversário: uma casa, um carro para facilitar as andanças o poeta, o que ele quisesse. Patativa respondeu: eu quero um chapéu novo. Ganhou o presente. Nos anos seguintes ouvia do governador do Estado: “Patativa, do que você está precisando?” O poeta respondia: “Eu não preciso de nada, mas Assaré precisa de água”. Em 1999, o problema de água de Assaré foi resolvido com a inauguração do Açude Canoas.

TRECHO

Brasi de cima e Brasi de baxo (Cante lá que eu canto cá)

Meu compadre Zé Fulô,
Meu amigo e companhêro,
Quage um ano que eu tou
Neste Rio de Janêro;
Eu saí do Cariri
Maginando que isto aqui
Era uma terra de sorte,
Mas fique sabendo tu
Que a miséra aqui no Su
É a mesma do Norte

Tudo o que procuro acho.
Eu pude vê neste crima,
Que tem o Brasi de baxo
E tem o Brasi de Cima
Brasi de Baxo, coitado!
É um pobre abandonado;
O de cima tem cartaz,
Um do ôtro é bem deferente:
Brasi de Cima é pra frente,
Brasi de Baxo é pra trás

Aqui no Brasi de Cima,
Não há dô nem indigença,
Reina o mais soave crima
De riqueza e de opulença;
Só se fala de progresso,
Riqueza e novo processo
De grandeza e produção.
Porém, no Brasil de Baxo
Sofre a feme e sofre o macho
A mais dura privação.

DEPOIMENTOS

> O cantor e compositor Abdoral Jamacaru, garoto de uns seis anos, conheceu Patativa no armarinho que o pai dele tinha no centro do Crato, onde o poeta, ainda violeiro, costumava comprar cordas para viola. “Já chegava recitando alguma coisa. Meu pai era muito amigo dele. Quando eu cresci e compreendi melhor, ele já estava fazendo só poesia. Eu achava que ele fazia apenas poesia matuta e a linguagem dele era muito diferente da minha. Até que um dia um li o poema Peixe e falei: quem escreve um poema desses não é qualquer um, é um poeta clássico”. Abdoral musicou o poema, levou para Patativa ouvir, ele gostou e autorizou a gravação. Peixe foi o segundo disco de Abdoral Jamacaru, que até hoje mora numa casa no centro do Crato. “Patativa ficou famoso pela poesia, mas continuou a mesma pessoa generosa, humana, nunca se fez de rogado para recitar os versos, sentava na calçada com os amigos, fazia brincadeiras comuns, tinha a roça dele, foi consagrado pelo povo. Porque o povo consagra o que é verdadeiro e o povo já tinha consagrado Patativa antes dos intelectuais o consagrarem”, afirma Jamacaru.

> A Tipografia São Francisco era uma das paradas de Patativa no Crato. É assim que chegam as lembranças do gravador e corcelista Stênio Diniz, neto e filho dos antigos donos da gráfica mais famosa de cordel do Brasil. O próprio Patativa teria rebatizado a gráfica, que passou a ser chamar Lira Nordestina. Hoje, a Lira pertence à Universidade Regional do Cariri. “Do balcao recitava os trabalhos novos. O bom dele era inspirar novos poetas. Sem ele muitos poetas que hoje existem não existiriam. Com uma uma memória excepcional, ele tinha todos os poemas na cabeça e recitava qualquer um. A poesia do Patativa tinha uma marca registrada. Era reconhecido pelo realismo extremo. Ouvir um poema dele era como ver um filme. Elentrava em detalhes, detalhava o ambiente, tinha uma facilidade muito grande. Foi um roceiro que nunca mercantilizou a obra”.

(© O Povo)

 


O Plantador de versos

Patativa do Assaré foi homem feito de terra, poesia e amizade. Nasceu Antônio. Quando abriu os olhos, estava na Serra de Santana. Era março, dia 5. Por esse mês, o olho do sertanejo corre o céu em busca de chuva. Em 1909 choveu. O menino parece ter marcado encontro com a agricultura. Sem pai aos oito anos, ficaram a mãe, os irmãos mais novos, a enxada e a esperança plantada na terra pouca, herdada. Começou na roça quase ao mesmo tempo em que se deparou com a poesia. Enquanto cultivava a terra, nasciam os versos. Foi assim a vida inteira. Mesmo no verão havia colheita de poesia.

Os filhos, arando a memória relembram o pai a caminho do roçado, na Serra de Santana, separada de Assaré por 18 km. Geraldo, filho mais velho, traquino e tanjão chegou a ralhar com Patativa em busca de entendimento. "Pai, na roça, tinha um mexido na boca. Um dia perguntei a ele: Com quem o senhor tá falando, se eu tô aqui do lado e num escuto nada?". "Ói menino, cuide do seu serviço que eu tô fazendo meus versos", ouviu como resposta. À noite arrodeava os filhos em volta da lamparina e recitava o plantio de palavras. Alguns outros poemas, Patativa esperava a noite quase esbarrar na madrugada para esgarranchá-los num pedaço de papel. O roceiro virou um clássico quando os versos de Triste Partida, feitos no roçado e burilados na memória do poeta alvorada adentro, chegaram numa toada pela voz de Luiz Gonzaga, em 1964. Estourou pelos quatro cantos do País. Vinte anos mais tarde, Vaca Estrela, Boi Fubá conquista o Brasil, na voz de Fagner.

"Quando a gente crescia ao ponto de poder trabalhar, ia pra roça ajudar. Pai mandava a gente ir na frente enquanto ele botava água na cabaça. Mas eu sabia que ele queria ficar sozinho pra ir fazendo os poemas dele". A filha Inês era menina de 10 anos quando começou a aprender a conviver com a poesia e o sol estridente; a chuva escassa e a precisão de tudo. "No tempo de pai é que era difícil. Não havia nem estrada para Assaré. Só uma veredinhas pra ir montado". O caçula Pedro recorda quando ia levar o pai para um lugarejo chamado Anduras. De lá, ele viajava para Assaré ou Crato. Marcava o dia da volta, eu tinha que tá lá esperando". Na seca de 1958, Inês conta que o pai teve de ir para uma frente de serviço na Serra da Ema. Nessa época, Patativa já havia lançado Inspiração Nordestina (1956), era conhecido nas rodas matutas, e na cidade, por causa da viola que ele tocava na feira do Crato e nos sítios, nas disputas de repente.

Foi por esse tempo que o cantor e compositor Abdoral Jamacaru, garoto de uns 6 anos via aquele violeiro no armarinho que o pai dele tinha no centro do Crato, onde Patativa costumava comprar cordas para viola. "Já chegava recitando alguma coisa. Meu pai era muito amigo dele. Quando eu cresci e compreendi melhor, ele já estava fazendo só poesia. No começo, eu achava que ele fazia apenas poesia matuta e a linguagem dele era muito diferente da minha. Até que um dia um li o poema Peixe e falei: quem escreve um poema desses não é qualquer um, é um poeta clássico". Abdoral musicou o poema, levou para Patativa ouvir, ele gostou e autorizou a gravação. Peixe foi o segundo disco de Abdoral Jamacaru, que até hoje mora numa casa no centro do Crato. "Patativa ficou famoso pela poesia, mas continuou a mesma pessoa generosa, humana, nunca se fez de rogado para recitar os versos, sentava na calçada com os amigos, fazia brincadeiras comuns, tinha a roça dele, foi consagrado pelo povo. Porque o povo consagra o que é verdadeiro e o povo já tinha consagrado Patativa antes dos intelectuais o consagrarem", afirma Jamacaru.

Patativa do Assaré foi à escola por um semestre. Juntou as sílabas, formou as palavras. Foi o suficiente, como afirmou várias vezes em inúmeras entrevisas publicadas na mídia e nos livros. No entanto, estudou a vida inteira. Leu os clássicos da poesia Olavo Bilac, Castro Alves, Camões, estudou métrica e ia buscar no dicionário o sentido exato das palavras que deixava fermentando no juízo para transformar em versos. Sabia de cor todos os poemas dos seis livros que deixou publicado. A memória privilegiada assombrava até poetas como ele. Geraldo Gonçalves, primo legítimo, foi companheiro de poesia de Patativa por mais de 30 anos, fez o teste da memória várias vezes. Tomava uma poesia de um dos livros e dizia: Patativa, e esse poema... Na hora, o poeta recitava. "Era algo extraordinário". Juntos escreveram Poesia ao Pé da Mesa e organizaram o primeiro Balceiro, livro com poesias do Patativa, Geraldo e outros poetas do Assaré. Geraldo conheceu Patativa no tempo das cantorias e do cordel. Só quando Patativa lançou Inspiração Nordestina foi que Geraldo se deu conta do Patativa poeta. Inspiração Nordestina lhe abriu as portas da poesia. Depois, passou a escrever versos campestres. Patativa olhava e repetia sem dó, nem piedade: "presta não, presta não". Até que um dia Geraldo compôs Pergunta de Morador. Submeteu ao mestre. Patativa calou-se. Dias depois, o poeta propôs ao amigo: "Ô Geraldo, você me permite escrever uma resposta ao seu poema?. Soube naquele dia que ele tinha gostado". Saiu com o Resposta do Patrão. Daí por diante os encontros dos dois foram a três: Geraldo, Patativa e a poesia. Foi Geraldo quem convenceu Patativa a ditar para ele os poemas considerados "imprestáveis". "Ele era assim: exigente, positivo e imprudente", ri-se o poeta e amigo, explicando o significado de imprudência. No caso era ser um tanto quanto ranzinza, com uma pitada de mau humor e uma boa dose de impaciência. Era o tempo que acertava o passo em direção a Patativa.

Assaré e Patativa viveram um caso raro de amor. O poeta tinha duas paixões: a Serra de Santana e Assaré. Em Santana, viveu quase a vida toda numa casa de homem da roça: as paredes de barro sustentadas por um entrançado de madeira fina, sala, quartos, corredor, cozinha. Até que, em meados de 70, Dona Belinha (Belarmina Cidrão), mulher de Patativa, pediu a ele que antes de morrer, queria morar em Assaré, no quadrado da matriz. Patativa pôs dona Belinha ao lado da Igreja, em 1979. Era dar só alguns passos e ela poderia ir rezar. Enquanto o poeta ganhava o mundo recitando os versos, dona Belinha só fazia um único percurso: de casa para a igreja. Se em Santana, Patativa era amigo dos roceiros e cantava no sítio dos conhecidos, mesmo antes de ficar famoso, embaixo na cidade, Assaré olhava de soslaio para o poeta que já desceu importante. "As pessoas dizem que Patativa não era valorizado em Assaré, mas elas não tinham conhecimento, agora têm e ele está sendo valorizado", afirma Isabel Cidrão Pio, neta de Patativa, que preside o Memorial Patativa do Assaré. Foi ela quem datilografou os versos do último livro publicado por ele Aqui tem Coisa. "Ele me fazia ler duas, três vezes a poesia para saber se estava mesmo do jeito que havia ditado. Sabia uma por uma decorada".

O memorial, fundado em 1999, quando o poeta completou 90 anos, guarda o acervo de objetos pessoais do poeta, os livros, cordéis, filmes, mas até hoje é mais visitado por turistas do que pela população. A estudante Paula Íris, 19, que trabalha no Memorial e quando menina, encontrava Patativa na rua e pedia a bênção a ele, demorou para compreender o que ele significava para a cidade. "Eu só sabia que ele era poeta, mas foi preciso ler para conhecer quem ele era. Hoje, eu lamento que tenha muita gente que ainda não valorize o Patativa pelo que ele foi", afirma a estudante. Neste tempo de festa, ela admite, a visitação pelas pessoas do lugar cresce e o assédio às salas do sobrado tem motivação extra: as "celebridades" que se acercam do lugar. É que o filho ilustre da terra deixou amigos importantes: artistas, políticos, professores universitários, intelectuais que se misturam à simplicidade que cerca a memória do homem que ganhou nome de pássaro.

Pelas ruas do Assaré, difícil é encontrar alguém que não trocou uma palavra com Patativa. As histórias percorrem os arredores do mercado, onde ele comprava cigarros, tomava um café, fazia compras. Se encontrasse alguém que pedisse para ele recitar uma poesia, lá vinha ele com duas ou três. Ficava ali, em pé, debulhando os versos fosse poesia matuta, fossem os sonetos clássicos. Hoje, Assaré lê os versos de Patativa em todas as ruas da cidade. As placas indicativas têm o nome da rua e um trecho de uma obra do poeta. Patativa do Assaré, seguido pela maior multidão que Assaré já viu, foi sepultado no dia 9 de julho de 2002, no Cemitério São João Batista.


DECIFRANDO A ALMA DE UM POETA

No começo foi uma peleja. De um lado, Patativa do Assaré decidido a guardar consigo os segredos de um poeta humano. Do outro, o pesquisador Luiz Tadeu Feitosa, professor da UFC teve de abrir mão do estandarte da objetividade e do distanciamento exigido pelo ritual da construção científica para ver de perto o mito e reconstruir o homem. O resultado foi uma amizade sincera e uma tese de doutorado publicada em livro: Patativa do Assaré, A Trajetória de um Canto. Passados 10 anos, Tadeu Feitosa ainda se emociona ao relembrar os primeiros encontros com o poeta.

Foi o professor e pesquisador da UFC, Gilmar de Carvalho - que publicou uma antologia e mais dois livros sobre Patativa - quem apresentou o poeta a Feitosa, meses antes dele completar 88 anos. Foi um encontro rápido, amistoso, mas distante. Tadeu Feitosa estava disposto a investigar o homem que se escondia por detrás da pilha hegemônica de informações produzidas sobre ele na mídia. Era quase uma parede. Ao longo de décadas Patativa conquistou todos os espaços para fazer sua poesia conhecida.

Primeiro, foram os sítios na redondeza de casa, depois as feiras do Crato, os cordéis. Quando o rádio era o maior veículo de comunicação do País, Patativa tinha horário nobre na Rádio Araripe, do Crato, de manhãzinha. Depois, veio o primeiro livro, o segundo e todos os outros. O cinema chegou para Patativa ainda na década de 60. No Crato, ocupou os festivais, os salões. Em Fortaleza, debaixo de muito estranhamento, foi ao Theatro José de Alencar recitar poesia matuta duas vezes na década de 70. Gravou discos, Cds, virou tema de dissertações de mestrado e doutorado. Foi estudado no França, Inglaterra, Brasil afora. A poesia de Patativa ganhava fama e o poeta ia construindo a si mesmo. Sabia o que dizer para ser ouvido. Sabia o que queria que dissessem dele.

Tadeu Feitosa vai então buscar noutro poeta, Fernando Pessoa, uma definição para o versejador do Asseré: "Ele era um fingidor. Ele se construiu midiaticamente, assimilou a fórmula, mas o poeta se fechava em copas". Nos três anos seguintes, Tadeu Feitosa voltou a Assaré para acompanhar a festa de aniversário do poeta, mas apenas com a proximidade das comemorações dos 90 anos de Patativa é que o encontro mudou o curso da vida dos dois. Procurado, Patativa desconfiou da própria importância, disse ao pesquisador que não fazia nada que valesse a pena gastar tempo com ele e armou a cilada do campo e da cidade. Disse a Tadeu que ele não entendia nada do sertão e tascou-lhe o "funaré" como prova. O pesquisador da cidade jamais saberia o que era. Errou. Tadeu Feitosa sabia e devolveu-lhe com um "frocado". Desta vez, foi o poeta quem se emaranhou. Respondeu com risadas. Começou o ensaio da amizade que se estabeleceu até quase os últimos minutos de vida do poeta. No meio, uma tese de doutorado e os dilemas intensos que envolviam fonte e pesquisador. Aliás, envolviam o pesquisador, porque a fonte estendeu a mão ao amigo temporão.

O doutorando conquistou o coração do poeta. O poeta fez o doutorando mandar às favas alguns quesitos do manual da academia e a amizade sobreviveu à tese. "Ele era generoso, imenso, o vi várias vezes com os olhos cheios de lágrimas. Vi um Patativa humano, que queria ser aceito, inclusive na sua cidade", conta Tadeu Feitosa. Uma humanidade que escapava completamente ao que estava na mídia. "Patativa", afirma Tadeu Feitosa, "queria o reconhecimento, queria ter notoriedade, era imensamente vaidoso e dono de uma generosidade imensa também. Foi um poeta de grandeza única, conseguiu falar de uma universalidade a partir do posicionamento pessoal, a Serra de Santana, no Interior do Ceará. Era um gênio,. Ele percebeu a difusão do canto e construiu os modos de divulgar sua poesia". A poesia de Patativa do Assaré tinha ritmo, criatividade e verdade filosófica, segundo Tadeu Feitosa. "A grande eloqüência da obra de Patativa é a capacidade humana para a apreensão das coisas, é a forma como ele decodificava a realidade".

Desse tempo, o professor ainda guarda dezenas de horas de gravações e um diário de bordo que pretende publicar. Tadeu Feitosa é um dos palestrantes em Assaré durante as comemorações do centenário de Patativa. Até hoje é amigo da família. Chorou com eles a morte do poeta. Guarda consigo a risada de alívio quando alguma coisa o incomodava, as leituras diárias que fez da obra do Patativa ao lado do próprio poeta que completava os versos grudados na memória. Na cadeira da sala de jantar, com vista para o corredor que dava para a porta de entrada da casa, no Centro de Assaré, Patativa desbancou as reservas e numa tarde depois do almoço, Patativa acorda inquieto, chama pela filha Lúcia, diz que está preocupado com um sonho. Visivelmente abalado, o poeta afirma que sonhou com um poema pronto. Patativa não gostava disso. O poema pronto era Morrer sem morrer deveras, que está publicado no Balceiro 3. Mais calmo, contou ao amigo que quando trabalhava na roça ouvia alguma coisa como se fossem vozes sussurrando-lhe nos ouvidos. Tinha medo de estar ficando louco. Podia muito bem ser as musas maquinando a poesia com a qual Patativa ninava a alma do sertanejo.

POEMA

Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabalho na roça, de inverno e de estio.
A minha choupana e tapada de barro,
Só fumo cigarro de páia de mio.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.


Biografia

Antônio Gonçalves da Silva nasceu no dia 5 de março de 1909, na Serra de Santana, a 18 km de Assaré. Ganhou o apelido de Patativa dado pelo amigo José Carvalho, autor do livro O Matuto Cearense e o Caboclo do Pará, publicado em 1930 e que narra a viagem de Antônio ao

(© O Povo)


Eterno Patativa

Centenário // A incrível habilidade com as palavras tornou o poeta de Assaré um dos maiores escritores brasileiros

André Dib // Especial para o Diario


 
Há 100 anos nascia Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré. O timbre trêmulo de sua voz se findou em 2002, mas o agricultor cearense que se tornou um dos maiores representantes da cultura popular nordestina continua na memória dos que o conheceram e se inspiram em sua obra. Em sua terra natal, as homenagens começaram desde 1º de março, e chegam hoje ao ponto máximo com queima de fogos, café literário, cantorias, programa de rádio, missa, shows de Dominguinhos e Fagner, e a inauguração da reforma da casa de taipa onde nasceu, na Serra de Santana, a 12 km de Assaré, agora aberta à visitação.

Sua vasta produção literária, ao contrário do que ocorre nas efemérides de escritores consagrados, não foi relançada em edições de luxo. Primeiro, porque isso iria contra a própria essência de Patativa, que optou por viver de forma simples, mesmo após o reconhecimento dos acadêmicos europeus. Segundo, porque seus livros, constantemente reeditados, nunca deixaram de frequentar as livrarias. Por outro lado, as declamações em áudio não estão acessíveis - e vale perguntar por que.

Em termos atuais, Patativa seria considerado analfabeto funcional, pois sabia ler e escrever com alguma dificuldade. No entanto, assim como ocorreu com Angenor de Oliveira, o Cartola, sua incrível habilidade com as palavras o tornou um dos maiores poetas brasileiros.

Órfão aos oito anos, o pequeno Antônio não teve vida fácil. Com a ajuda do irmão mais velho, sustentou a família na roça. Frequentou escola por apenas quatro meses. Aos 16 anos, comprou seu primeiro violão e passou a cantar de improviso. Aos 20, um tio o levou para a capital, onde foi apresentado ao escritor José Carvalho de Brito, que começou a chamá-lo de Patativa. Nos anos 50, com a ajuda de José Arraes de Alencar, publicou seu primeiro livro Inspiração nordestina, pela editora Borçoi.

Não bastasse ter perdido a visão ainda criança, em decorrência de mazela popularmente conhecida como dor-d'olhos, aos 64 anos Patativa foiatropelado ao atravessar uma avenida em Fortaleza. Foi para o Rio de Janeiro na busca de um melhor tratamento, mas foi hospitalizado como indigente, até ser reconhecido por um médico residente que era do Crato, e conhecir o poeta anos antes, na casa da mãe do ex-governador Miguel Arraes, outro cearense do Araripe.

Outro golpe veio em 1993, com a morte de Dona Belinha, a esposa a quem sempre se declarou e atribuiu ser fonte de sua alegria. Morreu aos 93, rodeado de familiares e amigos, que íam visitá-lo em caravanas.

No entanto, sua voz continua a ecoar no trabalho de artistas por ele inspirados, como Luiz Gonzaga (que gravou A triste partida), Fagner (Vaca estrela e boi fubá, depois gravada por Rolando Boldrin, Sérgio Reis e Pena Branca e Xavantinho). "Quando tinha 10 anos, eu adorava ouvir Patativa no rádio, eu imitava aquela voz matuta. Já adulta, descobri um livro dele na casa de um amigo, e vi nele o nosso rap-repente. Quis musicar isso", disse a cantora Daúde, que no seu disco de estreia gravou Vida sertaneja.

Lirinha, que teve nas estrofes de Patativa uma das inspirações para sua performance com o Cordel do Fogo Encantado, esteve com o poeta em mais de uma ocasião. "A primeira poesia que declamei profissionalmente foi Espinho e fulô, em 1987, no 4º Congresso de Cantadores do Recife. Patativa entrava nos intervalos dos cantadores mas, diferentemente dos outros declamadores, ele improvisava na estrofe falada, que a gente chama nesse meio de glosa, e passava 15 minutos falando com as pessoas da plateia", lembra Lirinha.

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...Sem chuva na terra
descamba janêro,
Depois, feverêro,
E o mêrmo verão
Entonce o rocêro,
pensando consigo,
Diz: isso é castigo!
Não chove mais não!

Apela pra maço,
que é o mês preferido
Do Santo querido,
Senhô São José.
Mas nada de chuva!
Tá tudo sem jeito,
Lhe foge do peito
O resto da fé.

Agora pensando
segui ôtra tria,
Chamando a famia
Começa a dizê:
Eu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo,
Nós vamo a São Palo
Vivê ou morrê...

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Trecho de A triste partida

Um mestre sempre lembrado

"Aprendi com Patativa que a poesia pode falar dos problemas sociais. Tenho com ele uma relação afetiva, de respeito e identificação por perceber que ele é moderno antes de tudo"

Daúde, cantora

"Patativa foi uma das minhas primeiras inspirações. Dos 12 aos 17 anos, eu queria fazer aquilo que ele fazia. Minha escola foi o vazio do palco e o microfone, e desenvolvi a técnica de interpretar longas poesias a partir dele e outros grandes declamadores"

Lirinha, ator, cantor e compositor

(© Diário de Pernambuco)


Costura de imagens raras

Documentário // Longa-metragem Patativa do Assaré - Ave poesia, que resgata vida e obra do poeta, será exibido no Recife de amanhã até a próxima quinta-feira

"Ele era o nosso Pablo Neruda, o nosso Garcia Lorca, a voz e expressão dos brasileiros. Me emociono por saber que, mesmo com tanta miséria, o povo é capaz de gerar consciências tão profundas sobre nossa realidade". Essa é a opinião do diretor Rosemberg Cariry, que esteve no Recife para a sessão de estreia de Patativa do Assaré - Ave poesia (2007). O documentário de longa-metragem será exibido até a próxima quinta, nas sessões de arte dos Multiplex Boa Vista e Recife (veja roteiro).

Em conversa com a reportagem do Diario, Cariry demonstrou carinho especial pelo projeto. "Conheço Patativa desde pequeno, quando frequentava o bar do meu avô, no Crato, e ia almoçar na casa dos meus pais". Daí nasceu a amizade entre o cineasta e o poeta, que durante 27 anos, rendeu 100 horas de imagens em raros depoimentos. O material que não entrou no corte final (o filme tem 80 minutos), está em fase de restauração e digitalização para ser doado ao Arquivo Nacional. Outro produto é uma série de TV com cinco capítulos, que deve ser lançada em 2010 nas TVs públicas e em formato DVD.

As diferentes bitolas com que o material foi filmado (super 8, fita magnética, película e digital) fazem do documentário uma colcha de retalhos de diferente cores e texturas, o que faz um retrospecto da história recente do Brasil não somente no viés político/social (nos anos 50, Patativa apoiou com seus versos as ligas camponesas lideradas por Francisco Julião), mas também do próprio cinema e sua tecnologia.

Para chegar a tanto, Cariry costurou imagens raras de Patativa no roçado com trechos de Aruanda (1960), de Linduarte Noronha, e a sequencia em que Luiz Gonzaga canta A triste partida com Viramundo (1964), de Geraldo Sarno. "É a história da minha geração", afirma Cariry.

No debate após a sessão, pessoas que mantiveram relação de amizade com o poeta cearense revelaram-se entre o público. José do Vale Pinheiro Feitosa lembrou o episódio em que o poeta foi internado no Rio, e lá encontrou um médico conterrâneo. "Ele passou a visitá-lo diariamente, no que era acompanhado por colegas. Patativa fez tanto sucesso, que o movimento em torno do seu leito foi tamanho, que a direção do hospital providenciou a transferência para um apartamento e baixou regras disciplinando as visitas", diz Pinheiro, que revelou ao Diario a resposta de Patativa em carta ao amigo Walmir Farias: "Eu ainda estou manquejando / Fora da linha pensando / Comigo mesmo a dizer, / Patativa que não voa / É um animal atôa / Não vale a pena viver".

Pouco tempo depois, ele contou em carta para a amiga e poeta Ceci Alencar que já lida melhor com o impedimento. "Não pude obter a minha recuperação, ando com o auxílio de um aparelho ortopédico e uma muleta de alumínio. Porém, não lamento o meu estado, estou conformado com essa parcela de sofrimento que a vida me ofereceu".

Pinheiro também lembrou a campanha eleitoral de 1986, em que Patativa veio a Pernambuco e se indignou com o marketing contra Miguel Arraes, seu amigo e parente (as avós eram primas), cuja publicidade mostrava Arraes como retrógado. Redigiu então a poesia Dois candidatos: "Migué Arraes de Alencá / É cidadão imzemprá / Com sentimento nobre / Nunca mudou o seu prano / É lutadô veterano / Amigo do povo pobre (#) Seu dotô Muço Montêro / Os seus cofre de dinhêro / O inleitorado não qué / Neste assunto não se meta / Fique com sua chupeta / Que a vitória é do Migué / Pra lutar cronta o Arraes / Você ta novo de mais / Meu fio, vá se aquieta / É mió pensá um pôco / Que quanto mais veio o côco / Mais azeite o côco dá". (André Dib)


Centenário do Patativa é comemorado hoje

O centenário do maior poeta popular no Ceará é comemorado no dia 05 de março em programação festiva em sua cidade natal, no Cariri cearense.  

O  centenário do maior poeta popular no Ceará é comemorado nesse dia 05 de março em programação festiva em sua cidade natal, no Cariri cearense. Na ocasião, a Secretaria da Cultura do Estado assim a ordem de serviço para as reformas do memorial Patativa do Assaré que incluem a ampliação do auditório e reformas estruturais na casa, que guarda a memória do poeta. Além disso, a Secult também faz a entrega de 3.500 livros à biblioteca municipal de Assaré.

Motivada pelo tema central do centenário do poeta, a programação do evento que segue desde o dia 1º de março comprometida com a integração de grupos populares, exposições, feiras, apresentações de teatros e cinema, roda de discussão sobre Patativa, oficinas,dentre diversos shows e lançamentos inspirados no centenário do mestre. Essa parceria entre o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura-Secult e a prefeitura de Assaré, busca resgatar e homenagear um grande símbolo da cultura cearense que foi Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré.

Programação especial do dia 05 de março-Centenário de Patativa do Assaré

No dia de seu centenário o Cariri acordará com uma alvorada festiva pelas ruas da cidade e com a queima de fogos e a banda de música Manoel da Benta, a partir das 9h será reinaugurada a casa onde nasceu o poeta do Assaré, com a presença da família de Patativa, do Prefeito Municipal, Evanderto Almeida, do Secretário da Cultura do Ceará , Auto Filho, e do Vice- Governador do Estado do Ceará, Francisco Pinheiro. Para o encerramento do evento a praça recebe os shows de artistas como Fagner, Waldonys, Dominguinhos e Forró Sacode.

Programação Cante Lá, Que Eu Canto Cá

05/03/2009. Quinta – feira.

07h30 – Café literário de artistas
06h – Alvorada festiva pelas ruas da cidade com queima de fogos e Banda de Música Manoel de Benta., professores com a família.

9h – Inauguração da Casa que nasceu o Poeta Patativa do Assaré, com a presença da família do poeta, o prefeito municipal , Evanderto Almeida, do Vice – Governador do Estado do Ceará, Prof. Francisco Pinheiro, o Secretário da Cultura do Estado, Prof. Dr. Auto Filho, o secretario municipal de cultura, Marcos Salmo, artistas e comunidade . Entrega de 3.500 livros a Biblioteca Pública Municipal João Bantim de Souza.
Local: Sítio Serra de Santana. – Assaré. (Zona Rural).

9h30 – Cantoria festiva em homenagem a Patativa do Assaré na casa onde ele nasceu.
Local: Serra de Santana.

12h – Programa de Rádio Patativa Cem Anos de Poesia.
Local: Rádio Patativa FM 103,9.

17h30 – Missa em ação de graças do nascimento do poeta Patativa do Assaré, com a participação dos penitentes do Genezaré.

Local: Igreja Matiz de Nossa Senhora das Dores.

19h – Inauguração da Sala de Exibição Inspiração Nordestina.

Local: Centro Social Maria de Jesus Oliveira.

20h – Assinatura da Ordem de Serviço de reforma do Memorial Patativa do Assaré.

Lançamento do site do Memorial do Patativa do Assaré.

Entrega da Comenda Patativa do Assaré, Cem Anos.

Lançamento da revista enredo, especial Patativa do Assaré

 21h – Fagner.

Local: Praça Patativa do Assaré.

22h30 – Waldonys.

Local: Praça Patativa do Assaré.

0h30 - Dominguinhos.

Local: Praça Patativa do Assaré.

2h30 – Forró Sacode.

Local: Praça Patativa do Assaré.

Fonte: antonioviana.com.br


VÍDEO

ÁUDIO

Patativa do Assaré - Vida Sertaneja

Trailer Oficial - Patativa do Assaré - Ave Poesia

 

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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