Idealizado há 10 anos, CD tem como temática a sanfona e dele participam
praticamente todos os nomes importantes da música nordestina
José Teles
teles@jc.com.br
Cearense, do
Crato, Sertão do Araripe, Xico Bizerra idealizou, há dez anos, o projeto
Forroboxote. O oitavo CD da série será lançado hoje, na Passa Disco, na
Estrada do Encanamento, com a presença da maioria dos artistas que
participam do álbum. Chama atenção a qualidade gráfica dos discos do
projeto. Este oitavo Forroboxote, cujo título é Com a sanfona agarrada no
peito, tem antológicas caricaturas de todos os que participaram do álbum,
inclusive dos três homenageados – Sivuca, Dominguinhos e Luiz Gonzaga.
“Entendo que um disco, para ser considerado bem produzido, além dos músicos,
dos intérpretes, do repertório e do estúdio, tem que ter uma boa capa, uma
boa embalagem. Desta feita, contei com o auxílio luxuosíssimo de Ana Rios e
de Humberto Araújo”, diz o organizador.
Do CD, que
tem como temática a sanfona, participam praticamente todos os nomes
importantes da música nordestina: Dominguinhos, Santanna o Cantador, Irah
Caldeira, Flávio José, Geraldo Maia,, Maciel Melo, Beto Hortis, Liv Moraes,
entre outros, mais Luizinho Calixto, Maestro Spok e César Michiles (sem
esquecer músicos como João Neto, Quartinha, Lalão e Fábio Valois). Com
discos vendendo tão pouco, fica a curiosidade: como Xico Bizerra consegue
tocar o projeto já que não se trata de nenhum milionário? “Alguns dos
Forroboxotes tiveram apoio institucional – Fundarpe e Chesf – outros não.
Este último contou com pequeno apoio da PCR – cerca de 20% do custo total.
Se à vendagem dos discos se acrescentar a derivação de receita decorrente de
Ecad, de direitos autorais, de eventuais cessões para propaganda, etc, diria
que é a receita pela despesa. O grande lucro é o da satisfação pessoal pelo
reconhecimento, por parte de imprensa, público e artistas, de nossa obra e
pelo prazer de estar trabalhando em algo muito prazeroso, que é a música”,
explica Bizerra.
Tem-se a
impressão de que o compositor já conhecia os artistas há anos, daí foi só
convocá-los para a gravação. Mas não foi bem assim, conforme ele conta: “Até
então, conhecia na condição de fã a maioria deles. Depois do primeiro disco
essa condição se ampliou, e hoje posso dizer que sou amigo de quase todos os
nossos grandes cantadores de forró”.
Embora o
forró seja seu forte, Xico Bizerra aos poucos vem incursionando por outros
gêneros musicais, inclusive o frevo. É de se perguntar: será que vem algum
Forrobofrevo por aí? “As pessoas às vezes me cobram isso. Na verdade,
poderia me considerar um especialista em forró, mas também faço frevos,
sambas, choros, valsas, canções. Tenho participado de alguns festivais com
músicas que não forró e a experiência tem sido gratificante. No próximo ano
talvez faça um disco comemorativo dos 10 anos, mostrando esse lado. Seriam
cinco faixas de cada ritmo, divididas em Xico do forró, Xico do samba e
choro, Xico das canções e Xico do Carnaval. Por enquanto é só um projeto que
vagueia na minha cabeça. Mas, para ser sincero, gosto mesmo é de nossa
música regional, do nosso xote, do baião e de um arrasta-pezinho”.
Reunir tanta
gente em torno de um projeto certamente tem suas dificuldades. Xico Bizerra
chuta a modéstia para escanteio e afirma que os cantores e músicos
comparecem porque a música que lhes é oferecida é de boa qualidade.
“Infelizmente, a cada disco, tenho que me justificar pelo não convite a
alguns para dele participarem. Infelizmente, digo-lhes, e é verdade, da
limitação física de um disco, onde só cabem 14, 15 faixas. O processo de
feitura de um disco como os meus, ou o Asas (da América, de Carlos
Fernando), por exemplo, é um pouco mais complicado desde a elaboração dos
arranjos, da marcação de estúdio, compatibilização de horários etc. A
evolução da informática também é parceira no processo: hoje, um disco pode
ser totalmente gravado sem que os músicos e intérpretes se encontrem. No
Forroboxote 6, por exemplo, gravei as bases aqui no Recife e fui pro Sertão
pra colocar as vozes dos intérpretes, todos residente na região do Araripe”.
A cada ano a
série aumenta seus títulos, e o compositor garante que não tem dificuldades
para formar um repertório: “Sou aposentado, e meu tempo pode ser
integralmente dedicado à música. Daí o estoque suficiente para um disco de
13, 14 faixas por ano, além das cedidas para outros discos e que não constam
nos Forroboxotes. Hoje, tenho música gravada por 172 vozes diferentes, em
vários Estados brasileiros – Rio, SP, MG, GO, BA e todo o Nordeste.
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Lançamento do CD Com a sanfona agarrada no peito Forroboxote
8, a partir das 19h, na Passa Disco, no Shopping Sítio da Trindade (Estrada
do Encanamento, 480). Preço do disco: R$15. Outras informações: 3268-0888