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70 anos de Glauber Rocha

14/03/2009

 

 

Glauber Rocha faria 70 anos neste sábado
 

Cássia Candra, de A Tarde

Neste sábado (14), Glauber Rocha (1939-1981) faria 70 anos. Mas, qual seria a idade do seu pensamento neste 14 de março de 2009? Caberiam rugas e cabelos brancos em sua mente veloz?

Quem conviveu com o cineasta, que hoje recebe homenagens não questiona a loquacidade de seu intelecto nem seu poder de renovação. Glauber, disse certa vez o poeta Ferreira Gullar, “queria o novo do novo”. Não ao acaso, era definido como um criador visionário, “sempre com soluções que se antecipavam aos acontecimentos”, como lembra o jornalista e escritor João Carlos Teixeira Gomes, que o conheceu nos anos 50, ambos alunos do Colégio Central.

João Carlos pensa de forma matemática para afirmar que Glauber é uma equação bem resolvida: “Se era um gênio, como poderia envelhecer?” O artista plástico Sante Scaldaferri está convicto de que Glauber “é um desses homens que nascem a cada cem anos”, e que sua genialidade “ainda não foi superada.

Tenho visto bons filmes e documentários, mas tenho que admitir: falta um toque. O toque de gênio”, sublinha. E o artista, que participou do cinema glauberiano de todas as maneiras – como ator, cenógrafo, produtor e, às vezes, só como um observador, no set de filmagem – gosta de se perguntar: “O que ele faria com uma câmera na mão, uma ideia na cabeça e toda essa tecnologia disponível hoje ? Sabe, penso muito nisso...”, confidencia.

(© Cine In Site)


Glauber Rocha, um homem com câmera nos olhos

Cássia Candra, de A Tarde

O que mais impressionava no intelectual de Vitória da Conquista com nome de cientista – o alemão Johann Rudolf Glauber, que descobriu o sulfato de sódio no século XVII – era o alcance do seu olhar. Quem tenta descrevê-lo jamais esquece que Glauber parecia ter câmeras nos olhos. Tudo que ficava em seu campo visual era imediatamente enquadrado. Virava cena de cinema...

O artista plástico Sante Scaldaferri lembra muito bem “daquele olhar”, que uma tarde, na Rua Chile, ao cruzar com o seu, o identificou à primeira vista, como o homem certo para o papel em um de seus filmes. “Ele me olhou, parou e perguntou: ‘Você quer trabalhar no meu filme?’. Foi assim que nos conhecemos”.

No relato de Sante, “ele simplesmente sabia quem você era”. Foi um descobridor de talentos, usando a intuição. Caso curioso é o do cineasta Agnaldo Siri Azevedo, que saiu da área comercial direto para os sets de filmagem. Sante Scaldaferri é quem conta mais este episódio: “Ao passar por ele, na Praça da Piedade, Glauber o convidou, para ser produtor de um de seus filmes. Surpreso, Siri, que era representante comercial de medicamentos, pediu uma explicação sobre a função que desconhecia e, quando Glauber lhe esclareceu a tarefa, ele, que se gabava da ‘lábia de bom vendedor’, aceitou na hora."

OBSTINADO – A casuística glauberiana é bem servida de episódios lendários que aqueles que conviveram com o cineasta demonstram prazer em contar, sem nunca esquecer que ele filmava tudo com o olhar. Dizem que pensava em linguagem cinematográfica. Vislumbrava uma boa cena em uma situação qualquer, como uma simples pescaria. E ali já ouvia a música mais adequada, via cada elemento cenográfico... Quando se transportava para o set de filmagem, já estava tudo pronto e o que não estava se resolvia, graças a mais um de seus múltiplos talentos, o improviso.

O cineasta Orlando Senna conta que Glauber “era capaz de planejar minúcias do roteiro e de improvisar o mundo nas gravações”; e que era um obstinado, perseguindo, “como um caçador implacável, as imagens que estavam em sua cabeça”. Por isso, há quem se pergunte: será que era soberbo ao afirmar “o Cinema Novo sou eu”?

Mas, até tornar-se a silhueta mais marcante do movimento delineado pelos cineastas brasileiros no começo dos anos 60, Glauber Pedro de Andrade Rocha – ainda aluno de direito da Universidade Federal da Bahia, curso que abandonaria no terceiro ano – tinha ensaiado os primeiros passos: havia filmado o curta experimental "Pátio", com sobras de material de "Redenção", de Roberto Pires, e "Cruz na Praça", baseado num conto de sua autoria e jamais finalizado.

ADRENALINA – Os 60 foram pura adrenalina para Glauber. Atuou como diretor de cinema e jornalista – chegou a ser colega de redação do escritor João Ubaldo Ribeiro no extinto Jornal da Bahia –, e ainda enfrentou a ditadura militar. Mas o cinema recompensou seu suor e toda aquela criatividade em erupção.

Foi nos anos 60 que ele se projetou internacionalmente com "Barravento", com prêmios na Europa e exibição no Festival de Cinema de Nova Iorque. Dois anos depois, "Deus e o Diabo na Terra do Sol" chegava a Cannes, concorrendo à Palma de Ouro.

Na mesma década, participou da criação da Mapa Filmes, com Walter Lima Jr. e outros cineastas, e finalizou "Terra em Transe", que foi exibido no Festival de Cannes e ganhou vários prêmios na Suíça, em Cuba e no Brasil. Entre os mais importantes, o Prêmio Luis Buñuel e o da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica.

Nessa época, Glauber conquistava o respeito dos colegas europeus – Buñuel, Jean Renoir e o produtor espanhol Pedro Fages, para citar alguns. E um dos criadores da Nouvelle Vague, Jean-Luc Godard, quis que ele vivesse seu próprio personagem, o de criador político-revolucionário, em Vent d'Est. A década, terminou com sua consagração como melhor diretor no Festival de Cannes por "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro".

EXÍLIO – Nos anos 70, veio o exílio. Esteve em Nova Iorque, na Universidade Columbia, onde apresentou, a tese "Eztetyka do Sonho", e viveu algum tempo no Chile, em Cuba, Itália e no Uruguai, onde se encontrou com o ex-presidente João Goulart. Um ano depois de voltar para o Brasil, em 1977, ganhou prêmio especial do júri do Festival de Cannes com o curta "Di Cavalcanti". Seu último e mais polêmico filme, "A Idade da Terra", foi lançado em 1980.

Glauber tinha só 42 anos, quando morreu, no ano seguinte, de problemas pulmonares. Deixou um vasto acervo – incluindo seus 11 longas-metragens e seis curtas–, que depois foi reconstituído, catalogado e preservado pela Associação de Amigos do Tempo Glauber (www.tempoglauber.com.br).

(© Cine In Site)


Glauber Rocha, uma Biografia

"Somente uma cultura da fome, minando suas próprias estruturas, pode superar-se qualitativamente: a mais nobre manifestação cultural da fome é a violência"

Polêmico, político, irreverente, genial, hermético e apaixonado, Glauber Rocha é o mais importante nome da história do cinema nacional. Idealizador do movimento conhecido como Cinema Novo, realizador de filmes de vanguarda e livros até hoje utilizados por universidades do mundo inteiro, o cineasta baiano dedicou sua vida à idéia de unir política e arte em película.

Glauber Pedro de Andrade Rocha nasceu em 1938, em Vitória da Conquista, interior do estado da Bahia. Primeiro filho de Adamastor Bráulio Silva Rocha e Lúcia Mendes de Andrade Rocha, mudou-se com a família para Salvador em 1947, onde passou a estudar num rígido colégio religioso.

Apesar da vocação para o cinema e teatro (aos 13 anos já havia participado de programas de rádio sobre o assunto), resolve estudar direito na universidade. Nesta época, além de participar de programas de leitura de poesias nacionais, escreveu para jornais de esquerda e revistas especializadas em cinema. Em 1959 relaiza seu primeiro filme, o curta metragem"Pátio", utilizando sobras de material de "Redenção", de Roberto Pires (primeiro longa-metragem baiano).

Nessa época escreveu periodicamente como crítico de cinema em diversos jornais nacionais. Seu primeiro longa-metragem foi "Barravento" (1961), em que começou somente como produtor executivo, assumindo a direção e o roteiro após conflitos entre o diretor Luis Paulino dos Santos e o resto da equipe. O filme foi finalizado no Rio de Janeiro, onde o diretor teve os primeiros contatos outros jovens cineastas que ajudariam a gerar o movimento Cinema Novo.

O filme, premiado na Tchecoslováquia, deu oportunidade para que Glauber lançasse seu primeiro livro teórico (Revisão Crítica do Cinema Brasileiro) e o segundo longa metragem. Em 1963 começa a filmar no interior da Bahia "Deus e o Diabo na Terra do Sol", fita considerada marco inicial do Cinema Novo. Em novembro de 1965 Glauber é preso juntamente com outros intelectuais que protestavam contra o regime militar em frente ao Hotel Glória, no Rio de Janeiro, sede de uma reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos).

Na prisão, começou a esboçar o roteiro de um outro marco na sua carreira: "Terra em Transe" (1967), alegoria política e urbana que se passa na fictícia república de Eldorado. Proibido em todo o território nacional por ser considerado subversivo, o filmeé premiado em Cannes, Locarno e Cuba. Glauber, através de seus filmes e textos teóricos, torna o movimento do cinema nacional conhecido e reverenciado por todas as vanguardas mundiais.

Seu próximo filme, "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" (1969), é novamente premiado em Cannes. Pouco antes de receber o prêmio de melhor diretor, o cineasta recebeu um telefonema de Pedro Fages, produtor cinematográfico de Barcelona, oferecendo cem mil dólares para a realização de um filme a ser rodado na Espanha, sobre qualquer tema, com total liberdade criativa. Glauber realiza "O Leão de Sete Cabeças", um de seus filmes mais revolucionários e herméticos, em apenas 22 dias.

Na década de 70 vem o exílio do diretor, e Glauber parte para rodar filmes na África, Espanha, Chile, Cuba e Itália, dando continuidade ao movimento de um cinema extremamente politizado, seguindo uma estética particular. No regresso ao Brasil, em 77, fez um polêmico documentário sobre o funeral de Di Cavalcanti - que teve sua exibição pública proibida pela família do pintor e amigo do cineasta baiano - e "A Idade da Terra".

O lançamento do filme foi prejudicado pela péssima recepção em Veneza, onde Glauber agrediu o cineasta Louis Malle e a direção do festival. Por causa do escândalo, o filme fica de fora do Festival de Cinema Ibérico e Latino-Americano de Biarritz. Doente desde março de 81, o cineasta é internado em Portugal para tratamento de problemas broncopulmonares. Em 21 de agosto, é trazido de volta ao Rio de Janeiro, onde morre logo depois de ser internado.

Homenageado em todo o mundo, Glauber Rocha e sua obra cinematográfica e intelectual são usadas como fonte de estudos sobre cinema nacional até os dias de hoje. Marco indiscutível no cinema mundial, o diretor é também alvo de livros, teses, documentários, biografias e retrospectivas que destacam, entre outras coisas, a importância do Cinema Novo para a cinematografia nacional.

(© Cine In Site)


Nome verdadeiro
Glauber Rocha
Data de nascimento
14 de Março de 1939
Data de falecimento
22 de Agosto de 1981
Naturalidade
Vitória da Conquista, Bahia, Brasil
Profissão
Ator, Compositor, Diretor, Editor, Produtor, Roteirista
 
 
FILMOGRAFIA

 
Como Ator :
Rocha que Voa (2002)
As Armas e o Povo (1975)
Claro (1975)
Le Vent d'est (1969)
Simón del desierto (1965)

 

 
Como Compositor :
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)

 

 
Como Diretor :
A Idade da Terra (1980)
Jorge Amado no Cinema (1979)
Di Cavalcanti (1977)
Claro (1975)
As Armas E O Povo (1974)
História do Brasil (1973)
Câncer (1972)
Cabezas cortadas (1970)
O Leão de Sete Cabeças (1969)
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969)
Terra em Transe (1967)
Maranhão 66 (1966)
Amazonas, Amazonas (1965)
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)
Barravento (1962)
A Cruz na Praça (1959)
O Pátio (1958)

 

 
Como Editor :
História do Brasil (1973)
O Leão de Sete Cabeças (1969)

 

 
Como Produtor :
A Idade da Terra (1980)
Câncer (1972)
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969)
Brasil Ano 2000 (1969)
Terra em Transe (1967)
A Grande Cidade (1966)
Menino de Engenho (1965)
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)
A Grande Feira (1961)

 

 
Como Roteirista :
A Idade da Terra (1980)
Claro (1975)
As Armas E O Povo (1974)
História do Brasil (1973)
Câncer (1972)
Cabezas cortadas (1970)
O Leão de Sete Cabeças (1969)
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969)
Garota de Ipanema (1967)
Terra em Transe (1967)
Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)
Barravento (1962)

(© Cine In Site)


Glauber, a quimera do cinema nacional

Kleber Mendonça Filho
cinemascopio@gmail.com

Glauber Rocha faria 70 anos hoje e é sempre difícil traduzir uma fração crível da sua importância como lenda real da expressão artística brasileira, em grande parte através do cinema. Se a noção de filme brasileiro tivesse uma constituição oficialmente outorgada, ela teria sido escrita por Rocha via seu texto histórico A estética da fome. Se o cinema nacional e latino-americano tivesse um deus, ele provavelmente seria Glauber Rocha, um deus iconoclasta crente de que a bateria em uma banda seria o que a montagem é para o cinema.

Glauber é hoje uma história real e uma lenda, ambas ricas em medidas iguais, e abertas para a desconstrução, a dilapidação e a desmitificação. Artista claro e evidente com um discurso eletrizante quando falava ou escrevia sobre o cinema e as sociedades, o fato de ele não ser exatamente adotado como esse deus, ou reconhecido oficialmente como redator da nossa constituição fílmica, apenas reflete as saudáveis discordâncias que existem entre os que separam fato de lenda, dos que têm fé religiosa e os que se vêem ateus. Mais ainda, sua rejeição por alguns faz sentido pelo simples fato de a arte ser uma entidade livre de regras e autoridades.

No último Festival de Berlim, por exemplo, o cineasta José Padilha, diretor de Tropa de Elite, mostrou pela primeira vez o seu documentário Garapa, sobre a fome no Brasil e no mundo. Filmado cruamente em preto-e-branco, Padilha respondeu a uma indagação glauberiana colocada por essa mesma reportagem sobre o conceito de filmar a fome, e se, por um acaso, ele teve em mente as idéias de Glauber sobre a representação da pobreza, tão discutidas no cinema brasileiro.

“Nunca li o manifesto de Glauber. Eu não me interesso por manifestos, não acho que faz parte do meu trabalho dizer a outros colegas cineastas como se deve filmar, estabelecer regras, não obstante o fato de eu respeitar muito Glauber”, respondeu Padilha, com base no seu próprio trabalho.

A resposta nos lembra o debate histórico sobre Cidade de Deus, em que ficou tanto claro que as idéias de Glauber ainda podem fazer muito sentido para cineastas e críticos, como causar rejeição numa outra plataforma dos que fazem o cinema.

O debate também ilustrou indiretamente o tema controvertido da já citada fé religiosa numa virtual santidade de Glauber, uma vez que reações típicas da religião eram sentidas toda vez que alguém admitia corajosa e constrangedoramente “não gostar de Glauber nem do seu cinema”.

Ainda hoje, a frase é recebida com o mesmo tipo de choque que fiéis numa igreja ou templo teriam ao ouvir de alguém que “Deus não existe”, e o tom de sacrilégio foi repetido ano passado quando o humorista Marcelo Madureira foi ouvido gritando no Cine Odeon, durante sessão da dureza inconteste que é A idade da Terra, a frase “Glauber é uma merda!”.

É muito fácil admirar a trajetória de Glauber e seu legado, assim como diminuir o seu impacto, especialmente quando ele é utilizado como o metro com o qual procedimentos são medidos num cinema brasileiro como o feito atualmente no ano 2000, onde uma comédia de papelão como Se eu fosse você 2 conquista quase seis milhões de espectadores. Tudo depende do quão benéfica a influência de Glauber pode ser no campo das imagens e das ideias pela manhã, ou o quão equivocada ela pode ser interpretada à tarde.

A longevidade das suas ideias sobreviveram fortes ao quase sumiço de circulação dos seus filmes ao longo dos últimos 15 anos. Só nesta década que um trabalho de restauração e reapresentação dos seus filmes ofereceu a oportunidade de a mais nova geração de cinéfilos ter acesso decente aos filmes. Esse projeto chamado Coleção Glauber Rocha está sendo bancado pela Petrobras, Cinemateca Brasileira e Estúdios Mega, e dirigido por Paloma Rocha, sua filha, e Joel Pizzini, realizador e pesquisador do legado de Glauber. Da filmografia, já foram restaurados e lançados em 35mm e DVD (de excelente qualidade) Deus e o diabo na terra do Sol (1964), Terra em transe (1967), O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro (1969) e A idade da terra (1980), seu último filme.

Curiosamente, o trabalho de manutenção e expansão da memória de Glauber não existe apenas na recuperação dos filmes. Paloma e Pizzini, que são casados, têm realizado filmes que abordam de forma acurada o universo do artista, como o sólido relato factual Anabasys. Paula Gaitan, por outro lado, viúva de Glauber, fez, há dois anos, um dos mais belos retratos impressionistas sobre a mística em torno de Glauber na profunda reflexão em imagens e sons que é Diário de Cintra, que aborda a fase final da sua vida.

Dono de um estilo único de filmar, e impossível de citar ou imitar sob o risco de vermos um pastiche grotesco (há inúmeros, especialmente em escolas de cinema), o cinema de Glauber Rocha traz uma carga impressionante de sincretismo num Brasil colado pelas culturas européia, negra e indígena.

A riqueza dessas imagens, aliás, não funciona apenas dentro de uma compreensão distanciada e intelectualizada, mas também numa explosão de montagem e câmera que gera uma certa tristeza ao sabermos que, mesmo deflagrando um sem número de debates e conquistando admiradores naturais no País e no exterior, seu cinema nunca realmente encontrou eco no grande público.

Um caso em questão, e que ilustra algo dessa incompreensão: a simples menção à morte de Glauber Rocha em 22 de agosto de 1981, aos 42 anos, nos lembra um dos seus mais belos e grandes filmes, um curta-metragem, Di. Aqui, ele filmou uma celebração à alegria de viver em toda a sua energia no enterro do seu amigo, o artista plástico Di Cavalcanti, cujo velório aconteceu no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

“Ninguém assistiu ao formidável enterro de sua última quimera, somente a ingratidão, essa pantera, foi sua companheira inseparável”, fala Glauber ao abrir seu filme que muito incomodou a família Cavalcanti. Eles não entenderam a atitude artística de respeito para com o amigo morto e de uma crueza agressiva para com as formalidades da morte.

O filme está disponível no You Tube, e ver Di hoje, dia em que Glauber faria 70 anos, seria uma lembrança viva da sua energia criativa.

(© JC Online)


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