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Eddie faz seu protesto com fanfarra

21/03/2009

 

 

 

Grupo pernambucano comemora 20 anos com show de Carnaval no Inferno

Lauro Lisboa Garcia

Com o álbum Carnaval no Inferno, que tem show de lançamento hoje no Sesc Pompeia, a banda pernambucana Eddie, de Olinda, comemora 20 anos de carreira, período em que gravou apenas quatro álbuns. Uma das bandas pioneiras do movimento mangue beat, ao lado de Chico Science & Nação Zumbi e mundo livre s.a., a Eddie ficou com o estigma de injustiçada nesse cenário. Mas é que no começo seus integrantes nem pensavam em se tornar profissionais, como lembra o guitarrista, compositor e cantor Fabio Trummer, único remanescente da formação original. A partir de quando passaram a "pagar as contas" com o que ganhavam fazendo música, os músicos evoluíram. Variando de som de um disco para outro, eles começaram com rock pesado e foram incorporando elementos mais "brazucas".

Agora, a batida do violão e os versos "Dias de luz/ Festa do azul/ Celestial" de Bairro Novo/Casa Caiada (Fabio Trummer), faixa de abertura do novo CD, dão a pista. Eles botaram bossa nova no frevo urbano de atitude roqueira, para onde desemboca a canção batizada com o nome de dois bairros de Olinda, à beira-mar, onde Trummer se criou. "Esse violão era para causar um estranhamento mesmo", diz ele.

É ainda mais curioso quando se sabe que o conceito de Carnaval no Inferno, em princípio, era de um disco de protesto, de "punk de meia-idade", como define o líder da banda. "Embora o resultado seja mais brasileiro, a estrutura das canções é de punk-rock, com três acordes, bem simples." O manifesto "de reclamação" é de ordem social e ambiental, mas também tem a festa no meio, para equilibrar os dois polos. "A gente não quis perder totalmente a identidade dos outros CDs, para que o público que tínhamos conquistado não achasse tão estranho."

O título é forte, provocativo. Mas se "o carnaval é a invenção do diabo que Deus abençoou", como dizia o baiano Caetano, e o povo nordestino explode em festas coloridas em meio à miséria, está tudo em casa. E também "até um punk de meia-idade se permite ir a uma gafieira", ironiza Trummer. Além dele, a formação atual da banda tem Alexandre Ureia (percussão e voz), André Oliveira (teclado e trompete), Rob Meira (baixo), Kiko Meira (bateria). No show de hoje eles contam com a colaboração da cantora Karina Buhr, ex-integrante da banda, e do compositor Junio Barreto.

Karina solta a voz na já citada faixa de abertura, em Eu To Cansado Dessa Merda e O Baile (Betinha), um irresistível samba de gafieira de Erasto Vasconcelos, uma das mais pedidas no show da Eddie. Erasto também faz vocal em outra faixa, Metrodux. Sempre boa de "releitura", a Eddie também retoma agora Gafieira no Avenida, dos "zumbis" Jorge Du Peixe e Lúcio Maia, que entrou para a trilha sonora do filme Amarelo Manga, de Cláudio Assis.

Junio assina a parceria de Quase Não Sobra Nada com Trummer, autor de todas as outras faixas, incluindo Nada de Novo, homenagem ao flautista Rafa, do Mombojó, morto precocemente em 2007. O CD ainda tem participação de músicos como o baterista Curumin e o percussionista Da Lua. Os trombonistas Nilsinho e Mestre Nico contribuem para reverberar o clima de fanfarra, que influencia o som da Eddie.

Não foi à toa que a banda tocou um cover de Nantes, do sensacional grupo americano Beirut, em ritmo de frevo no festival Recbeat no carnaval do Recife deste ano. "O último gênero que estudei e que me interessou foi a música cigana. E, viajando pela Europa, a gente tocou com muitos grupos que têm a fanfarra como principal ingrediente na música deles", conta. "Há uma grande semelhança entre o que eles fazem e a música nordestina. O Beirut soa pra mim como The Smiths com fanfarra e tem a ver com o caminho que a gente vinha seguindo, que era usar os metais. O frevo tem muito disso também, mas não uma coisa que a polca, por exemplo, tem: uma vontade de sair pulando e tomando todas." Para quem perder o show de hoje, tem mais nos dias 4 de abril e 5 de maio no Studio SP.  

(© Estadão)


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Banda Eddie - Quase não Sobra nada

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Música de Bolso - Banda Eddie - É de fazer chorar

 

 

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