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 Patativa em caixa

02/04/2003

 

 

 

Patativa do Assaré, à frente de sua casa

 

Álbum produzido por Calé Alencar, Rosemberg Cariry e Gylmar Chaves reúne dois CDs e um livro com poemas de Patativa do Assaré

   Desde que faleceu, em julho do ano passado, Patativa do Assaré ainda não saiu da berlinda. Exposições, shows, lançamentos de livros, reedição de discos e até uma pendenga judicial sobre os direitos de publicação de sua obra envolvendo as editoras Objetiva e Hedra fizeram com que o nome do poeta maior do sertão permanecesse em evidência na imprensa ao longo dos últimos oito meses.

   No mês de seu aniversário (Patativa comemoraria 94 anos no último dia 5 de março), mais uma homenagem acaba de sair do forno. Trata-se da Caixa Patativa, um álbum produzido pela Caixa Econômica Federal formado por dois CDs e um livro com poemas do repertório patativano.

   ''Em 2000, eu produzi um disco em homenagem ao Patativa que fez parte da coleção Memória do Povo Cearense. A partir dali, imaginei um outro CD que reunisse cantores e compositores que abriram espaço em suas obras para a poesia do Patativa'', explica Calé Alencar, que dividiu a produção do álbum com o cineasta Rosemberg Cariry e o escritor Gylmar Chaves. ''Ano passado, nós produzimos esse disco e pensamos na caixa como forma de agasalhar os dois CDs e o livro num projeto gráfico ousado''.

   O CD lançado em 2000, e que agora é reeditado na caixa, traz 18 poemas recitados pelo próprio Patativa. Entre eles, ''O peixe'', ''Lamento Nordestino'', ''Viva o povo brasileiro'' e ''Resposta de Patativa ao Padre Antonio Vieira''. O segundo disco é uma compilação de gravações dos poemas de (ou sobre) Patativa feitas por diversos cantores e compositores cearenses - com uma participação especial dos pernambucanos do Quinteto Violado.

   Entre as gravações, as versões de ''A verdade e a mentira'' (Pachelly Jamacaru), ''Meu passarinho meu amor'' (Cícero do Assaré), ''O peixe'' (Abdoral Jamacaru) e ''Vaca Estrela e Boi Fubá'' (Cainã Cavalcante) já haviam sido lançadas em disco. O restante é inédito. ''Chico Forte'', parceria entre Calé e Patativa; ''No meu verso eu canto e louvo Patativa do Assaré'', de Geraldo Amâncio e Zé Maria; e ''O poeta é sobrenaturá'', poema de Pingo de Fortaleza recitado por Ricardo Guilherme, foram compostas especificamente para o álbum.

   Completando a caixa, o livro traz a transcrição dos poemas gravados e resgata depoimentos do próprio Patativa e de Rosemberg Cariry. ''Do sertão, de onde nunca quis sair, (Patativa) ganhou o país pela mediação dos veículos de comunicação, e uma dimensão nacional, além de ter sido estudado e traduzido no exterior. Nos deixou, atônitos e órfãos, em julho de 2002. Esse álbum desmente a perda. Sua voz será sempre acessível, roufenha e emocionada'', escreve o professor Gilmar de Carvalho num texto inédito que também acompanha o livro.

(© O Povo/NoOlhar.com.br)


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