Álbum produzido por
Calé Alencar, Rosemberg Cariry e Gylmar Chaves reúne dois CDs e um livro com poemas de
Patativa do Assaré
Desde que faleceu, em julho do ano passado,
Patativa do Assaré ainda não saiu da berlinda. Exposições, shows, lançamentos de
livros, reedição de discos e até uma pendenga judicial sobre os direitos de
publicação de sua obra envolvendo as editoras Objetiva e Hedra fizeram com que o nome do
poeta maior do sertão permanecesse em evidência na imprensa ao longo dos últimos oito
meses.
No mês de seu aniversário (Patativa comemoraria 94 anos no último dia 5 de
março), mais uma homenagem acaba de sair do forno. Trata-se da Caixa Patativa,
um álbum produzido pela Caixa Econômica Federal formado por dois CDs e um livro com
poemas do repertório patativano.
''Em 2000, eu produzi um disco em homenagem ao Patativa que fez parte da
coleção Memória do Povo Cearense. A partir dali, imaginei um outro CD que
reunisse cantores e compositores que abriram espaço em suas obras para a poesia do
Patativa'', explica Calé Alencar, que dividiu a produção do álbum com o cineasta
Rosemberg Cariry e o escritor Gylmar Chaves. ''Ano passado, nós produzimos esse disco e
pensamos na caixa como forma de agasalhar os dois CDs e o livro num projeto gráfico
ousado''.
O CD lançado em 2000, e que
agora é reeditado na caixa, traz 18 poemas recitados pelo próprio Patativa. Entre eles,
''O peixe'', ''Lamento Nordestino'', ''Viva o povo brasileiro'' e ''Resposta de Patativa
ao Padre Antonio Vieira''. O segundo disco é uma compilação de gravações dos poemas
de (ou sobre) Patativa feitas por diversos cantores e compositores cearenses - com uma
participação especial dos pernambucanos do Quinteto Violado.
Entre as gravações, as versões de ''A verdade e a mentira'' (Pachelly
Jamacaru), ''Meu passarinho meu amor'' (Cícero do Assaré), ''O peixe'' (Abdoral
Jamacaru) e ''Vaca Estrela e Boi Fubá'' (Cainã Cavalcante) já haviam sido lançadas em
disco. O restante é inédito. ''Chico Forte'', parceria entre Calé e Patativa; ''No meu
verso eu canto e louvo Patativa do Assaré'', de Geraldo Amâncio e Zé Maria; e ''O poeta
é sobrenaturá'', poema de Pingo de Fortaleza recitado por Ricardo Guilherme, foram
compostas especificamente para o álbum.
Completando a caixa, o livro traz a transcrição dos poemas
gravados e resgata depoimentos do próprio Patativa e de Rosemberg Cariry. ''Do sertão,
de onde nunca quis sair, (Patativa) ganhou o país pela mediação dos veículos de
comunicação, e uma dimensão nacional, além de ter sido estudado e traduzido no
exterior. Nos deixou, atônitos e órfãos, em julho de 2002. Esse álbum desmente a
perda. Sua voz será sempre acessível, roufenha e emocionada'', escreve o professor
Gilmar de Carvalho num texto inédito que também acompanha o livro.
(© O Povo/NoOlhar.com.br)