José Teles
teles@jc.com.br“Será a homenagem mais importante da minha vida”, diz
Dominguinhos. Ele se refere ao Prêmio TIM 2008, que será dedicado a ele na
cerimônia do dia 28 de maio: “Mas não é novidade, porque eles antecipam a
coisa que é para que se possa preparar bem o show no dia da premiação”,
completa o sanfoneiro, compositor e cantor, maior nome vivo do forró. Esta,
porém, não será a única homenagem que Dominguinhos receberá este ano. Ele é
um dos homenageados também do São João do Recife e do Festival de Inverno de
Garanhuns, sua cidade natal. Foi lá onde ele começou, com os dois irmãos,
todos ainda de calças curtas, o conjunto Os Três Pingüins. O garoto José
Domingos de Morais, atendia, então, pelo apelido de Neném.
Há 55 anos, Dominguinhos se profissionalizou, apadrinhado por Luiz
Gonzaga, com quem tocou durante muitos anos e de quem é considerado o
sucessor, embora recuse o título: “Seu Luiz é primeiro sem segundo”.
A carreira dele passou por fases distintas. Depois de Luiz Gonzaga, ele
foi durante anos um dos mais requisitados sanfoneiros do País, mas se
limitava a tocar, só veio cantar a partir de seu casamento e parceria com a
cantora e compositora Anastácia. Depois que Gilberto Gil conseguiu o maior
sucesso de sua carreira com o xote Só quero um xodó, de Dominguinhos e
Anastácia, o sanfoneiro passou a integrar o time dos baianos. Virou parceiro
de Gilberto Gil, em cuja banda tocou durante a turnê Refazenda. Excursionou
pela Europa com Gal Costa. Foi dos poucos forrozeiros a ser admitido na
elitista turma da MPB, ou pelo menos o único que é parceiro de Chico
Buarque.
Mesmo com todo esse prestígio, a grande maioria dos discos gravados por
Dominguinhos encontra-se fora de catálogo. O primeiro deles, Fim de festa,
foi lançado pela Cantagalo, em 1964. Nesses 44 anos, foi mais de meia
centena de títulos (sem contar com participações especiais e compactos), dos
quais só é possível encontra os mais recentes: “Devo ter uns 70 discos, mais
de 600 músicas. Teve um rapaz, de Alagoas, que catalogou tudo num livro que
escreveu sobre mim. Gravei por muitas gravadoras, é difícil que elas lancem
tudo, tem muitas que nem existem mais”, comenta Dominguinhos, no seu falar
tranqüilo, de que nunca tem pressa.
Para ser entrevistado, por telefone (de São Paulo) ele interrompeu a
reunião que fazia com o maestro Rildo Hora (um pernambucano de Caruaru) que
produzirá o show que celebrará a arte de Dominguinhos na cerimônia do Prêmio
TIM. De antemão, revelou alguns dos artistas que participarão da festa:
“Elba Ramalho, Gilberto Gil (farão um dueto em Só quero um xodó), Zezé di
Camargo e Luciano, Liv Moraes, Vanessa da Mata (canta Lamento sertanejo)”. A
homenagem mais tocante que ele receberá, no entanto, será a de um grupo de
forrozeiros nordestinos, entre os quais estarão Flávio José, Jorge de
Altinho, e Genival Lacerda.
Aos 67 anos, depois de driblar uma grave doença pulmonar, Dominguinhos
diz que continua firme na estrada. Está trabalhando o disco que gravou com
Yamandu Costa e prepara-se para lançar o primeiro DVD, com a SpokFrevo
Orquestra: “Sempre gravei muitos frevos, aliás, todos os sanfoneiros
gravaram frevos. Não apenas frevos como chorinhos. Tenho disco inteiro de
choro”, comenta Dominguinhos, que fará 18 shows até o dia 7 de junho, quando
volta a se apresentar no Recife.
(©
JC Online)