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Edgard Moraes
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Marcos Toledo
mtoledo@jc.com.brFala-se tanto na importância do apoio da iniciativa
privada para a preservação da cultura. Pois, apesar de não contar com os
recursos das grandes companhias, um empreendimento familiar em Pernambuco
desempenha com louvor este papel: o Coral Edgard Moraes. Formado por filhas,
netas e sobrinhas do compositor que lhe dá nome, o grupo completa duas
décadas de existência divulgando a obra do autor e dando sua contribuição
para manter viva a cultura do frevo, especialmente o de bloco.
Para comemorar todo este tempo de dedicação, o conjunto realiza, amanhã e
quinta-feira, às 20h, no Teatro Santa Isabel, o espetáculo Coral Edgard
Moraes: 20 anos cantando o frevo no qual promete apresentar o frevo-de-bloco
com uma produção ímpar destacada por requinte cênico e participações
especiais de Dalva Torres, Spok, Getúlio Cavalcanti e Claudionor Germano. Na
ocasião é lançado ainda um álbum com o mesmo título.
“A gente queria fazer algo diferente”, explica Valéria Moraes, neta do
compositor falecido em 1973. “O normal é chegar no palco e cantar
acompanhando (outro artista) ou não.” Valéria, que forma o grupo junto com
Inajá, Iraçaíra, Ísis, Márcia e Suely Moraes, Ana Dulce e Maria Dulce
Chacon, e Marta Silvany Lopes, conta que, para este concerto, o coral teve
preocupações extras como a escolha do local, figurinos, direção cênica – a
cargo de Paulo de Castro e Gilson Moraes –, uso de telão e outros recursos
especiais. O projeto tem patrocínio do Governo do Estado e da Prefeitura do
Recife.
O repertório do CD Coral Edgard Moraes: 20 anos cantando o frevo, aliás,
segue o roteiro do espetáculo montado por Gilson. Ao todo, o disco traz 16
faixas, sendo a primeira um depoimento do pesquisador Renato Phaelante. As
demais serão executadas no palco pelo coral e seu conjunto com dez músicos
dirigidos pelo maestro e bandolinista Marco César.
No início e no fim do concerto, as músicas são apenas instrumentais. O
tema Abertura traz um medley de temas de Edgard Moraes com arranjos
primorosos de Marco César. Despedida, de Raul Moraes (irmão de Edgard e sua
principal inspiração para se tornar compositor), encerra o repertório, que
conta com gravações clássicas do coral, a exemplo de Saudosos foliões,
Alegre bando e Valores do passado, mescladas com novos fonogramas, como
Carnaval divinal e Sustenta o baixo, violão.
As exceções às composições de Edgard ficam por conta das músicas Ao meu
público fiel, homenagem de Louro Castro ao autor, a inédita Tempos de
ternura, de Getúlio Cavalcanti, outro fiel admirador, e Frevo do Galo, de
Fernando Azevedo e Paulo e Fernanda Gama, tributo do coral a sua relação com
o Bloco das Ilusões e o Galo da Madrugada com arranjos de Spok, um dos
principais responsáveis pelo primeiro álbum do grupo.
» Espetáculo e lançamento do CD Coral Edgard Moraes: 20 anos cantando
o frevo – amanhã e quinta, às 20h, no Teatro Santa Isabel (Praça da
República, s/nº, Santo Antônio). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 3421-8456 e 3232-2939.
(©
JC Online)
Edgard Moraes
Edgard Ramos de Moraes, conhecido no meio artístico como Edgard Moraes,
“General Cinco Estrelas da Folia”, deixou cerca de 350 composições, na
maioria Frevos e Marchas de Bloco. Nasceu no dia 01 de novembro de 1904, no
bairro da Madalena, Recife. Ainda menino, iniciou os seus estudos musicais
com o irmão mais velho Raul Moraes (1891–1937), extraordinário pianista e
compositor, conhecido como o “Príncipe das Marchas de Bloco” e reverenciado
na composição de Nelson Ferreira - Evocação nº 01.
Aos 16 anos já fazia composições musicais para vários blocos de Carnaval do
Recife. Aprendeu a tocar violão em 1922, chegando a ser considerado, pelos
críticos violonistas da época, como um dos melhores instrumentistas de
acompanhamento. Em 1923, fundou diversos blocos locais, como Pirilampos,
Jacarandá, Turunas de São José, Corações Futuristas, Rebelde Imperial, Bloco
da Saudade.
Destacou-se no Carnaval de 1935, quando gravou, em disco vinil, Furacão no
Frevo (frevo de rua) e Cai no Frevo, Morena (frevo canção). Depois resolveu
se dedicar às marchas de bloco (frevos de bloco). Com isso, a orquestra de
metais que ele mesmo dirigia passou por uma transformação, quanto à formação
instrumental. Trabalhando com os instrumentistas de cordas dedilhadas,
madeiras, palhetas e percussão, formou assim sua orquestra de pau e cordas,
que acompanhou tantos blocos da nossa cidade.
O seu repertório de marchas de bloco evocativas iniciou-se com o nostálgico
frevo A Dor de uma Saudade, gravada pela Mocambo–Rozenblit para o Carnaval
de 1961. Essa composição evocou todo sentimento de saudade que Edgard sentia
pelo seu irmão Raul e pelos Carnavais antigos, abrindo inspirações para
outras marchas de bloco de puro lirismo e poesia.
Como maestro, arranjador e compositor, participou de alguns dos principais
blocos carnavalescos, tais como: Pirilampos, Príncipe dos Príncipes, Lobos
de Afogados, Um dia de Carnaval, Galo Misterioso, Rebelde Imperial, Batutas
de São José, Madeira do Rosarinho. Foi compositor de um vastíssimo
repertório de todos os gêneros musicais, como valsas, choros, maxixes,
baiões, canções sertanejas e patrióticas, maracatus, sambas, foxes e
batuques.
Edgard Moraes tinha o sonho, quando compôs Valores do Passado em 1962, de
fazer um bloco com o nome de Bloco da Saudade, que pudesse reviver aqueles
inesquecíveis grupos carnavalescos da época. O seu sonho tornou-se realidade
em fevereiro de 1974, com o primeiro desfile do Bloco da Saudade e o convite
para que Valores do passado (composta em 1962) fosse o hino do bloco.
"Num fim de tarde do dia 31 de março de 1974, aos 70 anos, o “General Cinco
Estrelas da Folia” disse adeus à vida, deixando sua esposa Noêmia Moraes
(hoje já falecida), 7 filhos e alguns netos. O Coral Edgard Moraes, formado
pelas suas filhas, sobrinhas e netas vem, desde 1987, divulgando e
resgatando as obras do seu imenso acervo musical.
“Herdei do meu irmão o mesmo entusiasmo pela vida, o mesmo
desprendimento, a mesma resignação diante dos sofrimentos e injustiças e
a mesma vontade indômita de não negar esforços para prestigiar a arte
musical do Brasil, especialmente de Pernambuco – terra que sempre amamos
com verdadeira veneração.” (Edgard Moraes)" (Texto retirado dos Manuscritos do Acervo Particular do Compositor)
(©
Prefeitura do Recife)
Quatro músicas por R$ 2
Novo serviço Tocaê chega para
popularizar o download pago de músicas feito diretamente para o telefone
celular
José Teles
teles@jc.com.brOs músicos
pernambucanos têm um novo canal de distribuição e divulgação para sua
música, o Tocaê, lançado, quinta-feira à noite, no café Deltaexpresso,
no Bairro do Recife, mas em funcionamento desde o dia 8 deste mês. A
iniciativa é uma parceria do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do
Recife (Cesar), que criou o programa, Rede Wireless (responsável pela
implantação do sistema de pagamento para download das músicas) e a
Candeeiro Records (que disponibiliza o conteúdo).
O Tocaê é basicamente um serviço de
venda de música digital para celulares, mas diretamente ao consumidor,
sem passar pelas companhias telefônicas: “É uma forma alternativa de
distribuir e divulgar música, aproveitando a inclusão digital que veio
com a popularização do celular”, explica Eduardo Peixoto, do Cesar. A
pessoa compra uma cartão, que custa R$ 2, que lhe dá direito ao download
de quatro músicas. Ele recebe um programa para acessar o bluetooth do
celular, que lhe permite baixar as músicas que escolher.
“A diferença para outros processos
semelhantes, é que se pode repassar estas músicas para quantos celulares
se quiser. Hoje já se pode fazer isto baixando a música para o
computador e depois para o celular. Porém nem todo mundo tem micro no
Brasil, e muito menos banda larga. O Tocaê simplifica este processo”,
diz Peixoto.
Como o sistema começa a funcionar em
caráter experimental, apenas no Delta Café, Eduardo Peixoto diz que
ainda não foi definido o percentual que o artista receberá pela venda de
sua música: “O grande benefício, porém, nem é exatamente o financeiro,
mas a divulgação do conteúdo deste artista, e as informações que ele
receberá, como por exemplo: quais e onde suas músicas estão sendo
baixadas. Com isto ele pode programar seus shows, ou trabalhar a
divulgação do seu disco”.
O produtor Paulo André Pires, da
Astronave, disponibilizou para o Tocaê músicas de artistas cujas
carreiras está produzindo, DJ Dolores (o segundo CD, com a Aparelhagem),
e Mundo Livre S/A (Bebadogroove): “O Tocaê deve ser visto, antes de
tudo, como mais uma possibilidade de vender e divulgar artistas
independentes, para isto hoje é preciso usar todos os canais. Para este
segmento, a cena independente, é um grande canal de distribuição e
divulgação, sobretudo porque a gente está vendo o fim das lojas de
disco. Até nos Estados Unidos tudo que é megastore está fechando”, diz
Paulo André.
O produtor Marcelo Soares, da Candeeiro
Records, concorda que o Tocaê só traz vantagens e não apenas para os
artistas. traz também para as gravadoras: “Nós disponibilizamos todo o
catálogo da Candeeiro, inclusive o Música magneta, com os mestres da
guitarrada do Pará, que nem foi ainda lançado. Para o selo é vantajoso
porque o nosso conteúdo já está mesmo disponível na Internet
gratuitamente, e o Tocaê é uma maneira de acostumar as pessoas a pagarem
por música digital”.
Por enquanto o Tocaê está funciona
apenas no Deltaxpresso, mas logo será expandido para outros
estabelecimentos: “Daqui a dois meses o sistema estará em mais ou menos
quatrocentos pontos, no Recife. A próxima cidade onde será implantado
será São Paulo”, adianta Eduardo Peixoto.
(©
JC Online)
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Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)
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