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Outras facetas de Gilvan Samico

 

 

Xilogravura de Samico
 

Olívia Mindêlo
oliviamindelo@jc.com.br

A exposição é simples, mas o acervo é valioso. Além das xilogravuras que consagraram o trabalho do artista Gilvan Samico nacionalmente, o Centro Cultural Benfica, da Universidade Federal de Pernambuco, nos convida a conhecer um outro lado desse mestre das artes plásticas do Estado: o do pintor, desenhista e serigrafista. As obras, que passeiam por essas linguagens, saíram da reserva técnica do espaço para antecipar as comemorações dos 80 anos de Samico, cuja data de aniversário é dia 15 de junho.

A mostra Gilvan Samico – 80 anos, com abertura hoje, às 19h, é a primeira homenagem à data, celebração, aliás, que o artista, conhecido por sua personalidade taciturna, prefere evitar: “Nunca fui habituado a comemorar aniversário nenhum meu. Por isso, não é agora que, aos 80 anos, vou fazer uma festa. Quem quiser que homegeie, mas não quero nada com isso, estou cansado”, diz ele. A exposição, no entanto, foi feita com a sua autorização.

Dezenove das 20 obras pertencentes ao acervo do Centro Cultural Benfica – a Diretoria de Cultura da UFPE – estão à mostra, distribuídas em duas salas, no primeiro andar do prédio, localizado na Madalena. Todas foram doadas e adquiridas entre o fim dos anos 60 e o início dos anos 70, época em que Ariano Suassuna exercia a função de diretor de Cultura da universidade e formatava os ideais do Movimento Armorial, do qual considera Samico um dos maiores representantes visuais.

“A exposição é simples, mas a gente tem obras aqui fundamentais para se conhecer Samico, que redimensionou o sentido da xilogravura no País”, reforça Albino Oliveira, museólogo responsável pelo acervo do centro, que conta com 4,3 mil itens, entre folhetos de cordel, pinturas, esculturas, gravuras, desenhos etc.

Um dos pontos que chamam atenção nessa mostra é a paleta de cores utilizada por Samico nas décadas de 60-70. Como o artista mesmo diz, foi nessa época em que ele começou a enegrecer os seus trabalhos, principalmente as xilos, que ganharam tons mais pretos – marca que se solidificou até hoje. Mas o interessante é justamente a possibilidade de observarmos essa transição: através das obras percebemos ainda um apego grande do gravurista à cor/ às cores.

Duas serigrafias, uma de 1972 e outra de 1974, peças raras em sua produção, evidenciam esse aspecto. São criações bastante coloridas, focadas na imagem da mulher, feitas sob encomenda a uma galeria paulista. Outro item curioso da mostra é um desenho feito com hidrocor sobre papel, O galo de ouro, de 1965. Os óleos sobre madeira também são peças únicas e multicoloridas.

» Gilvan Samico – 80 anos, até novembro, no Centro Cultural Benfica – Rua Benfica, 157, Madalena, 1º andar. Entrada franca. Informações: 3227-0657

(© JC Online)

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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