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Coração feminino no batuque

 

 

 

Maracatu Coração Nazareno, formado só por mulheres, lança CD produzido na Usina Cultural Estrela de Ouro

Eugênia Bezerra
eugenia.bezerra@gmail.com

Mais um representante da cultura popular da Zona da Mata Norte pernambucana tem seu trabalho registrado em CD. A rosa do maracatu, trabalho de estréia do Maracatu Coração Nazareno, será lançado hoje, a partir das 20h, com festa na sede da Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (Amunam), localizada na Praça do Estudante de Nazaré. Além do desfile do anfitrião, se apresentam o Coco Popular de Aliança, o Caboclinho 7 Flexas de Goiana e os mestres Zé Duda e Luiz Caboclo, do Maracatu Estrela de Ouro, e João Paulo, do Maracatu Leão Misterioso. A entrada é gratuita e o evento também terá uma feira de artesanato.

O trabalho é uma parceria entre o Ponto de Cultura Estrela de Ouro e o projeto A rosa do Maracatu, de Valéria Vicente. Este é o segundo CD lançado este mês pela Usina Cultural Estrela de Ouro, realizado pelo Ponto de Cultura da cidade de Aliança, que também propiciou a gravação do CD do grupo Caboclinho 7 Flexas. O objetivo é utilizar o Estúdio Multimídia Mestre Zé Duda, instalado no local, como plataforma para que os grupos da região possam perpetuar sua produção. Desta maneira, as tradições e saberes da região serão transformados em bens culturais, acessíveis a uma parcela maior da população.

“O que se faz aqui difere das inúmeras usinas de cana-de-açúcar da região porque sua matéria-prima é a cultura popular, os produtos são CDs, livros, DVDs, aulas-espetáculo, oficinas de criação e organização de turnês e festivais", explica o produtor executivo do projeto, Afonso Oliveira, no texto de apresentação.

“Eu estou feliz com o desenvolvimento desses projetos, estão correspondendo às nossas expectativas. O público está gostando e participando das festas no Ponto de Cultura. Para nós, que estamos fazendo este trabalho, é um momento de êxtase. Temos muita expectativa para a festa de amanhã”, explica o presidente do Ponto de Cultura Estrela de Ouro, José Lourenço.

Ele também lembra que, além dos três lançamentos já citados, já foram registradas em CD as músicas de cinco grupos de Caboclinhos de Goiana. Segundo ele, o próximo lançamento do gênero deve ser o CD do grupo Os Quentes do Forró, de Antônio Salu. No momento, o projeto encontra-se em fase de elaboração para concorrer aos editais de financiamento.

O Maracatu Coração Nazareno é o único grupo de baque solto formado exclusivamente por mulheres, lideradas pela Mestra Gil, em um universo tradicionalmente dominado pelos homens.

O grupo é mantido pela Amunam e utiliza a cultura como uma maneira de possibilitar a formação de novas agentes culturais, e preservar a cultura da região. As mulheres promovem oficinas de artes, nas quais confeccionam a indumentária e os adornos utilizados pelas 52 integrantes da formação atual durante as apresentações.

Durante essas reuniões, elas também conversam sobre os motes das canções. As loas do Coração Nazareno também refletem a preocupação do grupo com a cidadania. Nas letras, elas procuram abordar temas como as questões de gênero e violência contra as mulheres e crianças. Assim surgem versos como “a mulher atualmente disputa cargo elevado para governar o Estado / só não pode rezar missa mais (sic) o resto pode tudo”.

A gravação dos CDs foi produzida por Afonso Oliveira e conta com o apoio do Governo de Pernambuco e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), através do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) e do Ministério da Cultura (MinC), através do programa Cultura Viva. Durante a festa de lançamento, os CDs estarão à venda por R$ 15 e devem chegar às lojas especializadas em breve.

(© JC Online, 31.05.2008)


Afoxé Oyá Alaxé celebra tradição nagô do Recife

Marcelo Pereira
marcelop@jc.com.br

A tradição Nagô afro-pernambucana está em festa hoje. Atabaques, agogôs e abês vão soar após o cair da tarde, no Paço Alfândega, para celebrar o lançamento do primeiro CD solo do Afoxé Oyá Alaxé, oriundo do Terreiro Ilê Obá Aganjú Okoloya (Casa do Rei Xangô, marido de Oyá), fundado em junho de 1945, no bairro de Dois Unidos, por Mãe Amara. O show ocorre às 19 horas, no auditório da Livraria Cultura.

Formado em abril de 2004 por Maria Helena Mendes Sampaio (Oyá Tundê) e Fábio Gomes (Ataojá) e os filhos de santo (omorixá) do terreiro de Mãe Amara, o Afoxé Oyá Alaxé tem 25 integrantes, entre 18 e 38 anos, e desde então desfila no Recife durante o Carnaval, levando em seu cortejo cerca de 240 componentes.

O batuque do Oyá Alaxé é bem sincopado, com nuances rítmicas de nagô, batá, ijexá, aguerê e ogó de Iemanjá, além da santería cubana. Já o vocal é afinado (mais até do que a maioria dos maracatu e corais de blocos líricos).

Quase todas as músicas autorais são de autoria de Fábio Gomes (há uma parceria com Maria Helena), embora também tenham sido incluídas toadas da tradição das nações Nagô e Keto, de Pernambuco. A maioria das músicas são divinais e evocativas da natureza. Falam de temas universais como beleza, amor, sabedoria, liberdade, morte. Celebram também a dança, a resistência e a tradição, em cantos ora em iorubá ora em português, ou nos dois idiomas. A tradução do texto é assinada por José Jorge de Carvalho.

O disco foi produzido e mixado por Alfredo Bello (do selo independente Mundo Melhor). A agravação ocorreu no dia 7 de março no Salão do Terreiro Ilê Obá Aganjú Okoloyá. “Este disco é um instrumento da reafirmação da identidade afro-descendente, em meio a todos os obstáculos que o mercado fonográfico impõe à cultura popular”, escreve no encarte Fábio Gomes.

A maioria dos músicos participaram ou participam das oficinas de percussão e dança realizada pelo afoxé, que procura desenvolver também a conscientização e o fortalecimento dos direitos humanos. A escolha do espaço sagrado do terreiro, segundo Fábio Gomes, serve “para referendar o candomblé como fonte fundamental do afoxé”.

É bom lembrar que em nagô, afoxé siginifica uma manifestação de muita energia, magia e força. O encarte traz ainda um texto contando a história deste importante ponto de preservação do patrimônio imaterial afro-brasileiro que é o terreiro de Mãe Amara.

Um novo lançamento será realizado no sábado, na sede da Escola de Samba Preto Velho, em Olinda.

(© JC Online)


Bandas de pífanos do Pajeú reunidas em disco

Hoje também será lançado o CD Pifeiros do Pajeú, que reúne 12 músicas de três bandas de pífanos da região próxima ao município de Carnaíba, localizado no Sertão do Pajeú.

Participam do trabalho a Banda de Pífanos de Santo Antônio, que este ano completa 105 anos, a Banda de Pífanos Caroá e a Banda de Pífanos Carapuça. Estas últimas, originárias dos sítios homônimos localizados na região e formadas por descendentes de quilombolas. A autoria das composições é dos pifeiros Antônio Pedro, Luiz Gonçalo e José Alfredo.

O projeto foi produzido pelo músico e compositor João Eudes e recebeu o apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) para a sua realização. O objetivo da gravação é garantir às próximas gerações o acesso ao ritmo resultante da combinação entre pífano, zabumba e caixa, perpetuando o trabalho destes grupos.

A festa de lançamento está marcada para as 20h, na Casa da Música Maestro Israel Gomes, que fica na cidade de Carnaíba. Outras informações: 9129-2217.

(© JC Online)

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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