Lançamento do DVD com repertório do disco mais recente do artista
pernambucano chega às lojas com o selo do prêmio TIM de Música
José Teles
teles@jc.com.br
Toda vez que
eu dou um passo o mundo sai do lugar, de Siba e a Fuloresta, prêmio de
Melhor Disco Regional, e de Melhor Projeto Visual (assinado por Luciana
Facchini e Os gêmeos) no Prêmio TIM de Música 2008, tem agora um
lançamento em DVD, na série Toca Brasil, do Itaú Cultural. O vídeo
registra um show no espaço Itaú Cultural, em São Paulo, em novembro de
2007. “Esta apresentação aconteceu logo depois desta formação do grupo,
e de ter acabado de gravar o disco”, diz Siba Veloso. O rabequeiro
acrescenta que as músicas foram sendo aprimoradas ao longo deste período
que ele a Fuloresta vêm tocando o repertório pelo Brasil e exterior.
“Muitas delas já vinham sendo tocadas antes de serem gravadas. Sempre
faço isso, testo as músicas ao vivo. Desde este show foi um ano e meio
de de viagens intensas. Durante este tempo o repertório está muito mais
redondo, meio que se solidificou”, complementa Siba.
Nas
apresentações atuais da turnê, há algumas diferenças para o que se vê no
DVD, não apenas entraram ou saíram algumas canções, como foi
acrescentado um pouco mais de poesia improvisada. “Não gosto de repetir
sempre o mesmo show. Agora estou cantando músicas novas, ainda inéditas
em disco, vou colocando sempre alguma coisa diferente do show anterior.
Além do que monto o repertório de acordo com o lugar, a expectativa do
público”, conta Siba Veloso. Para ele, embora o show tenha pego o grupo
numa noite inspirada, existem outros trechos particularmente mais
interessantes no DVD.
“A
música, claro, é importante, mas eu particularmente considero que o mais
importante é o making off (com 35 minutos. O DVD inteiro tem 88
minutos). Neles, conto de veio esta música, porque fui para São Paulo,
porque voltei. Acho que em momento algum eu me expus tanto quanto neste
DVD”, confessa o músico, que tomou uma decisão ousada, ao deixar Mestre
Ambrósio, banda de prestígio consolidado, e trocar São Paulo por Nazaré
da Mata, pequena cidade da Zona da Mata Sul pernambucana. Ali começou a
trabalhar com músicos autenticamente do povo, tratando-os de igual para
igual, da mesma forma que trataria músicos de formação acadêmica e
trabalhando com uma das músicas mais de raiz que se pode ouvir no
Brasil. A Fuloresta no DVD é formada por Biu Roque (percussão e voz),
Mané Roque (mineiro e voz) Cosmo Antônio (percussão e voz), Zeca (poica)
Roberto Manoel (trompete), Galego do Trombone (trombone), João Minuto
(sax tenor), Bolinha (tuba).
Uma
ousadia que deu certo, já que Siba e a Fuloresta tem a agenda sempre
ocupada. Siba conversou o DVD às vésperas do grupo embarcar para fazer
shows no Sul do Brasil, e começa a arrumar as malas para mais uma
temporada na Europa. Toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar,
o CD, está sendo lançado no exterior, agora trazendo na capa o selo de
Melhor Disco de 2007, vencedor da mais importante premiação do gênero no
País. Para Siba, um aval que ajuda muito. “Tem um peso muito forte, não
se tem dúvidas. Claro que para o público que gosta da nossa música, que
já conquistei o TIM não modifica muito coisa. O que para a gente é bem
mais importante é que com ele a gente alcança um público que ainda não
atingimos, aí o prêmio faz realmente muita diferença. Tem um pessoal que
potencialmente poderia se interessar pelo nosso trabalho, mas não é de
ir em loja procurar novidades, e o TIM ajuda a que este pessoal nos
conheça. Tenho já sentido este respaldo quando sou procurado por pessoas
que ainda não conheciam meu trabalho com a Fuloresta, diz Siba.
DVD
Com
cenários de Os gêmeos, ao mesmo tempo simples e sofisticado, como a
música de Siba e a Fuloresta, o show tem 18 músicas, contando com o
improviso no final. Começa com o dobrado Batista de Matto (Manoel Alves
Leite), e traz todo o repertório do CD Todo vez..., mais músicas do
disco anterior. A única música que não leva assinatura de Siba ou de
integrantes da Fuloresta é a marchinha carioca Tem nêgo bebo aí
(Mirabeau Pinheiro Filho/Ayrton Amorim de Macedo). A marchinha
aparentemente causa estranheza aos que não conhecem o Carnaval da Zona
da Mata. Os músicos da região têm a sua própria versão de frevos, e
marchinhas, que são interpretados com outra roupagem e andamentos.