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O novo CD da comendadora

11/06/2008

 

 

Foto: JC Imagem

Dona Selma do Coco: 50 anos de carreira
 

Dona Selma do Coco vibra com a comenda recebida do presidente Lula e celebra seus 50 anos de carreira

José Teles

teles@jc.com.br

A comendadora Dona Selma do Coco está lançando seu oitavo CD, Bodas de ouro com coco, sem festa: “Foi um aperreio, porque o disco demorou muito a sair. Se fosse o primeiro ainda ia. Por isto não quero fazer nada com ele, só vender nos shows mesmo”, diz ela. A produtora Lígia Verner atribui o atraso a problemas técnicos com a remasterização. Dona Selma comemora meio século de dedicação ao coco: “Vem da minha avó, do meu pai, e da minha mãe. Eu ia com eles para os cocos, e aquilo foi ficando comigo”, lembra Dona Selma, a comendadora da cultura brasileira. A comenda ela recebeu juntamente com outros artistas populares, em 8 de novembro passado, em Belo Horizonte (MG), das mãos do presidente Lula, numa cerimônia que contou também com o ministro da cultura, Gilberto Gil.

Aos 72 anos, Dona Selma só começou a sentir o gostinho da fama, aos 60 anos, com o sucesso, no Carnaval de 1996, do coco A rolinha, que deu um impulso à carreira, da ex-empregada doméstica e tapioqueira, que, quando mais jovem, fazia coco com as amigas uma vez por ano: “A gente se juntava e ia para os cocos, sambava e tomava cachaça até o dia amanhecer” relembra ela, que em uma das faixas, Minha história, volta ao passado, e canta os tempos em que morava na Mustardinha: “Fiquei viúva há uns cinqüenta anos, nunca mais casei, porque os homens que prestam, a gente conta nos dedos”. Até o sucesso chegar, ela sustentava a família com pensão deixada pelo marido. “Era muito pouco, uma miséria, salário de pobre. Agora não. Agora eu vivo só da música, porque as coisas mudaram muito. Antigamente não tinha cultura, não davam valor”, comenta a coquista, que com o disco Minha história, em 1998, ganhou um prêmio Sharp.

A ex-moradora da Mustardinha, de repente, estava conhecendo países com os quais nunca nem sonhara. Na Alemanha, gravou disco e morou por dois meses. “Conheci muitos países. França, Suíça, muitos lugares”. Porém o que ela mais gostou foi os EUA. “Tudo lá é bom. É mais quente, as comidas são boas, parece cinema”, elogia.

No CD, Dona Selma, comendadora da cultura popular, ela assina quase todas as faixas sozinha, e até recria seu maior sucesso no coco Vou pra Olinda + A rolinha. Presta uma homenagem aos seus pares da cultura popular, em Mestre das cultura, no qual cita Lia de Itamaracá, Mestre Salustiano e ela própria. São música que simplesmente fluem, lhe vêm à cabeça. Nada de complicações com a comendadora. Feito a faixa Dá-lhe Manoel: “Manoel é qualquer Manoel, tem tantos por aí. Eu sou assim, sempre alegre, sou popular mesmo”, diz, soltando a gargalhada que virou marca registrada. Alegre, mesmo sentindo que o coco não está mais tão prestigiado quanto há dez anos: “Voltou a ser quase a mesma coisa. O pessoal de fora vem aqui e ganha o dinheiro todo, enquanto para a gente só fica a micharia”, reclama Dona Selma.

(© JC Online)

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