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Meneses volta a Beethoven em CD

13/06/2008

 

 

O músico pernambucano Antonio Meneses
 

Ao lado de Menahem Pressler, ele interpreta em gravação a obra completa do compositor para piano e violoncelo

O mais célebre violoncelista brasileiro se dedica a Antonin Dvorak em concerto da Osesp regido por John Neschling

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nesta semana, ele está lançando um CD, gravando outro, e planejando seu próximo DVD. Nunca Antonio Meneses, o mais célebre violoncelista que o Brasil já teve, se dedicou tanto a gravações como agora, aos 50 anos de idade.

O segredo é a política especial do selo britânico Avie Records, pelo qual ele gravou, em 2004, um alentado CD duplo com a obra completa de Bach para violoncelo solo. "É uma companhia criada para o músico, que é, a um só tempo, o artista, produtor e dono do disco.

A grande vantagem é a gente ter controle sobre o trabalho; não acontece mais aquilo de a gente gravar e a companhia fazer o que quer com o CD."

Para o consumidor brasileiro, o ganho adicional é serem os discos de Meneses na Avie lançados no Brasil, a preço de CD nacional, pelo selo Clássicos.

Foi o que aconteceu com as suítes de Bach, e, agora, é o que está ocorrendo com o álbum duplo no qual, ao lado de Menahem Pressler, ele interpreta a obra completa de Beethoven para piano e violoncelo.

"Ao lado de suítes de Bach, as sonatas de Beethoven são as obras mais importantes do repertório do violoncelo: a gente cresce com essas peças, e está sempre burilando, trabalhando", explica. "Beethoven praticamente inventou a sonata para violoncelo e piano, porque foi o primeiro compositor importante a escrever para essa formação. Mozart, por exemplo, fez sonatas para violino, mas não para violoncelo." No último final de semana, no festival Folle Journée, no Rio de Janeiro, Meneses e Pressler tocaram, em dois concertos, o repertório do disco. Foram apresentações refinadas e emocionantes, dignas de parceiros musicais que se conhecem há uma década.

Hoje com 84 anos de idade, demonstrando um domínio assombroso do instrumento, Pressler mudou decisivamente a vida de Meneses ao convidá-lo, em 1998, a integrar o Beaux Arts Trio, conjunto de câmara que o pianista havia fundado em 1955, e que encerra suas atividades em setembro deste ano, com a saída do violinista Daniel Hope.

Os anos ao lado de Pressler só fizeram apurar as habilidades do violoncelista no terreno intimista da música de câmara. O Meneses que se ouve no CD de Beethoven é um músico maduro, sério e distante do narcisimo exibicionista.

Programação intensa

Ainda como camerista, ele volta a São Paulo em setembro para lançar um disco em duo com a pianista Celina Szrvinsk, no qual interpreta obras dos europeus Nadia Boulanger e Bohuslav Martinu, além dos brasileiros Villa-Lobos e Camargo Guarnieri. No mesmo mês, ele deve se apresentar na cidade com a Orquestra Petrobras Sinfônica, tocando o concerto de Elgar.

Nesta semana, com a Osesp, regida pelo maestro John Neschling, o violoncelista registra o mais célebre concerto romântico para seu instrumento -o escrito pelo tcheco Antonin Dvorak (1841-1904). "Gravei o concerto de Dvorak com a Filarmônica de Moscou logo depois de vencer o Concurso Tchaikovski, em 1982, mas o disco só circulou no Leste Europeu e no Japão."

Na semana que vem, ele entra em estúdio para registrar um álbum com peças solo de autores brasileiros contemporâneos, como Clóvis Pereira, Edino Krieger e Marlos Nobre. Toca dia 20 com a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), no Rio, sob a batuta de Roberto Minczuk, apresenta-se em julho no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão e tem ainda planos de um DVD com as suítes para violoncelo solo de Bach.

BEETHOVEN: OBRA INTEGRAL PARA PIANO E VIOLONCELO

Artistas: Antonio Meneses e Menahem Pressler
Distribuidora: selo Clássicos
Quanto: R$ 69 (à venda pelo site www.lojaclassicos.com.br)

(© Folha de S. Paulo)

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