16/06/2008
Emanuelle Araújo, que um dia
substituiu Ivete Sangalo, reaparece na música e estréia na TV. Agora,
parece que vai
MARCO BEZZI, marco.bezzi@grupoestado.com.br
O burburinho no número 2231
da Avenida Angélica direcionava os olhos dos populares para a porta da
casa Tom Jazz. Dentro dela, uma música suingada era embalada por uma voz
poderosa. Sua dona, a atriz e cantora Emanuelle Araújo, atravessava mais
uma prova de sua maratona diária. A baiana de 31 anos passava o som ao
lado de sua banda Moinho. À noite ainda reservaria um apresentação
completa do grupo. Emanuelle estava sem dormir há horas e não havia nem
almoçado quando o relógio apontava seis da tarde. Foram diversas
entrevistas, compras e dois editoriais de moda antes de colocar os pés
em cima do palco. Mais do que ter a música Esnoba (tema do casal Rakelli
e Robson, da novela Beleza Pura) como a mais tocada nas rádios do Rio de
Janeiro, Emanuelle tem se destacado no papel da garota de programa Manu,
na novela A Favorita.
Para dar conta das duas carreiras ascendentes, Manu - como também é
conhecida intimamente - se apóia na ioga, na filha adolescente - de 14
anos - e na família em Salvador. Mesmo assim, após conceder entrevistas
para as TVs, tirar fotos e cantar à frente de seu grupo, se dirigiu à
reportagem do JT, que a esperava para um bate papo. 'Putz, desculpa, mas
não tenho mais voz nem pique para falar. Será que poderíamos fazer essa
entrevista amanhã, por telefone?', falou, esgotada. Após receber um sim,
abriu um sorriso franco e se despediu.
Emanuelle deu as caras pela primeira vez quando substituiu Ivete Sangalo
na Banda Eva, em 1999. Na época sabia que o convite iria barrar uma de
suas paixões: o teatro.Os três anos que passou em cima de trios
elétricos e dentro dos bailes de axé a fizeram decidir por uma parada
estratégica em 2002. 'Bateu uma inquietude. Queria voltar a atuar e
pesquisar outros ritmos', disse por telefone, dois dias depois da
terça-feira, dia do show do Moinho em São Paulo. As comparações com
Ivete nunca a assustaram: 'Nós somos tão diferentes. Como sempre estive
focada na música nunca prestei atenção nessas comparações', afirmou
Emanuelle, que desde os 10 anos está metida no mundo das artes.
Emanuelle pegou mala e cuia e seguiu para o Rio de Janeiro. Foi estudar
cinema e música nas ruas da Lapa. Encontrou a percussionista Lan Lan
(ex-Cássia Eller) e o violonista e guitarrista Toni Costa e montou um
bloco de samba, o embrião do Moinho. A empreitada deu certo. 'O som do
grupo tem um pouco de rock, um pouco de samba, um pouco de MPB, todas
influências nossas e dos músicos que nos seguem. Nunca tivemos
pretensões ou expectativas comerciais.'
Junto ao Moinho, Emanuelle continuava a atuar no teatro. Quando estava
em cartaz com a peça Nada Será Como Antes recebeu um convite da Rede
Globo para fazer um teste na novela Pé na Jaca. Passou, com louvor. 'O
diretor Ricardo Waddington também é o diretor de A Favorita e me chamou
para atuar.' Na nova novela das oito, Emanuelle faz o papel de Manu.
'Ela é um personagem delicioso, com características muito diferentes das
minhas. Tem esse tom de comédia que eu adoro.' Pudores quanto ao
primeiro papel de destaque na televisão, Emanuelle não tem. 'Não gosto
da exposição gratuita, mas pelo personagem e pela história, tudo é
válido.' O sucesso de mais uma garota de programa nas telinhas ganha
tese da sua protagonista: 'Quando faço a Manu, afloro toda a minha
feminilidade. Isso seduz naturalmente as pessoas.'
Os convites que surgiram para posar nua, infelizmente para o público
masculino, não mexem com sua cabeça. 'Não tenho o menor preconceito, mas
para mim não me interessa. Na Playboy estaria expondo só a mulher, não
vejo sentido nisso. Só pra matar uma grana? Prefiro matar de outro
jeito.'
No fim da entrevista Emanuelle volta a agradecer. 'Você viu que eu fui
sincera, né?' No futuro, quer fazer temporada de shows em São Paulo.
Enquanto isso, atua na TV, cinema (já tem no currículo o filme Ó Paí, Ó)
e curte a vida com o namorado no Rio. Santa disposição.
(©
Estadão)
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