Notícias
A trilha sonora do São João em 2008

16/06/2008

 

 

Santanna
 

Os forrozeiros parecem desestimulados com a pirataria e por não tocar no rádio. Este foi um ano de poucos lançamentos, a maioria disquinhos em capas-envelopes

José Teles
teles@jc.com.br

A produção de discos de forró este ano foi modesta. CD agora é para divulgação e vender em shows. É o caso do promocional Forró a arte do abraço, de Santanna o Cantador (ambos em capas-envelopes). Santanna O Cantador insiste no básico, zabumba, sanfona, triângulo (sanfonas pilotadas por Arlindo dos Oito Baixos, Beto Hortiz e Cezinha). O CD quase inteiro é de xotes, a maioria de letras românticas. Alguns com citações de poetas, como Maximiano Campos (o próprio nome do CD é uma paráfrase a um verso de Vinicius de Moraes).

Carismático, Santanna conquistou seu nicho no forró do Nordeste. Florbela, um xote de Rangel Júnior, é o seu sucesso este ano, porém, como em outros discos seus, o forte são regravações. Aqui estão O xamego da Guiomar (Luiz Gonzaga/Miguel Lima), Estrela miúda (João do Vale/Luiz Vieira) , Rasgando o fole (Assisão ), O verbo “se” (Accioly Neto).

Alcymar Monteiro, autodenominado O Rei do Forró, em Como antigamente vol. 1 pode ser o mais tradicional, como em Rio Parnaíba (em dueto com João Cláudio Moreno, imitador de Luiz Gonzaga), ou com metais e um suingue que se aproxima das bandas de fuleiragem music, no pot-pourri com Foi bom enquanto durou e Fogo e água (Gilvan Neves).

Alcymar foi dos poucos a lembrar Rosil Cavalcanti, falecido há 40 anos, (nos créditos grafado como “Rocil”), de quem canta Sebastiana. Um dos mais talentosos forrozeiros da novíssima geração, Cezinha estréia com Convidando a transbordar, um dos melhores CDs desta safra. De influências bem apreendidas de Dominguinhos e Sivuca, Cezinha faz um forró sofisticado, com harmonias elaboradas e sem perder a simplicidade. Ele também aprendeu que forró não é só xote. Tampouco sanfona, zabumba e triângulo. Em E aí seu Domingos, um chorinho, ele acrescenta guitarras e percorre outros caminhos harmônicos. Um disco que transcende totalmente o período junino.

Forró também diferente é o de Isaac Sete Cordas, no CD Bafunga, com violão, trombone e rabeca (de Maciel Salu), sanfona em apenas uma faixa. Pena que ele não tenha ficado apenas no instrumental. Bom músico, Isaac não é tão bom como cantor.

Na linha do forró com intenção rock é o que continua fazendo a Chá de Zabumba, no CD Sem regra, que se abrigaria facilmente na prateleira da MPB. Climério & cia até se questionam na faixa Isso não é forró. A banda deve ser a única do gênero que envereda pela crítica social (na panfletária Escuta Zé Ninguém). O disco conta com várias participações especiais, Santanna, Spok, Junior Black, Azulão, Camarão, Herbert Lucena. O grupo fez um disco sofisticado, mas não pretensioso, é a linha evolutiva do forró em ação.

As Karolinas com K abrigam em sua música as diversas nuances do forró, baião, xote, arrasta-pé, xaxado. O septeto cercou-se de talentosos músicos da cena forrozeira e armou um repertório com composições próprias e de conhecidos provedores de forrós da atualidade (abrindo espaço para Accioly Neto, com Tingolingo). Mais um ponto: o grupo não fica só na choradeira romântica, incursiona também pelo lúdico. Uma curiosidade: Briga no forró, de Walmir Silva, é praticamente Briga de artista, de Joci Batista, readaptada para 2008. Enquanto a primeira acontece na Sala de Reboco, a segunda se passa numa pensão: “Briga igual àquela/ninguém nunca viu/é a briga dos artistas/na pensão de Dona Biu”.

Falamansa essencial é uma coletânea. Tato, o cantor e compositor, cria algumas melodias medianamente interessantes, mais para o reggae do que para o xote. O que a banda faz hoje é tão forró, quanto o Jota Quest é soul. Pior do que isso, é quando nordestinos entram na onda do Falamansa, o que é mais ou menos o que Geraldinho Lins faz. O novato Bernardo Luiz, na capa do CD Forró sanfonado, se diz “afilhado de Geraldinho Lins” e fez um disco com 18 forrós, bem intencionado, porém sem o menor jeito para a empreitada.

Patrícia Cruz tem discos melhores do que Forró bem caprichadinho. A rigor, nem se pode tratá-lo como disco de carreira, pela foto da capa, feita de qualquer jeito, e as semitonadas, próprias de apresentações ao vivo. Para quem estava na Sala de Reboco pode ter sido um bom show, em disco é sofrível.

Como grande parte do pessoal de sua geração, Ed Carlos foi fortemente influenciado por Alceu Valença, o único Alceu que deu certo. Ed Carlos está na estrada há anos, mas nunca marcou a música pernambucana com um repertório seu. Sua discografia é muito irregular. Ed Carlos canta Gonzagão é um projeto muito óbvio para um forrozeiro (aliás, ninguém suporta mais forró em que o sobrenome Gonzaga vira verbo).

O repertório do CD foi escolhido em votação pelos ouvintes de um programa de Ednaldo Santos, na Radio Jornal. Escolhido entre 50 composições. Com um ou outro arroubo vocal, Ed Carlos acerta neste disco, de produção espartana, que o faz soar como gravação antiga (a sanfona de Cezinha soa bem encorpada, como se usava em outros tempos). Arlindo dos Oito Baixos e Santanna são os convidados. Ed Carlos está longe de recriar a música de Gonzagão, mas não compromete a obra de Lua. João Paulo ao vivo trilha sonora do DVD traz o irmão de Alcymar Monteiro na linha do forró vale-tudo. Tanto ele pode ir do pé-de-serra mais “roots” como de versão de hit gringo, como faz aqui com Hotel California, da Eagles. Um repertório que pode funcionar no palco, em disco é meio embaralhado.

Dona do palco principal dos dois maiores São Joões do mundo, a Saia Rodada, superbanda da fuleiragem music, vem de DVD. O grupo até surpreende, pelo repertório light. Quer dizer, light para outros hits, como Striptease, no qual a cantora fica apenas de calcinha no palco. Uma música que está mais para teses sociológicas do que para crítica musical.

(© JC Online)


Tom Zé lança álbum virtual gratuito na Internet em junho

Da Redação

Reuters

Tom Zé durante apresentação na Espanha (11/04/2008)

Tom Zé durante apresentação na Espanha (11/04/2008)


O cantor e compositor Tom Zé lança o álbum "Danç-Êh-Sá Ao Vivo" na Internet no dia 20 de junho.

O disco é uma versão ao vivo do álbum "Dança-Êh-Sá" (2006) e inaugura oficialmente o projeto Álbum Virtual, do site TramaVirtual, onde os internautas poderão baixar gratuitamente discos por tempo limitado.

A idéia surgiu a partir da gravação de um show do cantor, realizado nos estúdios da gravadora Trama no final de 2007, em parceria com o Canal Brasil.

Segundo a assessoria da Trama, todos os lançamentos da gravadora seguirão este modelo.

(© UOL Música)

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


powered by FreeFind