Espaço com três ambientes no pólo cultural do bairro de São José reúne
exposição e informação educativa e lúdica sobre o malungo
Luís Fernando Moura
luisfernandomoura@gmail.com
Quando se
trata de Chico Science, ninguém discorda que o músico saiu de uma
carreira meteórica para se tornar um mito. Mas as lembranças são
diversas. Sempre há quem pense nas alfaias ou no maracatu eletrônico
lembrando de Chico como ícone máximo de um estilo de tocar música
regional. Há quem pense também na origem do mangue que, por ser tantas
coisas ao mesmo tempo, foi categorizado como movimento cultural – algo
muito além da música. A Secretaria de Cultura do Recife inaugura hoje o
Memorial Chico Science, que busca refletir sobre o metabolismo pop que
movia e rodeava Chico, mas sem tirar os pés do presente do circuito
cultural pernambucano. O evento acontece no Pátio de São Pedro, onde
fica o Memorial, e começa às 19h.
“A gente
não quer fazer algo saudosita ou necrófilo em torno da memória de Chico.
Queremos pensar no que pode ser feito na cultural local. Vamos fugir dos
estereótipos que circundam o manguebeat”, explica Renato L, secretário
de Cultura do Recife. “O Memorial tem como função maior a preservação do
acervo de Chico, não exatamente seus pertences, mas sua memória
imaterial”, explica. São três ambientes que têm como proposta reunir
exposição e informação de forma educativa, mas também lúdica.
Maria
Eduarda Belém, Duda, ex-namorada do músico e curadora do projeto,
explica que o salão de entrada terá caráter informativo com exposição
fixa de fotos, textos e referências visuais à história do artista e a
sua relação com a cultura mangue. “Vamos apresentar a evolução de Chico
até ele chegar a ser uma referência na música e na cultura pernambucana,
e até nacional”, explica.
Em um
outro ambiente, caracterizado por Duda como “imersivo”, a ideia é
induzir o público a se defrontar com o universo simbólico do mangue a
partir de uma instalação artística. “Tivemos a ideia de criar um espaço
em que a atmosfera do Recife fosse trabalhada de maneira mais
intuitiva”, explica. No local, os visitantes podem interagir com
projeções que alternam e sobrepõem imagens de Chico, dos filmes que
assistia (Renato lembra, por exemplo, os de Bruce Lee) e grafismos que
remetem às raízes de um manguezal. A instalação, baseada em software
desenvolvido pelo designer Jarbas Jacome, deve ser substuída após
curadoria futura.
No
terceiro ambiente, que a equipe batizou como “educativo”, está reunida
uma DVDteca com vídeos que faziam parte do repertório do artista, além
de outros títulos indicados pelos amigos e músicos contemporâneos. O
espaço também abrange uma biblioteca com livros e quadrinhos que, de
forma direta ou afetiva, estão relacionadas a Chico. “Pegamos uma média
do que a gente consumia na época e agora vamos juntando a uma lista de
novidades que vamos consumindo”, revela Duda, que enfatiza o caráter de
“progresso” do memorial. “Sempre pensamos neste espaço como um local de
permanente transformação”, afirma.
Também é
prevista a realização de oficinas e cursos, mas a programação ainda não
foi divulgada. Na abertura, que acontece do lado de fora do Memorial,
Jorge du Peixe e Lúcio Maia são responsáveis pelo som com o projeto Cool
Crabs. O grafiteiro Galo de Souza também está lá, fazendo desenhos em
imagens projetadas ao vivo e o público pode participar.
O
Memorial Chico Science funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às
17h. A entrada é franca.
(©
JC Online)