Foto: Divulgação
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Livro reúne 47 flagrantes realizados pelo artista
francês, que registrou o Brasil sob um olhar antropológico
Jorge Amado gostava de lembrar um comentário que ouviu de
Mãe Senhora, do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá: "Cuidado com Pierre Verger,
ele é feiticeiro, tem poderes." Uma curiosa observação, uma vez que o
fotógrafo francês Verger (1902-1996) não passava de um homem tímido,
contemplativo, afeito a pesquisas. O feitiço, no entanto,
materializava-se quando ele mirava a lente de sua máquina fotográfica,
produzindo imagens que atravessam o tempo. Como as que figuram no livro
Fotografias Para não Esquecer, da Terra Virgem Editora, lançado
na Pinacoteca.
O evento ocorre durante a abertura da exposição À Procura de Um Olhar -
Fotógrafos Franceses e Brasileiros Revelam o Brasil, coletiva que é uma
produção da Pinacoteca em parceria com a Cultures France para celebração
do Ano da França no Brasil. A curadoria é de Diógenes Moura, que também
selecionou as 47 imagens, datadas entre 1946 e 1973, que figuram no
livro. São registros feitos no Pará, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e
Pernambuco, no meio da rua, "retratos de uma simplicidade comovente,
onde a ausência de gestos os torna silenciosamente elegantes", observa
Moura.
Segundo o pesquisador, tais registros de cenas da vida cotidiana e das
manifestações entre arte e religiosidade no Brasil apontam não apenas
para a questão da "beleza do olhar". "Mostram, também e muito
profundamente, um caminho que nos leva para questões antropológicas e
sociais, de história e memória."
Depois que descobriu a Bahia em 1946, atraído por Jubiabá, de Jorge
Amado, Pierre Verger instalou-se em Salvador, onde desenvolveu um raro
senso de espaço, buscando flagrantes que, embora discretos em relação ao
jogo de luz, revelavam uma história. "Imagens como essas do livro nos
oferecem uma possibilidade libertária", escreve Moura, no prefácio da
obra. "Cada uma de suas imagens é uma só."
Moura exemplifica com uma foto obtida no carnaval de 1950, na capital
baiana: encostada na fachada de um prédio, uma figura fuma, rosto
mascarado, observada por um garoto sorridente. Homem ou mulher, não se
pode precisar, apesar do traje feminino. "Se nem Freud, nem Shakespeare,
nem Balzac, nem Goethe, nem ninguém conseguiu vencer o mito da
androginia, por que Verger iria fazê-lo?" De fato, importa é o resgate
de um instante repentino e único.
(©
Estadão)
Fotos de Pierre Verger feitas no Brasil são reunidas em livro
Uma reunião de 47 imagens feitas no Brasil pelo fotógrafo
Pierre Verger (1902 - 1996), entre os anos de 1946 e 1973,
está em livro que é lançado neste sábado (25) a partir das
11h na Pinacoteca do Estado, em São Paulo.
"Pierre Verger - Fotografias Para Não Esquecer" apresenta
imagens em preto e branco feitas pelo fotógrafo francês nos
estados da Bahia, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São
Paulo. Verger morou no Brasil, pela primeira vez, na década
de 1940. A seleção de imagens do livro é de Diógenes Moura,
curador de fotografia da Pinacoteca.
"Pierre Verger - Fotografias para não esquecer" é o primeiro
lançamento da coleção Fotógrafos Viajantes, da editora Terra
Virgem. O projeto tem o objetivo de mostrar, a cada volume,
um ícone da fotografia nacional.
"PIERRE VERGER - FOTOGRAFIAS PARA NÃO ESQUECER" Editora Terra Virgem, 96 pgs.
Preço: R$ 39
Lançamento 25/4 a partir das 11h na Pinacoteca do Estado de
São Paulo (praça da Luz, nº 2. Tel.: 0/xx/11 3324-1000)
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