01/05/2009
Montagem sobre fotos de divulgação
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Vida e obra do folclorista inspiram o premiado dramaturgo
Vladimir Capella no juvenil O Colecionador de Crepúsculos
Beth Néspoli
Um homem caminha com olhos e ouvidos atentos à sabedoria
popular. Tem, e ensina, a consciência de que o 'causo'
mais simplório, a lenda mais conhecida, a cantiga de roda ou o proseado
do sertanejo são expressões da Cultura, transportam mitos através do
tempos e revelam aspectos universais da condição humana. Esse homem é o
historiador e antropólogo Luís da Câmara Cascudo (1918-1968), que ficou
conhecido como folclorista, mas preferia ser chamado de professor, como
se aprende no Teatro Popular do Sesi em O Colecionador de Crepúsculos.
Cascudo, autor de mais de 150 livros, também era fino apreciador de fins
de tarde, aspecto de sua biografia que o autor e diretor Vladimir
Capella valorizou nesse espetáculo. Voltado para o público infantil, com
apresentações grátis aos sábado e domingos, O Colecionador de
Crepúsculos estreia hoje com 24 atores no elenco. O texto mescla
aspectos essenciais da biografia de Cascudo com algumas histórias por
ele recolhidas.
É um prazer à parte nesse espetáculo apreciar, desde a primeira cena, a
forma terna como o ator Luiz Damasceno se apropria com precisão de
virtuose do proseado caipira, sem estereotipias ou caricaturas. Mesmo
assumindo a criação de um 'tipo cômico',
ele não critica, mas torna fluida a linguagem quase poética de quem fala
errado, porém com lógica pertinente.
Seu personagem, extraído da narrativa O Compadre da Morte, que mescla
elementos de alguns dos muitos contos populares sobre tentativas de
enganar a morte, costura todo o espetáculo. Selma Egrei faz o papel
dessa 'comadre'
convidada, numa das primeiras cenas, a batizar o filho desse homem pobre
de numerosa prole. Preste atenção no delicioso despudor com o que esse
personagem cobra da ceifadeira de vidas um presente de madrinha.
Além da já citada, estão no palco desde fragmentos de histórias até
outras na íntegra, entre elas A Velha Amorosa, O Marido da Mãe D'Água,
A Menina Enterrada Viva e A Formiguinha e a Neve. Esta última, encenada
na forma de teatro de fantoches, resulta numa das cenas mais divertidas
do espetáculo, desde a exploração irônica da repetição, passando pelo
tom da voz infantil, até a gozação explícita dos mamulengos a aspectos
'importados' da
Cultura europeia, como "a neve que prende o pezinho da formiga".
O amplo leque de interesses de Câmara Cascudo se traduz nesse espetáculo
que mescla desde sotaques - gaúcho, nordestino, mineiro - até
manifestações da Cultura popular como bonecos gigantes, passando por
ofícios como tocador de realejo ou amolador de facas. No palco, os
atores cantam e dançam, o que permite alguns efeitos de conjunto muito
interessantes. Cenografia e figurinos, assinados por J.C. Serroni,
completam a escrita cênica. "O espetáculo quer ser a um só tempo
homenagem a esse grande mestre e instrumento para mostrar a riqueza da
cultura nacional de maneira lúdica", afirma Capella.
(©
Estadão)
O Colecionador de Crepúsculos
Com
direção e dramaturgia de Vladimir Capella, a peça destinada ao público jovem
é baseada nos contos de Luís da Câmara Cascudo, considerado um dos homens
mais importantes do século para a cultura popular brasileira, a peça revela
as raízes do Brasil para as crianças e adolescentes por meio de lendas e
histórias de seu povo. Religião, crenças, costumes, mitos, tradições e
aspectos característicos da gente brasileira são mostrados por meio de
contos recolhidos do famoso historiador, folclorista, antropólogo, advogado,
jornalista e autor de mais de 150 livros. História e memória, amor e
separação, solidão e velhice, vida e morte e o papel da arte são alguns dos
temas discutidos na peça. Capella levou em conta um dos passatempos
preferidos do autor potiguar, apreciar o entardecer, para intitular o
espetáculo O Colecionador de Crepúsculos, que reproduz alguns contos: O
Compadre da Morte, A Velha Amorosa, O Marido da Mãe D´Água, A Menina
Enterrada Viva e A Formiguinha e a Neve.
A história central da peça é inspirada no primeiro, que conta como um
caipira muito pobre quer arrumar uma madrinha para seu filho. A morte, uma
senhora rica e ilustrada se oferece para batizar o menino e, em troca, a
comadre faz do caipira um médico muito famoso. Ele é capaz de prever o
futuro de um doente, por meio de um truque simples: se ela estiver
posicionada na cabeceira da cama o doente se salvará, mas se estiver aos pés
da cama, ele morrerá.
Ao lado dessas histórias aparece a figura de Luís da
Câmara Cascudo, ouvindo, registrando, fumando seu charuto e apreciando o
crepúsculo. Até que um dia ele adoece. E a morte se posiciona aos pés da
cama. Mas o caipira não quer que aquele homem sábio venha a morrer. E é
assim que o esperto caipira vai procurar meios de enganar a morte para
salvar a vida do folclorista. Diversas cenas são, ainda, enriquecidas com a
presença de personagens-narradores: pescadores, lavadeiras, pessoas do povo.
Nesta produção, Vladimir Capella reúne 24 atores
experientes e aposta na riqueza da linguística e da poética embaladas com
inúmeras canções executadas ao vivo. Além disso, o cenário e figurinos da
peça, ricos em detalhes, são assinados por J.C. Serroni, completando assim
um interessante painel da cultura popular brasileira.
“A peça pretende homenagear esse grande mestre e servir de instrumento para
mostrar a riqueza da cultura nacional de maneira lúdica, por meio de lendas
e histórias do nosso povo”, conta Capella.
Por meio de suas personagens, o texto mostra toda a riqueza linguística da
fala brasileira com seus variados sotaques: “caipirês”, “gauchês”,
“nordestinês”, contrastando com a linguagem culta utilizada pela Morte.
Sobre o Diretor
Vladimir Capella, natural de
São Caetano do Sul, é reconhecido pelo trabalho destinado ao público
infanto-juvenil. A obra completa do autor conta com um romance e 15 textos
teatrais.
Em mais de 30 anos de carreira, Capella recebeu premiações, como o
PrêmioMolière, Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de
Artes), Prêmio Mambembe, Prêmio Governador do Estado e
Prêmio Apetesp (Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do
Estado de São Paulo).
Autodidata, começou sua carreira fazendo músicas para teatro e,
posteriormente, atuou como ator. Em seguida, no ano de 1978, passou a
escrever e dirigir espetáculos destinados ao público infanto-juvenil, com
destaque para Panos e Lendas, O Saci, Píramo e Tisbe, Avoar e O
Gato Malhado, Andorinha Sinhá e Tristão e Isolda.
Ficha técnica
Texto e Direção:
Vladimir Capella
Cenografia: J.C. Serroni
Figurinos: J.C. Serroni e Telumi
Hellen
Músicas originalmente compostas e Direção
Musical: Dyonísio Moreno
Iluminação: Davi de Brito e Vânia
Jaconis
Assistente de Direção: Rodrigo
Velloni
Preparação Corporal: Deborah
Serretiello
Visagismo: Leopoldo Pacheco
Manipulação de Bonecos: Wanderley
Piras
Elenco: Selma Egrei, Luiz
Damasceno, Guilherme Sant’Anna, Carolina Capacle, Giovani Tozi, Helga Baeta,
Luciano Schwab, Nelli Sampaio, Nicolas Trevijano, Samanta Precioso, Alex
Cabrera, Debora Rebecchi, Erika Crudo, Luana Melo, Maria Bia Martins, Rafael
Lozano, Rafael Sola, Raphael Montagner, Rodolfo Aiello, Sabrina Balsalôbre,
Emerson Ribeiro, Gustavo Araújo, Luian Borges e Wilson Feitosa.
Participação Afetiva: de Rolando
Boldrin na voz de Câmara Cascudo.
Narração Final: de Guilherme
Sant’Anna
Programação Visual: Natasha
Precioso
Fotografia: Thaís Antunes
Cabelos e Manutenção Estética:
Jonas Maciel e Tampopo
Criação e Confecção dos Bonecos:
Giuliana Pellegrini, J.E.Tico e Majori Alencar
Assistentes de cenografia: Carmem
Guerra e Junia Carvalho
Assistente de figurinos: Marina
Figueiredo
Coordenação de adereços: Viviane
Ramos
Confecção de adereços: Viviane
Ramos, Mariana Figueiredo, Junia Carvalho, Laura Reis, Gabriela Duarte,
Valéria Amorim, Ananda Albuquerque e Amanda Steinmeyer
Estagiários em cenografia: Laura
Reis, Gabriela Duarte, Ananda Albuquerque, Valéria Amorim e Amanda
Steinmeyer
Marcenaria: Oswaldo Lisboa
Pintura de arte: Juvenal Irene
Costuras Cenográficas: Oneide
Calduro
Costureiras: Cida de Paula, Oneide
Calduro, Edineuma Rodrigues da Silva, Salete A. Silva, Elisangela Rodrigues
da Silva.
Documentário do espetáculo: Usine
D’art Produções Artísticas
Assessoria Contábil: Service Keep
Assessoria e Consultoria Contábil
Assessoria Jurídica: Martha Macruz
de Sá
Produção Executiva: Bia Izar
Assistente de Produção: Vanessa
Velloni
Direção de Produção: Rodrigo
Velloni
Produção: Velloni Produções
Artísticas
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SITE
CÂMARA CASCUDO (Memória Viva)
CÂMARA CASCUDO (Wikipédia)
Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)
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