20/05/2009
Foto: Divulgação
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José Teles
Claudionor Germano tinha 13 anos quando cantou em público
pela primeira vez. Convidado por Nelson Ferreira, ele se apresentou no
Teatro de Santa Isabel, que naquele dia recebia o melhor cantor do País,
Orlando Silva (segundo muitos, o melhor de história da música popular
brasileira). Um show dedicado aos pracinhas que participaram da Segunda
Grande Guerra. Em dueto com Orlando Silva, ele cantou Vistas do Brasil
(Lauro Miller/Conde, lançada por Déo, em 1945). Nesta quarta-feira (20),
às 20h, Claudionor Germano volta ao palco do Santa Isabel para a última
das celebrações dos seus 60 anos de carreira como cantor profissional:
“Eu pretendia fazer no Marco Zero, mas o pessoal da Globo
que gravou o show que fiz lá, sugeriu o teatro, por causa da acústica,
já que desta vez não canto frevos. Aceitei a sugestão.” explica
Claudionor, que cantou no no dia 7 de dezembro do ano passado, no Marco
Zero para uma plateia de estimadas 20 mil pessoas, com participações de
Lenine, Alceu Valença e Chico César, entre outros.
Tido como o mais famoso intérprete da história do frevo, Claudionor
Germano mostra no Santa Isabel, no espetáculo intitulado Eu sou o show,
uma faceta sua menos conhecida do público, a de cantor romântico, que
foi, aliás, como ele começou a carreira. A de intérprete quase
exclusivamente de frevos começou depois dos dois primeiros discos com
músicas de Capiba e Nelson Ferreira (respectivamente, Capiba 25 anos de
frevo, e O que eu fiz... e você gostou), lançados em 1960 (mas gravados
no ano anterior): “Ganhei seis vezes seguidas o prêmio de melhor cantor
do Recife, e não foi cantando frevos”, ressalta, orgulhoso, Claudionor
Germano, um alvirrubro que se gaba de ter sido hexa antes do Náutico.
O show de hoje será aberto com um coral de 30 vozes, cantando Recife
cidade lendária: “Claro que eu não poderia deixar de cantar músicas do
meu grande amigo Capiba”, comenta Claudionor Germano, que também do
mesmo autor interpreta Serenata suburbana.
Tal como no primeiro espetáculo da comemoração dos 60 anos, ele receberá
vários convidados para o Eu sou o show, entre eles o Quarteto Novo,
Leonardo Sullivan, Kelly Rosa, e claro, Expedito Baracho, aí também
celebrando décadas de uma amizade firme. Quem o acompanhará será a
Orquestra de Câmara do Recife, dirigida pelo maestro Guedes Peixoto. No
repertório, Claudionor passeia por várias fases da música popular
brasileira, cantando composições de alguns dos seus autores favoritos,
entre os quais estão Edu Lobo (Pra dizer adeus, parceria com Torquato
Neto), Vinicius de Moraes (Se todos fossem iguais a você, com Tom
Jobim).
Embora diga que esta será a última etapa da celebração da data redonda,
ela ainda pode se estender para um DVD. O show do Marco Zero foi
registrado na íntegra e o mesmo acontecerá com o do Teatro de Santa
Isabel: “Recebi na minha casa uma caixa com 14 discos com imagens do
show. É muita coisa, não tive como ver tudo ainda. E terá vai uma equipe
no Santa Isabel filmando o show. Penso em lançar um DVD com as duas
apresentações. Mas não tenho ideia de quando este vídeo possa ser chegar
ao público”, conta Claudionor Germano, que termina a apresentação de
hoje com todos os convidados no palco cantando Se todos fossem iguais a
você.
Serviço
Claudionor Germano no Teatro de Santa Isabel
Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia)
Outras informações: 3232.2940
(©
JC Online)
Spok leva frevo para a Europa
Maestro e
saxofonista viaja com sua orquestra para uma turnê pela França, Alemanha
e Holanda, sem contar com apoio oficial
José Teles
teles@jc.com.br
“Fala
sério”, foi assim que o empresário e produtor musical Wellington Lima
reagiu, quando o músico, e também produtor, Zé da Flauta sugeriu que ele
trabalhasse com a SpokFrevo Orquestra. Com mais de 30 anos no ramo,
Wellington Lima havia trabalhado com nomes como Chico Buarque, MPB-4,
Alceu Valença, Zé Ramalho, Tim Maia, Kleiton e Kledir, e uma orquestra
de frevo não era exatamente o que ele considerasse um produto vendável.
Mudou imediatamente de ideia assim que conheceu o maestro e saxofonista
Spok e os músicos de sua orquestra. Com Zé da Flauta, ele trabalha há
cinco anos com a SpokFrevo Orquestra. Hoje eles embarcam para mais uma
turnê europeia. Fazem quatro apresentações na França, uma na Alemanha, e
três na Holanda: “Para se ter uma ideia do interesse dos gringos pelo
frevo, nesta turnê me convidaram para dar aula de frevo para músicos de
uma orquestra holandesa”, orgulha-se o maestro Spok. Em julho e agosto
voltam à Europa, de tocam em alguns dos principais festivais de verão,
entre os quais o importante Pori Jazz, na Finlândia: “Na turnê do ano
passado, fizemos o Roskild Festival, e a orquestra se apresentou depois
do Judas Priest e antes da Radiohead”, conta Zé da Flauta.
O frevo
nunca viajou tanto e a tão longe. “Antigamente tinha um negócio chamado
Vôo do frevo, que na verdade servia apenas para o pessoal fazer compras.
Uma vez fui convidado, mas desisti de ir, quando soube que num avião de
200 lugares, apenas cinco seriam ocupados por músicos”, alfineta Zé da
Flauta.
A
SpokFrevo Orquestra foi pioneira em levar o frevo à China e à Índia.
“Tocamos na Índia num evento em que havia um grupo africano e outro
indiano, e a gente tocou juntos. Nesta viagens viagens se faz um
intercâmbio cultural muito legal, mas a Índia que vi não é esta que
passa na Globo, o país tem um nível bom de desenvolvimento, mas ainda
falta muito, se vê bastante miséria por lá”, comenta Inaldo “Spok”
Cavalcanti. Porém, ressalta Wellington Lima, nas viagens a orquestra não
se restringe a cumprir a programação de concertos e festivais: “A gente
visita escolas, ministra oficinas de frevo, ensina aos alunos sobre o
frevo, sobre a cidade onde nasceu o frevo. Eles acabam sabendo não
apenas sobre a música, mas também sobre Pernambuco”.
Esta nova
turnê será levada em um tom diferente. Será tocada com recursos do
próprio grupo de músicos, e do que conseguiu o agente da orquestra na
Europa, o francês Frédéric Gluzman: “Pensamos em desistir, porque não
tínhamos conseguido apoio do Estado. Quando contamos a Fred, ele quase
pirou. Não apenas sua credibilidade como empresário ficaria
comprometida, como a gente corria o risco de estragar o que conseguimos
com a turnê do ano passado. Alguns shows poderiam ser cancelados, mas
não os dos festivais. enquanto Fred renegociava os contratos da
orquestra, nós tentaríamos um socorro junto à prefeitura ou o governo do
Estado”, conta Wellington Lima, cujo lema para esta turnê está sendo,
segundo ele: “O frevo se afirma no mundo e cresce na crise”.
(©
JC Online)
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CLAUDIONOR GERMANO
SPOKFREVO ORQUESTRA
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