09/06/2009
Foto: Divulgação
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O disco Balaio de amor é o primeiro projeto da comemoração, que culminará
com a gravação de um DVD na Praça do Marco ZeroJosé Teles
teles@jc.com.br
Elba Ramalho conta os anos de sua carreira a partir de 1979, quando
gravou O meu amor, de Chico Buarque, um dueto com Marieta Severo incluído no
disco anual do compositor. Naquele mesmo ano ela lançaria seu primeiro disco
individual, Ave de prata. “Chico foi meu padrinho no Rio. Fiz parte do
elenco da primeira montagem de A ópera do malandro e ele me deu música
inédita para meu álbum de estréia”, conta a cantora, em entrevista por
telefone.
Embora ela tenha participado de shows do Quinteto Violado já em 1974,
Elba está este ano celebrando 30 anos de carreira, e o primeiro passo na
comemoração é uma volta às suas origens pernambucanas (o Estado natal do pai
dela), com Balaio de amor (Biscoito Fino), disco que tem um repertório quase
todo assinado por autores de Pernambuco. Mas esta pernambucanidade toda tem
uma explicação. A dica para as canções que Elba gravou foram passadas pelo
seu atual companheiro, o sanfoneiro e cantor Cezinha. “Sou meio
pernambucana, mas confesso que a maioria destas músicas foi Cezinha que me
apresentou. Ele, que é um ótimo intrumentista, possui uma grande
sensibilidade para o que é bom. Foi por ele que conheci Xico Bizerra,
Rogério Rangel. Maciel (Melo), eu já conhecida, já havia gravado. O lado
mais positivo deste trabalho é que muitos destes compositores agora vão ser
conhecidos fora do Nordeste, então eu trago eles para outra vitrine,
revestindo suas canções, que já são conhecida aqui, com uma nova roupagem”.
Das 14 faixas de Balaio de amor, muitas vêm sendo cantadas no Nordeste
nas vozes de Santanna, Irah Caldeira, Maciel Melo, Rogério Rangel e Josildo
Sá. São assinadas por nomes como Petrúcio Amorim, Flávio Leandro, Terezinha
do Acordeom e Jorge de Altinho, fazendo de Elba Ramalho praticamente mais um
membro da Sociedade dos Forrozeiros Pé-de-Serra e Ai, à qual grande parte
deles está filiada. É também uma acertada estratégia, já que quando fizer o
primeiro show do disco, na abertura do São João de Caruaru, o público vai
conhecer quase todo o repertório, que tem xotes de sucesso como Me dá meu
coração (Accioly Neto), ou Se tu quiser (Xico Bizerra).
Vale ressaltar a gravadora pela qual está sendo lançado o disco, a
Biscoito Fino, que hoje abriga a fina flor da música popular brasileira, e
agora lança um disco de forró. “Conheço Olívia (Hime) há anos. Dei o disco
para Olívia e pedi que ela ficasse à vontade, que me ligasse dali a três
dias. Ela ligou. Isso é muito interessante porque levo meu trabalho para uma
casa que tem artistas que fazem música classe A, e eu levo meu trabalho
tanto para este público quanto para um público popular, então a Biscoito é
importante por permitir esta abertura”, comenta Elba.
Presença certa nos festejos juninos da Capital do Agreste, a cantora não
esconde que gostou da decisão da prefeitura da cidade, que vetou da
programação a grande maioria das bandas de fuleiragem music: “Nada contra as
bandas, mas achei a decisão altamente salutar. Acho que elas descaracterizam
a festa, e é preciso preservar a cultura nordestina. Além do que elas fazem
uma coisa apelativa e não é bem isso que se entende como representação
cultural, é feito no Carnaval se lançar marchinhas com apelação nas letras”.
Voltando aos 30 anos, ela comenta que, com Balaio de amore os autores
incluídos no disco, está começando a comemorar a efeméride saudando a nação
nordestina: “E aquele lado (referindo-se às letras das bandas) não é nossa
cultura, queria que fosse também um disco romântico”, continua Elba Ramalho.
(©
JC Online)
Balaio de amor valoriza
o forró de Pernambuco
Balaio de amor
é, antes de tudo, o disco de uma mulher apaixonada. A parceria com Cezinha
(os dois assinam a produção do disco) está refletida em todo o trabalho, da
capa ao repertório, essencialmente de xotes românticos. Neste caso, o xote
com letras de amor não se torna redundante ou repetitivo, como acontece na
maioria dos que fazem o pé-de-serra atualmente. Não se torna porque é um
disco conceitual. A intenção era reunir canções de amor para celebrar o
momento. Sem esquecer que o tratamento que Elba Ramalho dá ao que canta
revaloriza as composições. Uma das melhores cantoras do País, que forjou um
estilo próprio de cantar (seguido por muitas cantoras pernambucanas, ou que
atuam no Estado), Elba, nos dois últimos discos juntou-se à turma de Lula
Queiroga & Cia., uma linha de montagem de grandes composições, ótimas
produções, habilidosos instrumentistas. Os metais do disco foram gravados no
estúdio da Luni, enquanto Tostão Queiroga está em várias faixas.
A sanfona de
Cezinha é a viga mestra que segura estas 14 canções, uma delas, Recado, foi
composta por ele e Fábio Simões. Quase todas as faixas têm fogo para
disparar nas paradas, caso sejam tocadas no rádio (o que a própria Elba acha
que vai acontecer pouco). Ela trabalha Fuxico (Flávio Leandro), porém a mais
fácil de pegar é Riso cristalino, que tem a marca registrada de um mestre do
gênero, Dominguinhos (em parceria com Climério Ferreira).
Este disco
celebra mais do que 30 anos de carreira, é também a celebração de um novo
amor, o que fica explícito na apresentação assinada por Elba no encarte: “A
sanfona está nas mão de um jovem e brilhante músico. Cezinha, também
produtor deste disco e parceiro de todas as horas. A ele toda a minha
gratidão e o beijo mais doce. Obrigada por traduzir meus sentimentos em um
disco tão bonito... Com amor e paixão! Assim se faz a história de um povo,
de uma nação”.
Com pique
todo, 57 anos (58 em agosto), Elba tem engatilhados mais outros projetos, um
álbum com canções de um só autor – ou Chico Buarque ou Zé Ramalho. “Estou na
dúvida, mas será de um desses dois”, diz Elba, que já começou a pré-produção
de mais um DVD, último e maior projeto da celebração dos 30 anos de carreira
e que será gravado no Recife. “Vou fazer um show no Marco Zero e convidar as
pessoas que contribuíram para eu chegar aqui, Chico Buarque, um monte de
gente”, diz Elba, que tem mais projetos pernambucanos. “Tenho muita
afinidade com os pernambucanos, fui das primeiras a gravar Lula Queiroga e a
trabalhar com Spok. Pretendo fazer um disco com ele e a orquestra, só com
clássicos do Carnaval de Pernambuco”.
» Preço
médio: R$ 26,70, no site da Biscoito Fino
(©
JC Online)
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