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Livro resgata a vida e a obra de Virgolino

09/06/2009

 

 

Foto: Ranulpho Galeria de Arte

Jovens chorando com bandeira.
Óleo sobre tela colada em eucatex, 1985, medindo 30x40cm.
 
Em memória dos 80 anos de nascimento do pintor Wellington Virgolino, o seu irmão, Wilton de Souza, que também é artista plástico, lança livro sobre a trajetória do "cangaceiro das flores"

Eugênia Bezerra
ebezerra@jc.com.br

Com seu colorido marcante, a simplicidade das formas e o lirismo impresso em seus personagens a obra de Wellington Virgolino (1929 – 1988) entrou para a história da arte brasileira, dosando influências populares e modernistas ao configurar um estilo próprio. A trajetória pessoal e artística deste pintor pernambucano pode ser encontrada no livro Virgolino, o cangaceiro das flores, escrito pelo seu irmão, o escritor, gravador e desenhista Wilton Souza. O seu lançamento marcou o início das homenagens aos 80 anos do pintor (que seriam completados em setembro deste ano).

A publicação é um desdobramento de um ensaio escrito por Wilton de Souza, O cangaceiro das flores, que foi premiado pelo 45º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco. O livro, por sua vez, tem apoio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura). “Wellington era mais velho do que eu quatro anos, acho que aprendi a desenhar com ele. Estávamos sempre juntos, acompanhei toda a trajetória artística dele. Fui convidado pela direção do Museu do Estado de Pernambuco para escrever um texto de apresentação da exposição que ele participou em 86, uma retrospectiva durante o 44º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, que terminou sendo sua última mostra. Quando ele faleceu em 1988, comecei a fazer uma anotações sobre ele e a pesquisa terminou nessa brincandeira que estou publicando agora”, resume Wilton Souza, que planeja realizar mais ações este ano. Entre as ideias estão outra publicação e uma exposição retrospectiva.

Para fazer o livro, ele pesquisou em seus arquivos, nos escritos deixados pelo irmão e em análises e comentários de escritores, poetas e críticos como Walmir Ayala, Gilberto Freyre, Frederico Morais, Jacob Klintowitz, Ladjane Bandeira, João Câmara, Celso Marconi e Hermilo Borba Filho. O resultado está nas cerca de 150 páginas com informações sobre as fases da carreira dele, exposições marcantes e reproduções de suas obras e trechos de catálogos – além de depoimentos de críticos e artistas plásticos.

O prefácio é assinado pelo pintor e escritor Marcos Cordeiro e o título foi escolhido graças a uma alcunha dada pelo jornalista Ronildo Maia Leite em artigos para o Jornal do Commercio (“cangaceiro das flores” brinca com a junção do nome do pintor e a poesia de sua pintura).

O autor afirmou que “queria apresentar (Virgolino) como ele realmente foi, um artista que personalizou sua forma de pintar e procurou em sua última fase memorizar tudo o que foi a infância dele”. Wilton recorda da época em que o irmão criava seus próprios brinquedos, “revólveres com balas de feijão ou de milho, flechas, espadas de madeira, que não feriam, não destruíam, não matavam”, e outros inventos que mais tarde surgiram em suas telas.

Ao detalhar momentos assim, ele dá ao livro uma ar quase autobiográfico, como no seguinte trecho: “Tive o privilégio de ter sido seu companheiro e irmão de arte, a quem sempre reconheci como mestre, tendo-o tão perto e, em todos os momentos, vivenciei as mesmas emoções, as mesmas alegrias e algumas decepções, quando geralmente Wellington achava soluções das mais criativas para superá-las. Era brincalhão, alegre e agia com diplomacia em todos os momentos de sua vida”.

Também há espaço para as palavras do próprio Virgolino, com uma entrevista concedida ao jornalista e poeta Alberto Cunha Melo (publicada neste JC, em 1983), no qual ele apresenta uma “receita” para os artistas serem selecionados nos salões oficiais. Assim, de certa maneira, o livro também registra uma geração de artistas, por retratar parte da própria história da arte entre os anos 20 e 80 do século passado.

(© JC Online)


Quem foi Wellington Virgolino

Pintor, Wellington Virgolino de Souza nasceu no Recife, em 1929. Quando ainda freqüentava o curso ginasial, fazia histórias em quadrinhos, baseadas nos seriados de Flash Gordon, Sombra e Aranha Negra.

Com Abelardo da Hora, Corbiniano e outros, fundou o Atelier Coletivo que duraria de 1950 a 1959 e onde, numa casa alugada e com dinheiro cotizado para compra de material, os artistas se reunia para trabalhar e aprender juntos.

A primeira exposição do grupo aconteceu em 1954, ocasião em que Virgolino conseguiu vender as primeiras telas. A partir de 1967, passaria a viver exclusivamente de sua pintura. Participou de mostras nacionais e conquistou vários prêmios.

Morreu no Recife em 1988.  

(© Pernambuco de A/Z)


 

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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