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O baú junino de Zé Ramalho

12/06/2009

 

 

Fotos: Divulgação

 
Os desavisados vão certamente achar oportunismo o disco Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga (Discobertas/Sony Music), lançado esta semana. Terão a certeza de que Zé Ramalho fez este CD para aterrissar nos arraiais juninos com um show pronto e um repertório inteiro de cartas marcadas: Asa Branca, Imbalança, Assum preto, Qui nem jiló. Pior, uma das faixas é um dueto com Xuxa, que tem tanto a ver com forró quanto Luiz Gonzaga com a fuleiragem music. Mas não é bem por aí.

O paraibano vem desde 2001 tocando um projeto chamado Zé Ramalho canta, cujo pontapé inicial foi, no final de 1999, com a música dos Beatles, cujas gravações nunca chegaram ao disco. Em 2001, ele lançou o CD com canções de Raul Seixas. No ano passado foi a vez de Zé Ramalho canta Bob Dylan, que lhe valeu uma indicação para o Prêmio de Música Brasileira 2009 (ex-Prêmio TIM).

Zé Ramalho canta Luiz Gonzaga tem direção musical do carioca Marcelo Fróes, verdadeiro caçador do fonograma perdido. Para chegar às músicas deste álbum, Fróes vasculhou a discografia de Zé Ramalho, tanto individual, quanto em diversos projetos de que ele participou, feito o Academia brasileira de música, de 1994. ABC do Sertão foi pinçado do CD Arraiá da Xuxa. Apenas Amanhã eu vou (Beduíno) é inédita, gravada especialmente para este CD, cujo resultado é muito bom, não apenas pelo fato de Zé Ramalho, como todo nordestino, ter identificação com Luiz Gonzaga.

O CD reúne fonogramas perdidos em vários discos, como o Duetos com Mestre Lua, de onde saiu Fica mal com Deus, um dueto eletrônico de Zé Ramalho e Luiz Gonzaga (J.T.)   

(© JC Online)


O forró passa de pai para filho

Cantor Josildo Sá engrena parceria com o pai biológico, Agostinho do Acordeom, de quem foi separado pouco tempo depois de nascer

José Teles
teles@jc.com.br

A apresentação que Josildo Sá faz hoje, com acesso gratuito, no Sítio da Trindade terá para ele um sabor especial. Será o início de uma parceria com o seu pai Agostinho do Acordeom, que deverá chegar ao disco no ano que vem. O “especial” está no fato de que Agostinho é o pai biológico de Josildo, que só soube que havia sido adotado aos onze anos. “Eu tinha uma semana de nascido quando me entregaram a uma família de Tacaratu. minha cidade natal é Floresta. Fui criado por seu Zé de Chiconé, hoje com 84, e Dona Inês, que já faleceu. Era uma família bem conceituada, que me passou uma boa educação, e minha formação musical deve muito ao lugar onde morei. Cresci na fazenda Beldroega, onde se faziam bastante festas, e com muito samba de latada”, conta Josildo. Ele deve sua adoção ao fato de o seu avô não admitir uma mãe solteira em casa.

Agostinho do Acordeom, por sua vez, tem uma história de meio século com o forró. Sua vida, aliás, é daquelas que daria um bom folheto de feira. Filhos, ele teve 21. Passou 23 anos fora de Pernambuco. “Ele tocou naquelas casas de forró todas de São Paulo, com forrozeiros famosos, feito Pedro Sertanejo, mas até agora só gravou um LP e um CD”, diz Josildo Sá, que começou tocando com o pai. “Agostinho aparecia para me visitar e fomos nos aproximando. Comecei a acompanhar ele nos forrós, tocando triângulo. Foi minha iniciação em tocar em público”.

Josildo acha que esta reunião pai e filho, de certa forma, lembra o que aconteceu nos anos 70 com Gonzagão e Gonzaguinha, que se reconciliaram naquela década e passaram a viajar pelo País fazendo shows. “No repertório com canto com meu pai tem várias músicas que Gonzagão e Gonzaguinha gravaram, como Vida de viajante. É quase feito uma brincadeira, a gente vai tocando músicas bem conhecidas, como Sala de reboco, Hora do adeus, e algumas do disco de sambas de latada, feito Nega buliçosa”, diz Josildo.

Ele ainda não sabe o que gravará com Agostinho do Acordeom: “Eu estou com tantos projetos ao mesmo tempo, que tive até que deixar de lado um projeto de fazer um CD só com composições de João Silva. Na frente, tem o DVD que gravei com Paulo Moura, que foi um trabalho que me rendeu muitos frutos e ainda está rendendo, tanto que continuo fazendo o show do disco de sambas de latada. Como Paulo Moura é muito solicitado, e é difícil encontrar brecha na agenda para a gente tocar juntos, quem está no clarinete comigo é Ozéas, um músico muito bom, daqui mesmo”.

Outro projeto que Josildo Sá tem engatilhado foi testado no Carnaval, e este é diferente de tudo que já fez até agora: a Orquestra de Repente: “A resposta da platéia foi muito positiva, para este projeto que faço com Zé Brown (Faces do Subúrbio), em que entram o rap, o forró, o samba de latada, com um DJ. A gente vai retomar a Orquestra de Repente, que deve render um disco também, porque já entramos com o projeto na Prefeitura do Recife para captação de recursos. Sou um cara que gosta de fazer parceria”.

As parcerias vão ter que aguardar terminar o período junino. Josildo Sá tem 18 shows pela frente. “Poderia até estar com mais, mas não dá para fazer tudo para sou convidado. E nem é porque o corpo não aguente, estou com um filho recém-nascido, e quero ficar mais tempo em casa”. Ele continuará tocando com Agostinho do Acordeom ao longo das festividades de São João. “A gente vai fazendo apresentações especiais um com o outro, mas cada qual viaja com seu próprio show”.

Josildo adotou de vez o gênero samba de latada, uma variação do samba, com um pé no forró, cuja instrumentação é mistura de trio pé de serra com conjunto regional. O show de Josildo Sá e Agostinho do Acordeom no Sítio da Trindade começa às 23h. Pela manhã, às 10h, na Torre Malakoff, Josildo apresenta-se na abertura oficial do São do João de Pernambuco.

(© JC Online, 11.06.2009)

SITE:

JOSILDO SÁ

ZÉ RAMALHO

 

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