Testamento
mostra fortuna imobiliária
A fortuna que o padre Cícero acumulou, em vida,
está relacionada, detalhadamente, no terceiro testamento que fez, cerrado, em 4 de
outubro de 1923, nove anos antes de morrer. Ele foi aberto, em Juazeiro do Norte, em 27 de
julho de 1934, sete dias após o falecimento. Soube-se, então, que a principal
beneficiada foi a Ordem dos Padres Salesianos.
Ao descobrir o inventário, e sobre ele escrever, o
tabelião Paulo Machado descobriu uma doação feita em janeiro de 1934 à Diocese do
Crato, o que a fez receber mais do que todos os herdeiros.
É de Machado, também, a descoberta de que o padre
Cícero fez três testamentos - e não dois, como até então estava estabelecido. No
primeiro, de abril de 1918, o herdeiro único e universal era "a Santa Sé,
representada na Pessoa de Sua Santidade, o Papa". No segundo, de 7 de março de 1922,
que revogou o primeiro, foram beneficiados a Ordem dos Trapistas, a Ordem
Presmonstratense, a Santa Sé, a irmã do Padre Cícero e alguns de seus amigos e
procuradores pessoais, entre eles o conde belga Adolfo Van den Brule.
Alter-ego - O conde, personagem ainda obscuro
na história do padre, foi o seu testa-de-ferro em operações comerciais de vulto, entre
elas a que envolveu a disputa acirrada pela fazenda Coxá, rica em minérios. Machado
mostra, com documentos, que padre Cícero, assinando embaixo, se empenhou como pôde para
que a fazenda fosse vendida a investidores estrangeiros. Brule foi um dos testamenteiros.
O outro foi o que talvez tenha sido o maior alter-ego
do Padim: o médico, jornalista e político Floro Bartolomeu da Costa, riquíssimo
personagem dessa história, com biografia prometida pelo escritor Fernando Morais. Até
morrer, em 1924, dr. Floro teve a cega confiança do amigo, e por ele ou com ele também
se envolveu na política e em grande negócios.
A íntegra do terceiro testamento do padre Cícero -
que anulou os demais - está no site do Tribunal do Justiça do Estado do Ceará
(http://www.tj.ce.gov.br/mm_test_padre_cicero.htm). Segue, a título de exemplo e mantido
o texto original, a primeira das doze cláusulas: "Deixo para a Ordem dos Padres
Salesianos todas as terras que possúo nos sítios Logradouro, Salgadinho, Mochilla,
Carás, Pau-Secco que pertenceu ao velho Antonio Felix, neste Municipio; o sitio
Conceição na serra Araripe, Municipio do Crato, onde reside o empregado Casimiro; os
terrenos que possúo na serra Araripe e mais o sitio Brejinho ao sopé da mesma serra
Araripe no Municipio do mesmo nome; os predios e a Capella em construcção na serra do
Horto, com todas as suas bemfeitorias; o predio onde funcciona o açougue publico desta
cidade, sito á Avenida Doutor Floro, antiga Rua-Nova; os predios contiguos a casa de
residencia da religiosa Joanna Tertulina de Jesus, conhecida por Beata Mocinha, onde
tambem resido actualmente, sitos á rua São José; o sitio Faustino, sito no Municipio do
Crato; o sitio Paul tambem no Municipio do Crato, porem depois do fallecimento da antiga
proprietaria Dona Ermelinda Correia de Macedo, que ainda nelle reside, salvo se antes da
sua morte quizer de accordo com os Padres Salesianos ficar morando em outro logar; o sitio
Baixa Dantas, no Municipio do Crato; as fazendas Lettras, Caldeirão e Monte Alto, no
Municipio do Cabrobó, no Estado de Pernambuco, com todas as bemfeitorias e gados nellas
existentes; o quarteirão de predios, sitos á rua de São Pedro, os quais comprei ao
Doutor Floro Bartholomeu da Costa, nesta cidade, inclusive o predio em construcção na
mesma rua, contiguo a casa de morada e de negocio do meu amigo Damião Pereira da Silva; a
fazenda Juiz, sita no Municipio de Aurora que comprei aos Frades do Covento de São Bento
de Quixadá; o predio onde funcciona o Orphanato Jesus Maria e José, sito á rua São
José; o terreno contiguo a este mesmo predio; o predio em construcção junto a casa da
Beata Mocinha onde resido á mesma rua São José; o sitio Fernandes no Municipio do
Crato; o sitio Peripery, no pé da serra de São Pedro, no Municipio do mesmo nome, porem
depois da morte da sua então proprietaria Dona Maria Souto, salvo se esta de accordo com
os Padres Salesianos quizer morar em outro lugar; os sitios Santa Rosa e Tabóca, no
municipio do Crato; o sitio Rangel, sito no Municipio de Santa-Anna do Cariry, que comprei
a Dona Joanna de Araujo, e todas as propriedades com todas as suas bemfeitorias igualmente
a estas por mim citadas que possúo ou venha a possuir e que não constam deste
testamento, bem como todos os gados que possúo por toda parte e que não pertençam a
outras pessôas ou herdeiros estabelecidos nas clausulas deste testamento que ora faço,
repito, deixo para os Benemeritos Padres Salesianos.
Supplico aos mesmos Padres Salesianos que terminem a
construcção da Capella do Horto. Devo dizer para evitar conceitos inveridicos e
suspeitos em torno do meu nome que comecei a construil-a para cumprir um voto que eu e os
meus fallecidos collegas e amigos os Padres Manoel Felix de Moura, Francisco Rodrigues
Monteiro e Antonio Fernandes Tavora, então Vigario do Crato, fizemos. Esse voto fizemos
quando apavorados com resultados da secca de mil oitocentos e oitenta e nove (1889)
receiamos, aliás, com razão justificada que o ano de mil oitocentos e noventa (1890)
fosse tambem secco, com o povo desta terra ao Santissimo Coração de Jesus.
E como essa obra não pude terminar, muito a contra
gosto, é verdade, tão somente para não desobedecer ás ordens prohibitorias do meu
Diocesano, o então Bispo do Ceará, Dão Joaquim José Vieira, peço aos Benemeritos
Padres Salesianos que concluam esse templo de accordo com a planta que trouxe de Roma e a
miniatura em fôlha de flandre que deixo depositada em logar seguro. Deixo mais para os
Padres Salesiano, a Imagem em vulto grande do Senhor Morto que me veio de Lisbôa."
(L.M.C.)
"Tinha patrimônio, mas não tinha
caixa"
A duas quadras do Cartório Machado, em Juazeiro do
Norte, encontra-se o portentoso Memorial Padre Cícero, um dos três museus onde se
guardam suas relíquias. Há roupas que ele usava, paramentos com os quais celebrava,
maquinetas de fazer hóstias, uma fotografia de um pano ensanguentado dos tempos da beata
e, até, um estonteante faqueiro de prata, de 163 peças, comprado na França, pelo
médico Floro Bartolomeu da Costa, a pedido do Padim. Foi usado em banquetes, como lá se
informa.
O memorial é presidido pelo dentista Geraldo Menezes
Barbosa, de 78 anos, um dos raros ainda vivos a ter conhecido pessoalmente o padre. Era
menino, e filho do primeiro carteiro nomeado pelo próprio. O consultório onde ele atende
fica na Rua Padre Cícero. Toda essa quadra, enorme, era propriedade privada, como consta
no testamento. "Ele era desligado da fortuna que tinha", acha o dentista, um dos
que se impressionou com a revelação sobre a Diocese do Crato ter sido a maior herdeira.
"A diocese deve explicações, porque espezinhou
o padre Cícero", diz. Geraldo não dá muita importância ao trabalho da comissão.
"O importante é que 40 milhões de nordestinos acham que ele é santo - e não
interessa que ele seja ou não seja canonizado pela Igreja Católica."
Um pouco acima, na mesma rua, está a casa em que
morou a beata Maria de Araújo, e, um pouco adiante, a casa paroquial onde reside o padre
Murilo de Sá Barreto, de 71 anos, 45 deles em Juazeiro, 38 dos quais como pároco da
Igreja de Nossa Senhora das Dores, a mais importante nas missas freqüentes e nas três
grandes romarias anuais. O que interessa para o padre Murilo, mais do que a biografia do
patriarca, é o fenômeno concreto das romarias - "que o transformou no maior
referencial da igreja dos pobres". Integrante da comissão, acha que "a
reabilitação é de justiça".
Sem caixa - O professor universitário de
Biologia e jornalista Daniel Walker, juazeirense de 54 anos, estuda o padre Cícero desde
1969 e é seu devoto incondicional. Tem livros a respeito, e mantém, na internet, um site
com muita informação. Já leu pelo menos 250 livros entre os 300 em que se estima a
bibliografia relacionada - e é capaz de discorrer sobre cada um, de supetão.
"O padre Cícero era economicamente rico e
financeiramente pobre; tinha patrimônio, mas não tinha caixa", define Walker, mais
um dos que não faz questionamentos éticos sobre o acúmulo de tanta riqueza. Argumenta,
como os demais, que o patriarca acumulou fortuna e poder, mas deles não usufruiu
pessoalmente. E que tinha o objetivo maior de fazer caixa para a diocese que sonhava ver
criada em Juazeiro - que acabou ficando no Crato.
Também favorável a que a comissão abra as portas
para a reabilitação, Walker diz: "Dos candidatos brasileiros a santo, ele é o
único que tem uma dimensão nacional."
17 metros - O que mais impressiona, em
Juazeiro, é a monumental estátua do padre Cícero no chamado Horto, no alto da Serra do
Catolé, centro principal da peregrinação dos romeiros - administrado pelos padres
salesianos. São 8 metros de pedestal e 17 de Padim. Mesmo um dia comum, sem a multidão
das grandes romarias, o Horto é uma exibição ostensiva de miséria, mendicância
profissional, comércio ambulante agressivo e, também, muita fé.
É uma grande e bagunçada feira em torno do casarão
em que o padre, seus amigos e suas beatas ocuparam por longos anos. Abriga a capela, o
outro museu, e a residência dos dois padres salesianos que lá moram.
O padre José Venturelli, italiano de Verona, de 58
anos, é um dos dois que administra o Horto, em eterna encrenca com a prefeitura de
Juazeiro.
Venturelli e os demais salesianos ficaram aliviados
com a informação de que não foram os principais herdeiros - e sim a Diocese do Crato.
"Já sabíamos disso, pelos documentos internos, mas não achamos adequado
divulgar", diz o padre. Segundo ele, os documentos mostrariam que a diocese
"não foi tão mal como se pensa" ao repassar parte do patrimônio para
Juazeiro, como queria o padre Cícero.
A doação foi condicionada a que os salesianos
dessem continuação às obras de caridade que o doador iniciou - "obra
completa", como se lê no testamento.
Eles já tiveram, em Juazeiro, cursos noturnos de
profissionalização e trabalho pastoral com as crianças pobres. Hoje, estão reduzidos a
uma escola particular cara, à administração do Horto e do museu da Rua São José.
Também levantam fundos, com os romeiros, para a construção da nova e cinematográfica
igreja do Horto, em andamento, estimada, por Venturelli, em R$ 8 milhões. "Estamos
cumprindo o que o padre Cícero queria, talvez com um certo atraso", diz o padre.
Milionário - Há quem torça o nariz a tudo
isso. É o caso, por exemplo, de d. Newton Holanda Gurgel, bispo-auxiliar da Diocese do
Crato entre 1979 e 1994, e bispo titular entre 1994 e maio de 2001, quando foi
substituído por d. Fernando Panico. D. Newton respeita a romaria, mas está no campo
crítico em relação ao padre Cícero. "Há muito fanatismo e a verdade é que nunca
se quis a história real", diz.
Os elogios para o padre Cícero se restringem à
relação com os romeiros. D. Newton não acredita no milagre, critica o acúmulo de
riqueza e os negócios.
"O padre Cícero chegou no Juazeiro
missionário, tornou-se visionário e acabou milionário", diz. "Ele sabia
segurar o dinheirinho dele."
Ao contrário dos devotos que renegam todos os livros
contra o Padim - alguns violentísimos -, d. Newton tem predileção por alguns, que
coleciona. "A comissão tem a obrigação de enfrentar o estudo dessas obras",
diz. Citando uma frase que atribui ao bispo d. Tomás Balduíno, naquele mesmo alpendre,
d. Newton diz: "É melhor ficar como está, com a canonização popular; se forem
atrás da outra, vai sair muita coisa ruim."
Um dos livros que d. Newton considera relevante, para
o estudo da comissão, chama-se Joazeiro do Cariry, do padre Alencar Peixoto, publicado em
1913, e hoje disponível na biblioteca do memorial. Peixoto foi amicíssimo do padre
Cícero, diretor do primeiro jornal de Juazeiro e, ao que consta, sério aspirante a ser o
primeiro prefeito da cidade, em 1911.
O prefeito foi o próprio padre Cícero, como se
sabe. Dois anos depois, o livro foi publicado. É panfletarismo com ácido sulfúrico. O
suposto milagre é chamado de embuste. "Tramou-o ele nas trevas e nas trevas o
concertou com Maria de Araújo, sugestionada pelo espírito do mal. Concertou-o no sentido
de tornar-se bichaço, redimindo-se das misérias da pobreza que o traziam atropelado,
transmontado e corço", diz o castiço português do padre Peixoto.
"Esmolas choveram. Roncou, dentro em pouco,
esbordando em marulhos, um rio de dinheiro."
Autor de Eu Defendo o Padre Cícero, o padre Neri
Feitosa, de 77 anos, 50 deles como padre, é vigário paroquial de Canindé, a 200
quilômetros de Juazeiro. Defensor explícito do padroeiro de Juazeiro, e crente na tese
do milagre, padre Neri critica o acúmulo de riqueza. "O padre Cícero era muito
virtuoso em tudo, mas nisso eu não queria imitá-lo", diz, defendendo a posição de
que a comissão de estudos deve enfrentar essa questão. Neri espera, da Diocese do Crato,
explicações convincentes sobre a herança que recebeu do espólio. Já foi até lá,
fazer cobranças com o monsenhor João Bosco, vigário-geral.
"Ele prometeu me mostrar os documentos que
provariam que o dinheiro foi investido em Juazeiro, como mandou o padre Cícero, mas não
os encontrou", diz. "Eu quero saber, porque a diocese ocultou esse fato até de
seus próprios padres, o que é um absurdo."
Promessas - É interminavelmente polêmica,
além de fascinante, a discussão sobre o padre Cícero Romão Batista. Se prevalecer a
tese do padre Murilo - de que o que conta é a fé dos romeiros -, há de se voltar ao do
Museu do Horto, e ver, lá, milhares e milhares de promessas pagas, por graças
alcançadas. Há pedaços de madeira com órgãos do corpo humano, miniaturas de casas,
quepes militares, vestidos de noiva, troféus, medalhas e uma pafernália de fotografias e
ofertas de devotos e romeiros que acreditam nos milagres e transbordam de fé.
Dos últimos registros, há dois agradecimentos ao
Padim pela cura de câncer - um da devota Maria do Carmo Socorro Gomes, outro dos pais de
menina Izabela de Oliveira Passos. "Essa fé é tudo o que importa", diz o padre
Murilo. (L.M.C.)
Monsenhor contesta posições do Bispo
"Não se pode negar o que houve de
negativo na vida do Padre Cícero", diz o vigário-geral do Crato.
Documento interno da Diocese do Crato mostra que o
monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo, vigário-geral, formalizou oito divergências às
primeiras considerações formais da Comissão de Estudos sobre o Processo de
Reabilitação Histórico-Eclesial do Padre Cícero Romão Batista. As considerações, de
2 de fevereiro passado, são, embora preliminares, francamente favoráveis à abertura do
processo de reabilitação.
No primeiro documento que assinou, d. Fernando Panico
já afirma que "padre Cícero não participou de nenhuma fraude" e que "o
chamado milagre de Juazeiro não se constitui um obstáculo para a sua
reabilitação". Também o absolve em relação à atividade política, definindo-o
como um "homem conselheiro e virtuoso".
O documento da comissão relaciona as virtudes do
padre Cícero: devoção Mariana e ao Sagrado Coração de Jesus, amor e fidelidade à
Igreja, amor e assistência aos pobres, compaixão com os sofredores e pecadores, coragem,
paciência e resignação, espírito pacificador, esperança e confiança.
Negativo - Com a intenção de
"contribuir positivamente", monsenhor Esmeraldo fez a seguinte observação:
"Penso que podemos encontrar essas virtudes na vida do padre Cícero, mas sem negar o
que houve de negativo em sua vida, ou querer diminuir ou amenizar o que a história relata
de negativo." Ele também discorda de que o padre Cícero tenha sido "sempre
dócil à Igreja em todos os momentos", e de que tenha guardado "obsequioso
silêncio" sobre as punições que sofreu da hierarquia católica - afirmações do
bispo d. Fernando Panico na apresentação resumida dos considerações da comissão.
"Não é verdade", diz a carta de monsenhor
Esmeraldo, historiando os diversos momentos em que o padre Cícero lutou contra as
punições, às vezes recusando-se a cumpri-las. O monsenhor lembra a excomunhão, que
não foi aplicada, e entra em detalhes sobre a suspensão das ordens.
Há divergências, também, quanto aos aspectos do
padre Cícero político e participante da chamada revolução de 1913/1914, a que derrubou
o governador eleito do Ceará. Esmeraldo cita trechos de livros que enfatizam a atuação
política do agora candidato à reabilitação.
Nas considerações finais, o documento divergente
afirma que "uma figura histórica e muito polêmica como a do padre Cícero não pode
ser apresentada, sob o ponto de vista científico, como sem qualquer sombra de
imperfeição ou defeito". Esmeraldo considera, ainda, que "parece que tenham
exposto posições com certa superficialidade e pressa de conclusão, sem se atentar para
a totalidade do trabalho de pesquisa e de reflexão feito durante décadas por tantas
outras pessoas, acervo que está precisando de sínteses imparciais que sem
simplificações atentem para a complexidade da questão".
Para ele, segundo o documento, "a comissão tem
muito a percorrer, com maior profundidade, sobretudo quando se conhecer o arquivo completo
do Vaticano sobre o assunto".
Pedidos - D. Fernando é o quinto bispo do
Crato desde que a diocese foi criada, em 1914, e o primeiro a tomar uma medida concreta
para a possível reabilitação. Segundo o padre Neri Feitosa, a missão foi determinada
pelo Vaticano, por influência do cardeal Joseph Ratinger, prefeito da Santa Congregação
para a Doutrina de Fé. Ele cobrou a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pelos
inúmeros pedidos de reabilitação que se acumulam no Vaticano.
Pesou na balança, segundo o Estado apurou, a
influência do salesiano Valério Breda, bispo de Penedo (AL) bem relacionado com um
braço direito do cardeal Ratzinger, d. Bertoni Tarcísio. A indicação de d. Fernando -
substituindo o renitente d. Newton - estava vinculada ao cumprimento da missão. (L.M.C.)
O PADRE
Cícero Romão Batista nasceu no Crato
(CE), em 23 de março de 1844. Ordenado sacerdote em 1870, em seminário de Fortaleza,
mudou-se para o povoado de Juazeiro em abril de 1872. Saiu do anonimato a partir de 1.º
de março de 1889, quando houve o primeiro sangramento da beata Maria do Araújo, por ele
considerado milagre. O suposto fenômeno enfrentou forte reação da hierarquia católica
e levou o padre Cícero a ser afastado da suas ordens.
Entrou na política em 1911, como primeiro prefeito
indicado de Juazeiro. Em janeiro de 1912, foi eleito terceiro-vice-presidente do Ceará.
Deposto da prefeitura em 1913, reassumiu o cargo depois da vitória da chamada Sedição
de Juazeiro, em 1914, um movimento armado que depôs o governador cearense Franco Rabelo.
Foi prefeito até 1917. Em 1926 foi eleito deputado federal, mas não assumiu o cargo.
Morreu aos 90 anos, em 20 de julho de 1934. (L.M.C.) (© O Estado de S. Paulo) |