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 Dia do Maracatu passa sem festas

 

 

José Teles
teles@jc.com.br

A lei nº11.506, de 22 de dezembro de 1997, não podia ser mais sucinta. Institui o dia 1º de agosto como Dia Estadual do Maracatu e revoga as disposições em contrário. Porém, quando seu dia foi oficializado, o maracatu não carecia mais de leis para ser fortalecido. Desde final dos anos 80, que havia se afastado da decadência que o ameaçava. Bernadino José, diretor do Maracatu Nação Pernambuco, estima que existam hoje 35 maracatus nação, na Região Metropolitana do Recife: “Porém se a gente for incluir também os grupos de fantasia, este número chega a mais de 80”. Já o maracatu de baque solto, de trombone (ou orquestra) estes aumentam a cada dia, elevando-se a mais de uma centena. Se no relativamente recente 1976, questionava-se a participação dos maracatus rurais na passarela oficial do Carnaval do Recife, o caboclo-de-lança atualmente é um dos símbolos de Pernambuco.

No entanto, o Dia Estadual do Maracatu só não passará em branco porque haverá um cortejo de batuqueiros saindo do Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, no domingo, às 17 horas. Porém, a maioria das pessoas ligadas ao maracatu não tem idéia da importância do dia de hoje: “Eu não estou sabendo de nada não. Também a prefeitura às vezes faz umas programações aí e a gente nem fica sabendo”, quem diz isso é dona Lúcia, filha de criação da lendária Badia (falecida em 1991), a rainha do Pátio do Terço durante o Carnaval. À sua casa acorriam personalidades da política e da cultura pernambucana, enquanto os maracatu desfilavam no pátio em reverência a carnavalesca.

Bernadino José não é de falsa modéstia. Ele se orgulha de ter contribuído, com o Nação Pernambuco, para o renascimento do maracatu no estado: “Hoje podem-se ver grupos de maracatu em praticamente todos os Estados do Brasil, o Rio Maracatu, por exemplo, que virou uma referência no Sudeste”, comenta Bernadino, acrescentando que a volta por cima do maracatu começou com os ensaios que o grupo fazia no Eufrásio Barbosa nos domingos à tarde: “O mercado que a gente ampliou foi bom até para a música pop pernambucana, e agora com a escola Pernambucongo estamos expandindo o maracatu para o interior. Este ano, pela primeira vez, no Alto do Moura, teve batuque de maracatu no São João de Caruaru. Djalma Paes, na época presidente da Assembléia Legislativa, criador da lei 11.506, lamenta que o Dia do Maracatu não seja festejado: “Criei o dia para homenagear o mestre Luís de França, infelizmente ele foi esquecido”.

(© JC Online)


O batuque envenenado chega à Europa e aos EUA

Até o início da década de 90, maracatu era uma manifestação restrita quase que unicamente a Pernambuco e, mesmo assim, conhecida por poucos pernambucanos. A partir das turnês internacionais do Nação Pernambuco, de Chico Science & Nação Zumbi, seguida de alguns maracatus nação, ele foi se disseminando pelo exteriors.

Na Escócia existem hoje vários grupos de maracatu de baque virado. Um destes, o Bloco Vomit, era formado por um grupo de escoceses que veio passar o Carnaval em Olinda e na volta formou, em Glasgow, uma banda que misturava punk rock como baque virado das alfaias que importaram. Das montanhas escocesas para o concreto de Manhattan, coração de Nova Iorque. Lá já existe até escola de maracatu e um grupo relativamente conhecido, o The Nation Beat (que se apresentou no APR 2007).

Criação do percussionista Scott Kettner, o Nation Beat, já tem dois discos gravados, e conta na sua formação com um especialista em maracatu, o pernambucano Jorge Martins, ex-Cascabulho. Depois de ensinar percussão nos países nórdicos, Martins conheceu Scott Kettner e hoje participa também da Nation Beat. E não causará surpresa se surgir algum grupo de maracatu em Liverpool. A cidade dos Beatles conheceu no mês passado, o som das alfaias do Maracatudo Camaleão, de Olinda, que tocou também em Londres. (JT)

(© JC Online)

 

 

VÍDEO:
 

Chico Science & Nação Zumbi - Maracatu Atômico

 

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