Autor de diversos livros sobre guerras, ele faleceu aos
88 anos vítima de 'causas naturais'
Roberta Pennafort, do Estadão
RIO - O
jornalista e escritor Joel Silveira morreu na manhã desta quarta-feira, 15,
no Rio de Janeiro, aos 88 anos, "de causas naturais", segundo a família.
Sergipano radicado no Rio há exatos 70 anos, ele faleceu quando estava
dormindo em seu apartamento no bairro de Copacabana, onde morava com a
mulher, Iracema.
A filha
Elizabeth Silveira, que cuidava de Silveira, contou que ele tivera câncer de
próstata, mas não quis tratá-lo. "Estava cansado, dizia que preferia morrer
e que teria de ser em casa", contou Elizabeth, no início da tarde desta
quarta. "Cada dia que eu vinha ver meu pai, percebia que estava se
apagando. Ontem (terça-feira), tive a nítida sensação de que ele estava indo
embora", disse.
Joel Silveira
teve dois filhos, dois netos e dois bisnetos. Passou a vida lhes contando os
muitos episódios que viveu em mais de 60 anos de carreira, iniciada aos 18,
quando veio de Aracajú para o Rio. Histórias como as entrevistas que fez com
presidentes da República como Getúlio Vargas (15 dias antes do suicídio, em
1954) e a cobertura da campanha da Força Expedicionária Brasileira na
Itália, na 2.ª Guerra Mundial, durante nove longos meses (pelos Diários
Associados).
A saúde
estava debilitada desde o início do ano - ele andava somente com auxílio de
outras pessoas -, mas Joel se mantinha lúcido. O corpo será cremado na
quinta-feira no Crematório do Caju, no Rio, e não haverá velório, em
respeito ao desejo do próprio jornalista.
Carreira
Joel Silveira
nasceu em 23 de setembro de 1918 na cidade de Lagarto e mudou-se para o Rio
durante a juventude. Em seus mais de 60 anos de carreira, passou por
diversas publicações do País, como os jornais Estado de S. Paulo,
Última Hora e Correio da Manhã e a revista Manchete.
Entre suas reportagens mais famosas estão duas sobre a sociedade
paulistana, "Eram Assim os Grã-Finos em São Paulo" e "A Milésima Segunda
Noite da Avenida Paulista" - a última virou um livro, lançado pela Companhia
das Letras em 2003.
Silveira foi
também correspondente de guerra, contribuindo para o desenvolvimento, no
Brasil, do jornalismo internacional. Lançou um total de 40 livros, como Dias
de Luto (1985), 2.ª Guerra: Momentos Críticos (1995),
Memórias de Alegria (2001) e O Inverno da Guerra (2005).
Silveira se dizia um "tarado por notícias". E, se a informação estivesse em
um campo de batalhas, era para lá que ele queria ir, costumava dizer.
Joel Silveira
foi homenageado, este ano, durante o 2.º Congresso Internacional de
Jornalismo Investigativo, realizado em maio, pela Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo (Abraji). Antes disso, recebeu da Academia
Brasileira de Letras (ABL) o prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua
obra, além de diversas premiações, como o Jabuti e o Líbero Badaró.
(©
Agência Estado)
Memória
Morre o jornalista e
escritor Joel Silveira, 88
O jornalista e escritor Joel Silveira
morreu nesta quarta-feira, aos 88 anos, no Rio, vítima de câncer de
próstata. "Ele tinha um tumor há muitos anos e não quis fazer nenhum
tratamento", contou a filha do jornalista, Elisabeth, segundo o site do
jornal Folha de S. Paulo. A pedido de Silveira, não haverá
velório e o corpo será cremado.
Nascido em 1918 em Lagarto, Sergipe, Joel Silveira começou a trabalhar
como jornalista numa publicação local. Aos 19 anos, mudou-se para o Rio,
então capital federal. Dali, partiria para uma longa e destacada
carreira, escrevendo para publicações importantes de São Paulo e Rio,
como os Diários Associados, Última Hora, O Estado de S.
Paulo, Correio da Manhã e revista Manchete.
Jornalismo literário -
Mas os dois pontos altos da trajetória de Silveira talvez sejam a
cobertura da II Guerra Mundial ao lado da Força Expedicionária
Brasileira (FEB) e suas grandes reportagens, que estimularam o caminho
do chamado jornalismo literário no Brasil. As informações sobre o front
foram reaproveitadas mais tarde por diversos livros do autor.
Já o produto mais conhecido de suas
grandes reportagens em solo brasileiro é o texto Eram assim os
Grã-finos em São Paulo, em que o jornalista nordestino se
infiltra na elite paulistana para revelar-lhe os hábitos. O retrato,
sagaz e impiedoso, lhe valeu apelido de “a víbora”, emprestado pelo
empresário Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados. A história
virou livro.
Academia - Embora
tenha concorrido a uma vaga ao lados dos “imortais” da Academia
Brasileira de Letras, Joel Silveira era refratário aos ambientes como
aquele. Em 2001, decidiu concorrer à disputa da vaga aberta pela morte
de Jorge Amado. Mas afirmou ter tomado a decisão apenas para se antepor
à candidatura apresentada por Zélia Gattai – viúva de Amado. Zélia o
derrotou por 32 votos a quatro.
De qualquer maneira, no mesmo ano, a
ABL reconheceu a importância da obra literária de Silveira, concedendo
ao jornalista o prêmio Machado de Assis, pelo conjunto da obra. Em maio
deste ano, Silveira recebeu a última homenagem, da Associação Brasileira
de Jornalismo Investigativo (Abraji).
(©
VEJA)
|