Roberta Pennafort, do Estadão
RIO - Fundada na década de 50, a Nova Aguilar,
especializada em edições de luxo de clássicos da literatura mundial,
passa por nova fase. Em junho, a editora firmou acordo com a Nova
Fronteira, do grupo Ediouro, garantindo mais fôlego para seus
lançamentos. Até novembro, deverá colocar na praça a poesia completa
de Ferreira Gullar, cujos títulos estão sendo reunidos pela primeira
vez, além do segundo e último volume das comédias de Shakespeare
traduzidas. Outra boa notícia: os livros,
que custam entre R$ 100 e R$ 500, já podem ser comprados em sites na
internet (em grandes portais de compras e também na página da Nova
Fronteira), e melhor: parceladamente. Sebastião Lacerda, o
proprietário da editora, explica que a idéia é torná-los acessíveis
a um público maior do que os colecionadores habituais.
"Os nossos livros são mais caros porque têm muitas
páginas, mas valem quanto custam, já que têm biografia do autor e
textos críticos sobre sua obra", ressalva Lacerda. No caso de
Ferreira Gullar, está sendo preparado um volume alentado, de mais de
mil páginas. A organização é do acadêmico Antonio Carlos Secchin,
com colaboração do próprio poeta. Estarão no livro toda a poesia de
Gullar e uma parte de sua produção como crítico de arte, ensaísta e
dramaturgo - por isso, a edição é chamada de "poesia completa e
prosa", e não de "obra completa". "Quem é escritor e jornalista não
pode ter toda a obra reunida, senão fica um volume muito grande",
brinca Gullar.
Ele se diz honrado por ganhar uma edição da Nova
Aguilar - que tem como marcas a encadernação sempre caprichada, de
capa dura, o papel bíblia e a tipografia miúda. "É a única editora
que faz isso. Eu me sinto orgulhoso, porque é uma forma de
reconhecimento de uma obra, algo especial. Quando era garoto, jamais
imaginei que chegaria tão longe." A emoção é justificada: Gullar
passará a fazer parte de um catálogo de cerca de 60 autores, como
Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade
(três campeões de vendas), Machado de Assis, Euclides da Cunha,
Oscar Wilde, Dostoievski e Eça de Queiroz.
Sebastião Lacerda explica que a nova fase da
editora - que pertenceu a seu pai, o ex-governador do Rio Carlos
Lacerda - será marcada pela restauração do catálogo, reimpressão de
livros e melhoria de edições antigas. "Queremos fazer três projetos
por ano." Para 2008, está prevista a ampliação do volume dedicado a
Machado, por ocasião do centenário de sua morte (serão incluídos
contos que foram descobertos depois de 1959, quando a obra completa
foi editada).
Graças ao acordo com a Nova Fronteira, pelo qual
esta fica responsável pela comercialização dos títulos e a
administração financeira da Nova Aguilar (a coordenação editorial é
feita em parceria, conforme informou Lacerda), a editora "ganhou
musculatura". Em três anos, o grupo terá a opção de comprar a Nova
Aguilar.