José Teles
Congresso
nacional do futebol e do samba apresenta: Combat samba e se a gente
seqüestrasse o trem das 11? Este é o título completo da primeira coletânea
da Mundo Livre S/A, que teve um pré-lançamento no
projeto Terças Autorais, do UK Pub, em Boa Viagem, que aproveitou
para comemorar seus três anos. Quando se trata da Mundo Livre S/A, uma
coletânea não é apenas uma seleção das músicas mais conhecidas, para
preencher o intervalo entre um e outro disco de inéditas, como é normal
acontecer. Para armar o repertório, Fred Zeroquatro convidou o produtor
Carlos Eduardo Miranda, que não apenas produziu o CD de estréia da banda
como representou a Warner no ato de assinatura do contrato com gravadora, em
plena praia de Candeias, há 14 anos.
Combat samba,
naturalmente, tem a ver com o clássico Combat rock, do Clash, banda com a
qual Zeroquatro tem afinidades não apenas estéticas como ideológicas. Ele é
um dos poucos roqueiros do país comprometidos com causas políticas. O que o
leva constantemente a participar de eventos como o Forum Social Europeu,
evento que acontece em setembro, em Estocolmo, e no qual a Mundo Livre S/A
tem uma apresentação confirmada (com possibilidades de mais dois shows no
continente).
Lançado pela
Deck Disc, Combat samba contém 14 músicas, 13 delas pinçadas dos seis discos
da banda Uma é a inédita Estela (a fumaça do pajé Miti Subitxxi), uma das
letras mais estranhas e originais de Fred Zeroquatro (a melodia é assinada
por todos os integrantes do grupo). A música, gravada no estúdio Muzak, em
Casa Forte, com produção de Carlos Eduardo Miranda é uma alegoria sobre as
megacorporações e o poder que exercem sobre o planeta. Versa também sobre
biopirataria, denúncias de contrabando sangue de indígenas. Os personagens
ostentam nomes à altura do enredo da letra: Hy-un-dai/Cara Jaja, Makyn
Thochi, e ainda o Caciqqy Stardust.
O objetivo
inicial da coletânea era marcar a passagem de aniversário dos 20 anos da
Mundo Livre S/A, em 1995: “O título seria E se a gente seqüestrasse o trem
das 11?. Continuamos com ele como subtítulo para reforçar nossas vinculação
com o samba”, diz Zeroquatro. A coletânea acabou com outros fins: mostrar a
música da banda a uma geração que era criança no início do movimento mangue,
já que a maioria da sua discografia encontra-se fora de catálogo: “Existe
uma galera que tem preconceito contra a Mundo Livre S/A, acha que a música
da gente é difícil, viajada, como tem outra que só conhece Meu esquema.
Então fizemos uma seleção mostrando como a banda é multifacetada”, explica
Fred Zeroquatro.
A compilação
foi entregue à Miranda não apenas para evitar perda de tempo com discussão
entre os integrantes do grupo sobre qual faixa devia ou não seria incluída,
mas também para que a escolha fosse feita com isenção, por um alguém que
conhece a fundo não somente o repertório da Mundo Livre S/A, mas o mercado
do disco.