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Samba combativo da Mundo Livre

18/07/2008

 

 

 
José Teles

Congresso nacional do futebol e do samba apresenta: Combat samba e se a gente seqüestrasse o trem das 11? Este é o título completo da primeira coletânea da Mundo Livre S/A, que teve um pré-lançamento no projeto Terças Autorais, do UK Pub, em Boa Viagem, que aproveitou para comemorar seus três anos. Quando se trata da Mundo Livre S/A, uma coletânea não é apenas uma seleção das músicas mais conhecidas, para preencher o intervalo entre um e outro disco de inéditas, como é normal acontecer. Para armar o repertório, Fred Zeroquatro convidou o produtor Carlos Eduardo Miranda, que não apenas produziu o CD de estréia da banda como representou a Warner no ato de assinatura do contrato com gravadora, em plena praia de Candeias, há 14 anos.

Combat samba, naturalmente, tem a ver com o clássico Combat rock, do Clash, banda com a qual Zeroquatro tem afinidades não apenas estéticas como ideológicas. Ele é um dos poucos roqueiros do país comprometidos com causas políticas. O que o leva constantemente a participar de eventos como o Forum Social Europeu, evento que acontece em setembro, em Estocolmo, e no qual a Mundo Livre S/A tem uma apresentação confirmada (com possibilidades de mais dois shows no continente).

Lançado pela Deck Disc, Combat samba contém 14 músicas, 13 delas pinçadas dos seis discos da banda Uma é a inédita Estela (a fumaça do pajé Miti Subitxxi), uma das letras mais estranhas e originais de Fred Zeroquatro (a melodia é assinada por todos os integrantes do grupo). A música, gravada no estúdio Muzak, em Casa Forte, com produção de Carlos Eduardo Miranda é uma alegoria sobre as megacorporações e o poder que exercem sobre o planeta. Versa também sobre biopirataria, denúncias de contrabando sangue de indígenas. Os personagens ostentam nomes à altura do enredo da letra: Hy-un-dai/Cara Jaja, Makyn Thochi, e ainda o Caciqqy Stardust.

O objetivo inicial da coletânea era marcar a passagem de aniversário dos 20 anos da Mundo Livre S/A, em 1995: “O título seria E se a gente seqüestrasse o trem das 11?. Continuamos com ele como subtítulo para reforçar nossas vinculação com o samba”, diz Zeroquatro. A coletânea acabou com outros fins: mostrar a música da banda a uma geração que era criança no início do movimento mangue, já que a maioria da sua discografia encontra-se fora de catálogo: “Existe uma galera que tem preconceito contra a Mundo Livre S/A, acha que a música da gente é difícil, viajada, como tem outra que só conhece Meu esquema. Então fizemos uma seleção mostrando como a banda é multifacetada”, explica Fred Zeroquatro.

A compilação foi entregue à Miranda não apenas para evitar perda de tempo com discussão entre os integrantes do grupo sobre qual faixa devia ou não seria incluída, mas também para que a escolha fosse feita com isenção, por um alguém que conhece a fundo não somente o repertório da Mundo Livre S/A, mas o mercado do disco.

(© JC Online)

VÍDEO:

Mundo Livre S/A no Estúdio Showlivre

 

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