Escritor João Ubaldo Ribeiro vence o prêmio Camões 2008
27/07/2008
Fábio Motta/AE
Escritor venceu a 20.ª edição do Camões
Prêmio, que já foi recebido por 8 brasileiros, é mais
importante concedido a autores da língua portuguesa
Alessandra Saraiva, da Agência Estado
LISBOA - O escritor João Ubaldo Ribeiro, colunista do
jornal O Estado de S. Paulo, conquistou neste sábado,
26, o Prêmio Camões 2008, o mais importante concedido a autores da
língua portuguesa. Este ano o júri foi formado pela catedrática da
Faculdade de Letras da Universidade do Porto Maria de Fátima Marinho, o
escritor brasileiro Marco Lucchesi e pelo poeta e jornalista angolano
João Meio.
Na sua 20.ª edição, o júri optou por João Ubaldo, de
67 anos e o oitavo brasileiro a receber este prêmio, criado em
conjunto pelos governos de Portugal e Brasil, em 1988.
O Prêmio Camões 2007 foi outorgado ao escritor
português Antonio Lobo Antunes, que recebeu seu prêmio na última sexta
em cerimônia na qual esteve presente o presidente do Brasil, Luiz Inácio
Lula da Silva. Nesta oportunidade, Lula afirmou que este prêmio
fortalece as "manifestações literárias da rica e diversa cultura" dos
países Lusófonos.
Vida
O escritor João Ubaldo Ribeiro nasceu na Ilha de
Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941, filho primogênito de Maria
Felipa Osório Pimentel e Manoel de Ribeiro. Jornalista, autor de
clássicos como Viva o povo brasileiro, que já superou a marca
dos 120 mil exemplares vendidos, é integrante da Academia Brasileira de
Letras (ABL) desde 1993, escreveu 9 livros - traduzidos em 16 países - e
colaborou com outros.
Bacharel em Direito pela Universidade Federal da Bahia
(de 1959-62), jamais chegou a advogar. Foi professor da Escola de
Administração e da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da
Bahia e professor da Escola de Administração da Universidade Católica de
Salvador. Como jornalista, foi repórter, redator, chefe de reportagem e
colunista do Jornal da Bahia; colunista, editorialista e
editor-chefe da Tribuna da Bahia.
É colunista do jornal Frankfurter Rundschau,
na Alemanha; colaborador de diversos jornais e revistas no País e no
exterior, entre os quais, além dos citados, Diet Zeit
(Alemanha), The Times Literary Supplement (Inglaterra), O
Jornal (Portugal), Jornal de Letras (Portugal), Folha
de S. Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo,
A Tarde e outros.
Na literatura, João Ubaldo Ribeiro encontraria um de
seus nichos mais profícuos. A formação literária de João Ubaldo começou
ainda nos primeiros anos de estudante, tendo sido um dos jovens
escritores brasileiros que participaram do International Writing Program
da Universidade de Iowa, EUA. Escreveu seu primeiro livro, Setembro
não tem sentido, em 1968, mas ganharia destaque mesmo com a segunda
obra, Sargento Getúlio, de 1971, um marco entre os romances
modernos brasileiros.
Desde o final de 2007, o escritor está na editora
Objetiva, que relançou algumas das obras mais importantes do escritor,
como Sargento Getúlio e Viva o Povo Brasileiro.
Bibliografia
Setembro não tem sentido
- 1968
Sargento Getúlio - 1971
Vila Real - 1979
Viva o povo brasileiro
- 1984
O sorriso do lagarto -
1989
O feitiço da Ilha do Pavão
- 1997
A casa dos Budas ditosos
- 1999
Miséria e grandeza do amor de Benedita
(primeiro e-book lançado no Brasil) - 2000
Diário do Farol - 2002
Miséria e grandeza do amor de Benedita
(Dom Quixote - Portugal) - 2003
Diário do Farol -
coleção Grandes Autores de Língua Portuguesa - (Dom Quixote -
Portugal) - 2003
Rio - "Olha, eu acho que eu ganhei porque
eu mereço." Foi essa a frase usada pelo escritor brasileiro João Ubaldo
Ribeiro ao comentar sua vitória no Prêmio Camões 2008, anunciado hoje, em
Lisboa. Criado pelos governos do Brasil e de Portugal em 1988, o prêmio é o
mais importante da língua portuguesa.
João Ubaldo recebeu a notícia de sua
vitória por um interlocutor não usual: a secretária eletrônica. "Eu estava
passando por perto dela e ouvi a voz do meu amigo, (o escritor) Eduardo
Portela, acadêmico (da Academia Brasileira de Letras) e baiano, e era um
recado dizendo que eu tinha ganho o prêmio", disse, contando que tentou
chegar a tempo à secretária, mas o amigo já havia desligado.
Questionado sobre como se sentia ao ganhar,
o escritor foi honesto: "Para ser sincero, eu não acho nada demais. Eu acho
que eu ganhei porque eu mereço. Olha eu poderia dizer agora toda uma
hemorragia verbal, dizendo o quanto estou surpreendido por ter ganho, mas
não vou fazer isso. Mas eu ganhei porque eu mereci", disse.
Sobre o prêmio em dinheiro, de 100 mil
euros, o escritor comentou que a ajuda vai ser boa para complementar sua
"aposentadoria de R$ 1.200". "Mas que ninguém pense que eu fiquei
milionário", disse, entre risos.
Lisboa,
26 jul (Lusa) - O escritor João Ubaldo Ribeiro é o vencedor do Prêmio Camões
2008, a mais importante homenagem atribuída a autores de língua portuguesa.
João Ubaldo é oitavo escritor brasileiro a ser distinguido com o prêmio, que
na sua edição anterior foi para o português António Lobo Antunes.
O escritor baiano nasceu na ilha de Itaparica, em 23 de janeiro de 1941.
Entre seus livros mais famosos estão "Setembro não faz sentido", "Sargento
Getúlio", vencedor do Prêmio Jabuti em 1972, "Viva o povo brasileiro", "O
Sorriso do lagarto" e "A Casa dos Budas Ditosos".
O escritor viveu em Lisboa em 1981, com uma bolsa da Fundação Calouste
Gulbenkian, e ao longo da sua carreira recebeu vários prêmios e teve algumas
obras adaptadas para televisão.
Iniciou a sua vida profissional como jornalista no Jornal da Bahia, em 1957,
e no ano seguinte editou revistas e jornais culturais, tendo dado os
primeiros passos na literatura com a participação na antologia "Panorama do
Conto Baiano", organizada por Nelson de Araújo e Vasconcelos Maia, com
"Lugar e Circunstância".
O escritor foi também responsável pela adaptação cinematográfica do romance
de Jorge Amado "Tieta do Agreste", com a atriz brasileira Sônia Braga no
papel principal.
Histórico
João Ubaldo Ribeiro foi eleito por um júri formado por professores de
universidades brasileiras e portuguesas, além de dois escritores de Cabo
Verde.
Instituído pelos governos português e brasileiro em 1988, o prêmio
distingue, anualmente, um autor que, pelo conjunto da sua obra, tenha
contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da
língua portuguesa.
O escritor português Miguel Torga inaugurou em 1989, no primeiro ano da
atribuição do prêmio, a lista dos vencedores.
Desde então, foram distinguidos nove autores portugueses, sete brasileiros,
um moçambicano e dois angolanos. Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e
Guiné-Bissau não tiveram ainda nenhum autor premiado.