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Maracatu celebra seu bom momento

01/08/2008

 

 

 

Eugênia Bezerra
Milena Times

Pernambuco celebra 10 anos de Dia Estadual do Maracatu hoje. A data, instituída em dezembro de 1997, marca o nascimento do lendário Mestre Luiz de França do Maracatu Leão Coroado, eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Para comemorar a data, haverá um cortejo de maracatus, com concentração em frente à Prefeitura de Olinda, às 16h, além do Folclore na Vila 2008, organizado pelo Maracatu Nação Maracambuco.

Promovido pela Prefeitura de Olinda, junto com o grupo Cultural Maracatudo Camaleão e a Associação dos Maracatus de Olinda, o cortejo na cidade alta vai contar com o batuque dos grupos Leão Coroado, Estrela Brilhante de Igarassu, Porto Rico e Baque de Luanda. Já na sede do Maracambuco, localizada na Avenida Presidente Kenedy, 1228, a 7ª edição do Folclore na Vila trará apresentações dos grupos Capoeira Firenze, Balé Afro Raízes e Na Corda Bamba, às 18h.

Uma das mais antigas tradições da cultura popular do Estado, o maracatu também pode virar Patrimônio Imaterial Nacional. Depois do frevo e da Feira de Caruaru, a Fundarpe entregou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em março deste ano, a solicitação de inclusão de mais quatro manifestações: o cavalo-marinho, o caboclinho, o maracatu rural e o maracatu nação.

Sem prazo certo para a aprovação do título de registro, o maracatu vive o seu melhor momento. Nas décadas de 1950 e 1960, o maracatu nação obteve certa aceitação social, como componente da nossa tradição africana, reforçando o mito da democracia racial. O maracatu rural, por outro lado, era considerado uma descaracterização do modelo tradicional, chegando a ser a ser proibido de desfilar na passarela oficial no Carnaval de 1976. Se até os anos 80 não mais que sete grupos desfilavam, atualmente existem mais de 30 grupos de maracatus nação filiados à Federação Carnavalesca e pelo menos 20 disputaram o concurso de agremiações nos últimos anos.

O resgate do maracatu começou com o Balé Popular do Recife, que o estilizou e ó levou em seus espetáculos a vários países, e depois com o Maracatu Nação Pernambuco, incorporando integrantes da classe média. Valorizado pela mesma sociedade que o rejeitava, a visibilidade e o sucesso do maracatu é, em grande parte, resultado de seu resgate pelo movimento Mangue Beat, nos anos 90, tendo como principal lanceiro Chico Science com a Nação Zumbi. Quase equivalente ao frevo em termos de símbolo da nossa cultura, o maracatu ressuscitou e saiu do purismo da tradição, sendo abraçado por diversas vertentes.

Além dos mangueboys, artistas como o músico Siba Veloso e Mestre Salu, entre outros, fizeram o maracatu ser (re)conhecido pelo Brasil e chegar aos ouvidos de um público que, há poucos anos, não se imaginaria dançando um ritmo como esse.

O maracatu tornou-se influência para bandas de outros estados, como a Maracatu Vigna Vulgaris (CE) e para a formação de diversos grupos fora das fronteiras pernambucanas, como o Rio Maracatu (RJ), o Maracatu Lua Nova (MG) e o Bloco de Pedra (SP). Até em outros países já surgiram grupos formados por músicos que se encantaram com o som das alfaias, como é o caso do Maracatu New York e o Nation Beat (EUA) e Block Vomit (da Escócia).

O registro mais remoto sobre o maracatu data de 1711 e fala de uma apresentação artística que compreendia teatro, música e dança. Atualmente, o maracatu tradicional pode ser dividido em duas manifestações culturais diferentes, de acordo não apenas com o ritmo, mas também com a indumentária. O maracatu de baque virado ou maracatu nação tem origem nas congadas, manifestação permitida pelos senhores de escravos aos negros, que a elegiam seus reis e rainhas. Já o maracatu de baque solto ou rural, se distingue pela ausência do rei, sendo seu personagem mais emblemático o caboclo de lança.

(© JC Online)

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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