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IRB Um milhão de visitantes e dois novos Frans Post

11/09/2008

 

 


 

Ricardo Brennand apresenta ao público as recentes aquisições para a maior coleção de obras do pintor holandês

Paulo Sérgio Scarpa

O Instituto Ricardo Brennand (IRB), na Várzea, no Recife, comemora, hoje, seis anos de existência com a aquisição de mais duas telas de Frans Post (1612-1680), que retratou os anos do príncipe Maurício de Nassau em Pernambuco quando ele esteve à frente do Brasil Holandês. E as duas obras transformam o empresário Ricardo Brennand, 81 anos, no dono da maior coleção privada ou pública das obras do artista. Hoje, o IRB tem 20 Frans Post, dezoito em exposição permanente e dois na reserva técnica. Os novos quadros são conhecidos como Engenho (1661) e Paisagem de Várzea (da mesma época, mas não datado).

O fato, porém, provoca desabafo do empresário do ramo do cimento e da energia, admirador do patrimônio artístico que conseguiu reunir: “Estou pronto para morrer”. Mas ele mesmo se adianta para explicar o inesperado anúncio: “Por que eu preciso de mais? Recife tem agora vinte Frans Post. Não sei se é um motivo para se bater palmas, mas seria um motivo para eu me orgulhar. Mas como eu sou uma pessoa simples, não tenho orgulho do que faço. Nada fiz para mim, isso aqui é uma fundação. E a missão, agora, está encerrada”, diz.

E, em tom de desafio, Brennand ainda provoca: “Quantos são os que, ao longo de uma vida, puderam fazer uma fundação como essa? Ela não foi feita para o enriquecimento de uma família, nem de seus filhos e netos. Isso aqui enriquece é o Estado”, garante.

O IRB, porém, tem outros números para comemorar: já são mais de um milhão (1.010.000) de visitantes, entre eles 300 mil alunos de escolas municipais e estaduais e o anúncio de que a área construída do instituto poderá ganhar, nos próximos anos, mais terreno e novos edifícios, além do Castelo São João (exposição permanente de armas brancas, armaduras medievais e telas de pintores românticos) e da Pinacoteca (com quadros, tapeçarias e peças de madeira, cerâmica, cobre e uma biblioteca com livros raros e sobre período holandês), além de uma reserva técnica e galpão para a restauração e criação de peças. Segundo o historiador Leonardo Dantas Silva, que dá assessoria ao instituto, o IRB já está entre os dez museus mais visitados do País.

O IRB tem, também, dois novos quadros em exposição – Praça São Marcos e Entrada do grande canal com a Igreja de Santa Maria da Saúde –, obras do italiano Giovanni Antonio Caval, mais conhecido como El Canalleto (1697-1768), que pertencem a um genro americano do empresário e que permanecerão em exposição permanente.

O empresário não revela quanto custou os novos quadros de Post, nem o valor total do investimento até agora com a construção, compra de obras de arte e manutenção do IRB, que já tem 70 funcionários. “Está querendo saber demais”, desconversa, bem-humorado, quando questionado. Só revela que há dois anos persegue os dois quadros de Frans Post, o que o levou duas vezes à Holanda apenas para convencer os antigos proprietários. “Sou um colecionador contumaz, persigo o que desejo”, justifica, mas diz que dá também por concluída a sua perseguição por novos aquisições.

As duas telas de Post já pertenceram a um pernambucano, Joaquim de Souza Leão, o primeiro embaixador do Brasil na Holanda, que arrematou as obras por 400 mil marcos em 1933. Mas elas estiveram expostas apenas uma vez e no Rio de Janeiro. Uma curiosidade: desde o século 18, as duas telas caminham sempre juntas por terem praticamente o mesmo tamanho, conta Leonardo Dantas.

Ricardo Brennand dá seu recado final: o IRB precisa ser profissionalizado com um patrocínio forte para se transformar em padrão nacional. “Já estou conversando com instituições financeiras do Sudeste”, revela. “Profissionalizado, não sei se o IRB estaria como está ou mais desenvolvido e com mais investimento. Do jeito que está, sofre com os males de uma família”.

(© JC Online)

 


Instituto exibe a coleção de vidros raros de Janete Costa

Os seis anos do IRB serão comemorados, domingo, dia 14, às 18h, com uma programação especial: um concerto da Orquestra Sinfônica do Recife, aberto ao público, sob a regência de Osman Gioia. No programa, obras de Alberto Nepomuceno (Batuque) e Anton Dvorak (Sinfonia Novo Mundo).

As comemorações prosseguem dia dia 19, para convidados, e a partir do dia 20, para o público, com uma exposição com 107 peças da coleção particular da arquiteta Janete Costa, que luta contra um câncer. São 44 vidros de vários tamanhos e formatos usados pelas farmácias para guardar remédios e 63 peças decorativos em alabastro colorido. O valioso acervo foi entregue pela arquiteta, que integra o Conselho do IRB, a Ricardo Brennand há poucos meses. As peças ganharam um espaço reservado na Piacoteca e estarão expostas permanentemente. A mostra tem curadoria da arquiteta.

A montagem foi idealizada por Mário Santos e Roberta Borsói, que apontam a mostra como uma oportunidade para se conhecer uma parte da história do designer. Dia 19, às 18h30, o marchand e pesquisador Márcio Roiter faz palestra sobre o acervo de Janete Costa, colecionado desde a década de 70, “que privilegia o vidro e seu caráter efêmero e belo”.

(© JC Online)

VÍDEO:

Instituto Ricardo Brennand

 

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