Mundo Livre S/A
comemora 15 anos de Samba esquema noise encerrando o FIG. Cordel fez sua
festa de 10 anos na quarta
Eugênia Bezerra
ebezerra@jc.com.br
GARANHUNS – O
Festival de Inverno de Garanhuns chega à sua reta final e vai promover
amanhã um reencontro histórico no palco da Espalanada Guadalajara: numa
mesma noite, Mundo Livre S/A e Jorge Ben Jor vão estar dividindo o mesmo
palco, repetindo a dobradinha da primeira vez que os mangueboys se
apresentaram no FIG, justamente para mostrar Samba esquema noise, o primeiro
disco da banda, lançado há 15 anos. Naquela época, Ben Jor assistiu o show
pela TV e chegou ao palco momentos antes de sua apresentação.
Para o show
na Guadalajara, Fred Zeroquatro vai contar com participações especiais de
ex-integrantes da banda. Bactéria, nos teclados e guitarras, toca em duas
músicas – na homenagem ao cacique Chicão Xucuru, num desagravo contra a
condenação do primo Marquinhos Xucuru, e numa das primeiras composições da
Mundo Livre S/A e que virou um hit: a requebrande Bolo de ameixa. Também
subirá ao palco o ex-percussionista Otto, que trocou a Mundo Livre S/A pela
carreira solo. Ele cantará Livre iniciativa. Zeroquatro também chamou o
Maestro Forró, da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério montou um naipe de
metais com Parro e (sax) e Moacir Barbosa (trombone) e deve atacar em Meu
esquema e Melô das musas.
Será a
segunda noite comemorativa dos mangueboys no FIG. Ontem, a Nação Zumbi
também festejou os 15 anos do seu primeiro disco – Da lama ao caos, num show
que tinha as participações previstas também de Fred Zeroquatro e Otto, além
de Arnaldo Antunes, BNegão e Edgard Scandurra. A noite de hoje é dedicada ao
rap e suas vertentes, com shows de Faces do Subúrbio e O Rappa. A
programação começa com o rock de Os Valvulados e Andréa Amorim (ver matéria
na página 5).
Quem esteve
na Esplanada Guadalajara na noite de quarta-feira assistiu a mais uma
demonstração do poder quase hipnótico que uma apresentação do Cordel do Fogo
Encantado tem sobre o público da banda (mesmo que desta vez eles não tenham
lotado o local). Bastou o grupo ser anunciado para que as pessoas que
estavam espalhadas pela praça se concentrassem em frente ao palco. Dali em
diante, cantaram e recitaram cada verso das músicas junto com Lirinha.
O grupo de
Arcoverde mostrou músicas de várias fases da sua carreira, que completa dez
anos, sendo acompanhado pelos fãs desde as primeiras notas (cantando e
dançando, alguns com bandeiras de Pernambuco ou um candeeiro igual ao que
Lirinha usa em determinado momento do show). O vocalista já subiu ao palco
cantando Tempestade. Seguiram com sucessos como Pedrinha, Os oim do meu amor
– na qual Lirinha deixou a plateia cantar a clássica Cio da terra (de Chico
Buarque e Milton Nascimento) –, e Pedra e bala.
Nem uma queda
de energia elétrica que interrompeu o show por alguns instantes foi
suficiente para tirar a empolgação da plateia. Sem som, declamaram Ai se
sêsse com Lirinha, verso por verso, até que a energia fosse restabelecida e
a banda voltasse com Chover e algumas músicas novas. Lirinha aproveitou para
lembrar do início da banda. “Há dez anos tocamos aqui pela primeira vez. A
gente saía de Arcoverde para assistir aos shows aí onde estão vocês e uma
vez uma amiga disse que um dia viríamos tocar aqui”.