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Murais de Carybé ameaçados em NY ganham casa nova

03/08/2009

 

 

Carybé pinta os murais em aeroporto de Nova York na década de 60; trabalhos quase foram perdidos
 
Em seus quase 30 anos como carregador de bagagem no Aeroporto Internacional John F. Kennedy em Nova York, Darren Hoggard passava os dias mais tranquilos observando as cenas nas paredes do terminal da American Airlines.

Em uma parede, pioneiros com chapéus e rostos angulosos, cavalgando na direção da luz do sol do oeste, seguidos por carroças cobertas, tendo como fundo as planícies verdes e marrons. Em outra parede, dezenas de pessoas, fantasiadas de vermelho, azul e amarelo, dançavam e tocavam instrumentos em uma celebração caótica. "Se você ficar olhando por bastante tempo, é possível ir para casa e sonhar a respeito", disse Haggard, 49 anos.

E então, ao que parecia, as pinturas deixariam de existir, programadas para demolição em 2007 juntamente com o restante do terminal. A notícia atingiu tão duramente Hoggard a ponto de uma passageira lhe perguntar qual era o problema. "Eu estou apenas triste porque na próxima semana tudo isso poderá desaparecer", ele disse à mulher.

Coincidentemente, Beatrice Esteve, a tal passageira, conhecia o autor dos murais, o argentino naturalizado brasileiro Hector Julio Paride Bernabó, mais conhecido como Carybé. O artista visitava a casa de Beatrice quando ela era criança e bebia uísque com seu pai. Ela prometeu fazer o que pudesse para ajudar Hoggard. E fez. Desde o final de junho, os murais estão adornando as paredes do novo terminal sul do Aeroporto Internacional de Miami, depois de milhões de dólares de gastos no transporte e na restauração.

A longa viagem transcorreu desta forma: Após Beatrice conversar com Hoggard, ela telefonou para seu amigo Gilberto Sá, que também conheceu Carybé e sua família. Sá fazia parte do conselho diretor da construtora Odebrecht, que estava construindo os terminais do Aeroporto Internacional de Miami. Sá, por sua vez, contatou Gilberto Neves, que chefia a operação americana da Odebrecht, com sede em Miami. "Certifique-se de que não será simplesmente jogados no lixo", Neves lembrou de Sá ter dito.

A American Airlines não queria destruir os murais, mas Neves disse que a companhia aérea não conseguia encontrar um comprador devido à dificuldade de remoção das telas. Quando os trabalhadores tentaram remover os murais das paredes do terminal, as telas começaram a rasgar. "Nós achamos literalmente que apenas as enrolaríamos", disse Neves.

Mas os murais tinham valor. Carybé venceu um concurso da American Airlines nos anos 50 para pintá-los, superando vários artistas importantes da época. Ele recebeu US$ 60 mil por "Alegria e Festival das Américas" e "Descoberta e Colonização do Oeste". Ele morreu em 1997.

Para serem removidos os murais, as paredes tiveram que ser recortadas juntamente com eles. Portas tiveram que ser removidas para retirada das 12 placas do terminal, cada uma com cerca de 5 m X 2,5 m. Cada placa pesava três toneladas após ser reforçada com aço para apoio.

O processo de restauração artística também não foi fácil, e todo o procedimento custou à construtora mais de US$ 2 milhões, mais de dez vezes o que Neves estimou originalmente ao conselho, apesar de ele não gostar de discutir o assunto. "Para começar, como atribuir um preço à arte?", disse Neves.

Tradução: George El Khouri Andolfato

(© UOL)

 

 


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Veja fotos do painel de Carybé

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