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Luiz Caldas, pai da axé music, lança dez discos de uma só vez

22/09/2009

 

 

Fotos: Divulgação
Luiz Caldas
 
Ricardo Calazans

RIO - Luiz Caldas já deve ter sido amaldiçoado por muito metaleiro radical por conta de sua invenção mais conhecida e duradoura, a axé music. Mas o que diriam esses cabeludos xiitas diante da "Maldição" que está na página do cantor no MySpace ? "Bolas de fogo, maldades da imaginação!", brada Caldas, com uma voz gutural capaz de fazer qualquer roqueiro emo borrar a maquiagem.

- É o meu heavy metalzinho - explica, com simplicidade.

"Maldição", com seus riffs pesados e solo virtuosístico de guitarra, é uma das 130 (!!) músicas lançadas por Caldas este ano, dentro de seu plano de criar um catálogo musical pessoal e sem limites. Ele dividiu as tais 130 faixas em dez discos, cada um com estilo próprio. Caldas lançou álbuns de música instrumental, samba, forró, frevo, o indefectível axé, um todo cantado em tupi ("minha homenagem aos povos indígenas") e outro "super popular". MPB foi o único estilo que ganhou dois discos. O de rock, mais puxado para o hard rock setentista, foi batizado "Castelo de gelo".

- Sou mais conhecido pela axé music, que já vai fazer 25 anos, mas não tenho a menor necessidade de ficar preso a uma coisa só. Fica até chato - explica o cantor.

Ele tampouco diz que está querendo atirar para todos os lados em busca de atenção.

- Vou fazer 50 anos, não tenho essa frescura de ir atrás de 15 minutos de fama - desdenha. - Mas eu adoro esse tipo de susto que meu nome causa. Toquei axé no (programa do) Silvio Santos com uma camisa do (grupo de thrash metal) Kreator, os metaleiros não entenderam nada - ri o artista.

O cantor, que é multiinstrumentista, explica a sua nova proposta. Que de nova não tem nada.

- Eu estou é voltando às minhas origens. Dos 7 aos 16 anos eu me formei em bandas de baile, tocando desde Led Zeppelin e The Who a Wando e Agepê. Para mim não importa se é rock, jazz ou axé. Eu gosto de música e ponto - resume.

As novas músicas de Luiz Caldas estão à disposição do ouvinte em seu site, em "compra de músicas"), no que ele chama de "supermercado musical".

- Você passeia por lá, ouve um trechinho de cada música e coloca o que gostar no carrinho. Tenho vendido para o Brasil inteiro - conta o músico, por telefone, de Natal, onde se apresenou terça-feira, ao lado de Paulinho Boca de Cantor, ex-vocalista dos Novos Baianos, num show "entre o rock e a bossa nova".

Com a mesma naturalidade, ele percorre o circuito de axé no Carnaval, faz a rota do forró nas festas juninas, tem uma apresentação marcada para um festival de jazz na Praia do Forte, na Bahia, e pode fazer um concerto de violão clássico num teatro a qualquer momento.

- Tudo o que faço é verdadeiro. Ali foi tudo feito à vera, com baixo, guitarra, bateria e atitude - avisa o autor de "Mississipi", dos versos "Não tenho culpa nem cara de réu / Vá pro inferno que eu vou pro céu". Curto e grosso, como todo bom roqueiro.

(© O Globo)

 


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