Fotos: Divulgação
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Luiz Caldas
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Ricardo Calazans
RIO - Luiz Caldas já deve ter sido
amaldiçoado por muito metaleiro radical por conta de sua invenção mais
conhecida e duradoura, a axé music. Mas o que diriam esses cabeludos xiitas
diante da "Maldição" que está na página do cantor no MySpace ? "Bolas de
fogo, maldades da imaginação!", brada Caldas, com uma voz gutural capaz de
fazer qualquer roqueiro emo borrar a maquiagem.
- É o meu heavy metalzinho - explica, com
simplicidade.
"Maldição", com seus riffs pesados e solo
virtuosístico de guitarra, é uma das 130 (!!) músicas lançadas por Caldas
este ano, dentro de seu plano de criar um catálogo musical pessoal e sem
limites. Ele dividiu as tais 130 faixas em dez discos, cada um com estilo
próprio. Caldas lançou álbuns de música instrumental, samba, forró, frevo, o
indefectível axé, um todo cantado em tupi ("minha homenagem aos povos
indígenas") e outro "super popular". MPB foi o único estilo que ganhou dois
discos. O de rock, mais puxado para o hard rock setentista, foi batizado
"Castelo de gelo".
- Sou mais conhecido pela axé music, que já
vai fazer 25 anos, mas não tenho a menor necessidade de ficar preso a uma
coisa só. Fica até chato - explica o cantor.
Ele tampouco diz que está querendo atirar
para todos os lados em busca de atenção.
- Vou fazer 50 anos, não tenho essa
frescura de ir atrás de 15 minutos de fama - desdenha. - Mas eu adoro esse
tipo de susto que meu nome causa. Toquei axé no (programa do)
Silvio Santos com uma camisa do (grupo de thrash metal) Kreator, os
metaleiros não entenderam nada - ri o artista.
O cantor, que é multiinstrumentista,
explica a sua nova proposta. Que de nova não tem nada.
- Eu estou é voltando às minhas origens.
Dos 7 aos 16 anos eu me formei em bandas de baile, tocando desde Led
Zeppelin e The Who a Wando e Agepê. Para mim não importa se é rock, jazz ou
axé. Eu gosto de música e ponto - resume.
As novas músicas de Luiz Caldas estão à
disposição do ouvinte em seu site, em "compra de
músicas"), no que ele chama de "supermercado musical".
- Você passeia por lá, ouve um trechinho de
cada música e coloca o que gostar no carrinho. Tenho vendido para o Brasil
inteiro - conta o músico, por telefone, de Natal, onde se apresenou
terça-feira, ao lado de Paulinho Boca de Cantor, ex-vocalista dos Novos
Baianos, num show "entre o rock e a bossa nova".
Com a mesma naturalidade, ele percorre o
circuito de axé no Carnaval, faz a rota do forró nas festas juninas, tem uma
apresentação marcada para um festival de jazz na Praia do Forte, na Bahia, e
pode fazer um concerto de violão clássico num teatro a qualquer momento.
- Tudo o que faço é verdadeiro. Ali foi
tudo feito à vera, com baixo, guitarra, bateria e atitude - avisa o autor de
"Mississipi", dos versos "Não tenho culpa nem cara de réu / Vá pro inferno
que eu vou pro céu". Curto e grosso, como todo bom roqueiro.
(©
O Globo)
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