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17/08/2001

Dona Selma traz do mar a inspiração para novos cocos

Jangadeiro é o título do quarto disco da coquista de Olinda. Lançamento será hoje, com um show no Armazém 14

por JOSÉ TELES

  Dona Selma do Coco está de volta com sua risada e a rolinha, que se tornaram suas marcas registradas. A gargalhada está na abertura de Chamada para Dona Selma, primeira faixa do seu novo disco Jangadeiro, o quarto de uma carreira com mais de meio século, que será lançado hoje, no Armazém 14. Seu mais conhecido sucesso tem uma seqüencia com a Rolinha 2, que ela nega haver qualquer duplo sentido na letra: “Ninguém leva a mal nada, hoje em dia isso acabou. É rolinha mesmo. No interior é o passarinho que mais tem. Eu mesmo comprei um casal”.

   Já no título, o novo CD lembra mar. Metade dos 14 cocos fala de praia, jangada, mar, peixes, mas Selma do Coco diz que o seu não é coco de praia, mas coco de umbigada: “Só faço desse tipo ,não gosto de misturar, por isso também não gosto de cantar samba, outros ritmos”.

   Todos cocos desse álbum foram compostos por ela e o filho José Ferreira: “A gente inventa de cabeça, fica na sala cantando até acertar a música, a melodia”. Um dos cocos é mais uma adaptação de um tema conhecido Não erre cantor (“Cuidado, cantor, pra não dizer palavra errada”), ela sabe que isso já foi gravado antes: “Jackson do Pandeiro acho que gravou, mas isso é música do povo, não tem dono. Agora se aparecer um dono a gente acerta, mas também só aparece se a música fizer sucesso”.

   Dona Selma do Coco diz que nem lembra direito quando começou a cantar, nem de coquista que a tenha influenciado: “Aprendi coco vendo meu pai cantar. Ele cantava e eu ficava ali prestando atenção. Mas acho que já nasci com a idéia feita pra ser cantora. Hoje até que tá bom cantar. Antigamente não prestava, o coco era muito desprezado, e só se cantava uma vez por ano, nas festas”.

   Praticamente desconhecida do grande público até sua apresentação no Abril Pro Rock 98, Dona Selma do Coco, no entanto, já havia viajado ao exterior, em 85, 86 (ela não lembra o ano certo). Levada por um musicólogo, foi na Europa que gravar seu disco de estréia (inédito no Brasil). A participação no APR ela própria acha que foi fundamental para sua carreira: “Primeiro foi Chico Science que apareceu para conversar. A gente se encontrou e acabou encangado. Ele só vivia me encontrando para cantar coco e conversar. Depois veio o convite pro Abril, não vou dizer que não tive medo, porque não vou mentir. Fiquei, porque o Abril é aquele negócio de rock. Mas sei que a gente foi lá misturou e acabou o pessoal gostando”.

   Aos 66 anos, Dona Selma conhece Europa, França e Bahia. Da Alemanha, onde passou dois meses gravando, só lembra que fazia muito frio. Do exterior, ela revela ter gostado mesmo de Paris, mas não pelos monumentos ou outros atrativos tão decantados: “Gostei muito de Paris porque lá é mais quente do que Alemanha, e também porque o povo é bem mais animado, assim como o pernambucano”. (Jornal do Commercio)


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