24/08/2001

Hermeto Pascoal: o som do Mestre

REENCONTRO - Hermeto Pascoal retorna a Salvador, após três anos, e mostra valsa inédita composta para Jorge Amado

Luís Lasserre

   Segundo seus cálculos, são quase três anos sem tocar em Salvador. Mas, neste final de semana, o reencontro dá-se em grande estilo: o “bruxo” Hermeto Pascoal faz temporada de quatro shows (a estréia foi ontem à noite), mostrando aos baianos, pela primeira vez, o repertório do último disco, Eu e Eles. Como novidade, promete mostrar uma valsa inédita, composta para Jorge Amado.

  “Sempre fui um grande admirador da obra dele, que também gostava da minha música”, explica Hermeto, que revela ter incluído em sua composição até um trecho da trilha musical da novela Gabriela, como forma de reverenciar a obra do escritor baiano.

  Nascido em Lagoa da Canoa, nos confins de Alagoas, em 1936, Hermeto Pascoal, através de sua musicalidade sem precedentes (multiinstrumentista assombroso e um compositor inigualável), tornou-se mundialmente conhecido. Filho e irmão de sanfoneiros, foi morar em Recife, em 1950, onde fez fama tocando em conjuntos regionais de rádios locais. Porém, foi a partir dos anos 60, quando chegou a São Paulo, que o albino ganhou projeção nacional, principalmente à frente do Quarteto Novo, ao lado de Airto Moreira, Téo de Barros e Heraldo do Monte.

  De lá para cá, não há um grande festival de jazz do planeta que não se tenha rendido ao talento dele, o que não desfez em Hermeto a aura de um homem simples, atencioso com o público e dono de uma inventividade que transforma chaleiras, brinquedos de plástico e até animais em fontes de boa música.

  Atualmente às voltas com o lançamento de um disco de forró - gravado em Pernambuco com a participação de Alceu Valença -, ele se apresenta em Salvador acompanhado de instrumentistas de primeira linha: Itiberê (contrabaixo), André Marques (piano), Márcio Bahia (bateria), Vinícius Dorim (sopros) e o filho Fábio Pascoal (percussão).

  Para quem ainda não viu um show de Hermeto, tudo que se fale é pouco. Só mesmo diante de sua música é possível dimensionar o quanto este nordestino nasceu predestinado a encantar platéias. (A TARDE)

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