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Um festival ecologicamente correto

18/10/2002

 

Serra Negra, em Bezerros, recebe Gilberto Gil, Silvério Pessoa, Dominguinhos, Yamandú Costa, grupos de dança e de poesia para mostrar sua beleza

JOSÉ TELES

   Reza a lenda que, na época da escravidão, duas negras fugitivas, esconderam-se dos capitães-do-mato nas serras que circundam a cidade de Bezerros (a 116 km do Recife). Viria daí a origem do nome da Serra Negra, jardim ecológico que será palco, amanhã e domingo, de um festival que reúne poesia, artes plásticas, dança e música.

   Produzido pela Allegro Produções e e B52, viabilizado pela lei estadual de incentivo à cultura, com patrocínios de empresas privadas, a exemplo da BCP, o Festival Serra Negra terá atrações variadas. Um grupo de atores apresentará um recital poético baseado em letras da MPB, Gilberto Gil fará um show especial, com ênfase para a ecologia, os dançarinos do Majê Molê aproveitarão as grutas da serra para exercitarem uma coreografia primitiva. Todos os eventos ocorrem durante o dia, encerrando-se no final da tarde, para aproveitar a beleza do pôr do sol no local.

   A finalidade principal do evento é unir o patrimônio natural ecológico do Estado ao seu patrimônio cultural. A produção enfatiza o cuidado preservar o local, inclusive sugerindo que se deixem os automóveis em Bezerros, e utilizem-se as conduções que levam o visitante até a serra, a 9 km de distância, por apenas R$ 1.

   A Serra Negra já oferece uma infra-estrutura satisfatória mesmo que somente agora comece a ser explorada. Para os shows, dispõe de um anfiteatro de grandes dimensões e um mirante. As grutas naturais serão também utilizadas. O artista plástico e cordelista J. Borges assina as placas de sinalização que orientam o turista na serra.

   Os visitantes poderão alimentar-se na própria vila existente na serra, onde também foi instalada uma praça de alimentação. No caso das pessoas que pernoitarão para assistir aos shows do domingo, não faltarão opções. Eles poderão se hospedar em Bezerros ou nas vizinhas Gravatá ou Caruaru (ambas vistas do alto da Serra Negra), distante pouco mais e 15 minutos de carro.

   ATRAÇÕES –Gilberto Gil havia dado uma parada na sua turnê com canções de Bob Marley. Ele interrompeu as férias para participar do evento com um show especial. O violonista Cláudio Almeida remontou o grupo Ororubá e fará com Yamandú Costa e Sa Gramma a parte instrumentral do festival. Sendo uma festa pernambucana não poderia faltar forró. Para isso foram escalados Silvério Pessoa, Dominguinhos e Josildo Sá. Outras manifestações do Estado serão mostradas por Abissal, pelo Daruê Malungo e Akindelê. Ao todo serão 14 atrações, com apresentações curtas, nos três pólos: mirante, anfiteatro e caverna do Vino.

   Haverá ainda uma instalação assinada por Paulo Bruscky, Flávio Emanoel e José Carlos Vianna, intitulada I Mostra do Imaginário. E o mestre de cerimônia será mamulengo Tiridá, criação de Fernando Augusto, também responsável pelo cenário e figurino do grupo de poesia, formado pelos atores Jones Melo, Luciano Pontes, Romero Andrade e Sílvio Pinto.

   A ecologia será o leit motiv do festival. Guias ecológicos vão levar visitantes para desfrutar das belezas da Serra Negra e Prefeitura de Bezerros elaborou uma extensa programação voltada ao ecoturismo. Tanto os produtores do evento quanto os orgãos municipais pretendem incrementar o ecoturismo permanente na Serra Negra, e não devem ficar apenas nesse festival: os produtores garante que ele deverá acontecer anualmente.

   A produção estima que oito mil pessoas compareçam ao festival (que é gratuito), mas trabalham com a hipótese de que apareça muito mais gente, pela proximidade com Caruaru, Gravatá e outras cidades do Agreste.

(© Jornal do Commercio)

Com relação a este tema, saiba mais (arquivo NordesteWeb)


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