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02/10/2001 Igreja vai rever processo de beatificação de padre Cícero
Assessor da CNBB confirma que o Vaticano está reabrindo investigações CARMEN POMPEUEspecial para o Estado FORTALEZA - O processo, iniciado há um século, que condenou padre Cícero por falsos milagres vai ser revisado pela Igreja Católica. O Vaticano decidiu reabrir a investigação sobre o padre que, para os nordestinos, há muito é cultuado como santo. "A expectativa é de que a beatificação dele ocorra ainda durante o período de papado de João Paulo II", informou o assessor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil no Ceará (CNBB-CE), Gilson Soares. De acordo com o assessor, já existe, no Crato, a 542 quilômetros de Fortaleza, uma equipe de historiadores encarregada de pesquisar a fundo a vida de padre Cícero. Este ano, Cícero Romão Batista foi eleito o Cearense do Século. Ele nasceu em 24 de março de 1844. Em 1871 celebrou a primeira missa em Juazeiro do Norte. No ano seguinte fixou residência em Juazeiro, onde se tornou o primeiro prefeito. Em março de 1889 aconteceu o milagre da hóstia com sangue através da beata Maria de Araújo. Excomunhão - Maria de Araújo era uma artesã que vivia em Juazeiro do Norte. Dominada por uma fé intensa, tornara-se beata. Conta-se que ela tinha transes tão agudos "a ponto de minar sangue de sua língua". Ela deixava avermelhada cada hóstia que o padre Cícero lhe colocava na boca. O fato ocorreu pela primeira vez na manhã de seis de março de 1889 e, a partir daí, se repetiu por várias vezes. A Igreja Católica resolveu suspender os votos de padre Cícero. E mais, chegou a ameaçá-lo de excomunhão por ele ter propagado aquele fato como um milagre. Mesmo assim, padre Cícero tornou-se uma celebridade. Alguns biógrafos destacam que o padre era capaz de passar até 14 horas seguidas sentado no confessionário. Ali, ouvia e orientava todos os que buscavam o consolo de sua absolvição e de seus conselhos. (© O Estado de S. Paulo)
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